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Sofia,

Todos haviam mergulhado em um silêncio tremendo. Até mesmo minha tia, sentada ao meu lado, permanecia com as mãos firmes em seu terço desgastado, no entanto firme em suas orações. O Mark e a Angel, permaneciam ao lado do Liam na antessala, enquanto a Kate havia decidido por respeito à família, ficar do lado de fora.

Quando o médico saiu com o diagnóstico, dizendo que fortes emoções podem sim afetar o coração, a Angel não se conteve. Saiu se culpando, aos prantos, e não ficou para ouvir quando ele explicava que estresse emocional só é perigoso para quem já teve doenças cardíacas ou está em grupos de risco, como obesos, diabéticos e hipertensos. "Minha sogra" estava hipertensa há meses, mas não contava à ninguém da família a não ser sua amiga de anos, minha tia.

─ Sim! Estava a par da situação. ─ Minha tia parecia estar arrependida por não ter contado aos filhos antes. Mas informara também que eram ordens da própria Senhora D'Angelis.

Então era isso. Ela ficaria alguns dias em observação. Faria todos os exames necessários, e a maior recomendação era que...

─ De agora em diante, evitem qualquer tipo de contrariedade. Pelo menos por algum tempo. ─ E virando as costas, o médico, um senhor de idade, deixou a família novamente, em total silêncio.

Ninguém poderia ficar de acompanhante, uma vez que agora estava em uma unidade de tratamento intensivo. Mais tarde voltaríamos.

Quando chegamos à porta da casa, Angel e Kate estavam com as malas prontas. Aguardando os irmãos.

─ Aonde vão? ─ O Mark quis saber abraçando a irmã, vermelha de chorar. Eu sempre ouvia falar em arrependimento, mas nunca o tinha visto tão de perto. O Liam não estava disposto a falar com ninguém e eu agradecia por saber que tudo e qualquer coisa que alguém dissesse, seria motivo de discussão entre eles, mesmo sabendo que seu silêncio devia ser preocupante, parecia estar em choque.

─ Não se preocupe querido, não deixaremos a cidade, mas, não posso ficar aqui depois de tudo o que aconteceu. ─ Ela beijou o rosto do irmão. ─ Estaremos em um hotel. Nos falaremos por mensagens e telefone.

─ Tem certeza que está bem? ─ Eles eram carinhosos entre si. E isso era bom.

Ela tentou se despedir do Liam, mas ele permaneceu imóvel. Ouviu o pedido de desculpa da irmã, mas não se virou. Será que a culpava? Em meu entendimento ninguém era culpado, a não ser a própria Catarina que havia ocultado seu estado de saúde. Depois de ver o carro da irmã se afastar, o Liam entrou e foi até o barzinho da casa e se serviu. O Mark ainda ficou alguns minutos na varanda e depois pareceu desorientado.

─ Talvez eu precise fazer o mesmo, Sofia.

─ Como assim? Sair de casa? ─  Fui ao seu encontro. ─Justo agora? ─Essa foi à parte que o Liam ouviu e veio como um animal acuado.

─ Então agora todos irão me abandonar com a mamãe nesse estado? Pensei que tivessem mais consideração por tudo o que fez por nós, e se sacrificou.

─ Não foi isso que eu disse. ─ O Mark estava pronto para responder o irmão na mesma altura. ─ Estarei por perto, caso precisem.

─ Mas é claro que iremos precisar. Será que alguém aqui pensou caso ela volte e precise de cuidados especiais? Não temos como pagar uma enfermeira. Teremos que revezar. Eu sozinho, com a Lana gravida não conseguirei. ─ E nesse momento ele sentou-se na escadaria e chorou como uma criança. Eu podia sentir sua dor e seu medo. Vi por diversas vezes uma tentativa do Mark de se abaixar perto dele, mas por fim, desistiu.

Todos os caminhos me levam até você!Onde histórias criam vida. Descubra agora