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Any Gabrielly

Um mês.

Um mês exatos em que cheguei na Califórnia e ainda não fiz amigos. E eu sentia falta do Brasil, dos meus amigos que tinha lá. Especialmente da Raíssa.

Mas por que tinha que ser em um lugar tão longe?

Mas não posso ser egoísta com a minha mãe. A mesma teve que se mudar para cá por causa do seu emprego. Advocacia sempre fora seu maior sonho e agora ela terá a melhor oportunidade de aproveitá-lo.

Argh.

Amanhã eu começo a ir pro colégio e sinto que posso ter uma crise de ansiedade a qualquer momento. Começo a praticar a respiração mantendo a calma.

Tento afastar os possíveis pensamentos negativos. Torcendo pra que meu inglês saía fluente para não ter que pagar mico logo de cara.

Aperto a trança que eu fazia no cabelo da minha irmã sem perceber, e fazendo-a soltar um grunhido de dor. Pondo a mão no seu couro cabeludo.

— Ai me desculpa, Belinha. — falo sentindo-me mal, e termino o seu 'dread'.

— Ei, cuidado. Mas está tudo bem? — pergunto e sua voz soa preocupada.

Às vezes me pergunto se ela tem mesmo apenas oito anos já que é tão madura e prestativa.

— Oh, não se preocupe, Bells. Estou apenas ansiosa pelo primeiro dia de aula. — confesso e dou um beijo estalado no topo da sua cabeça.

Tiro-a de cima do balcão e a mesma se senta em um banquinho alto do mesmo.

— Oh é apenas isso? Any você é ótima. Vai se sair muito bem. — ela diz positiva e sorrio.

— Espero que sim mana. E aí está com fome? — questiono abrindo as portas do armário à procura de algo para comer.

-— Sim. Any podemos lanchar naquela lanchonete que vimos outro dia? Por favorzinho. — ela pede fazendo beicinho, e eu rio da sua fofura assentindo em sinal positivo, e ela bate palminhas em comemoração.

-—  Tudo bem, se arruma e eu vou fazer o mesmo.

[...]

Já estava pronta, na verdade me arrumo bem rápido o que demora mais é meu cabelo. Estava com um cropped branco peluda de mangas longas, calça jeans surrada nos joelhos, tênis branco e minha gargantilha preta com um coração de cor prata no meio. Nas costas eu carregava uma mochila kipling preta com estampas de unicórnios o que a deixa bem fofa: com dinheiro, celular, fones, molho de chaves e coisas aleatórias. Agora estou a caminho da lanchonete que tanto a Belinha fez menção em ir. Ela não parava de cantar - berrar - músicas latinas e eu como uma boa irmã apenas ria.

Chegamos na tal lanchonete e minha irmã puxa minha mão exasperada correndo até a mesa.

Logo um garçom alto, moreno e bonito vem até nós, com um belo sorriso o qual eu retribuo de bom grado.

—  Boa tarde, senhoritas. Receio que sejam novas no Luke's Coffe, então faço as honras de dá-lhes as boas vindas. — ele diz ainda sorrindo, e não deixo de sorrir também. — Me chamo Louis. E então qual os vossos pedidos?

—  Eu sou a Any, e essa é a minha irmã Isabelli, aliás muito obrigada. E iremos querer uma porção grande de batatas fritas, uma pepsi e um café por favor.

Ele dá um último sorriso depois de anotar os pedidos em seu iPad e sair.

Dou uma boa checada no local e me parece realmente bem agradável. Era uma mistura do moderno, rústico e sofisticado. Muito bem decorado. E uma ótima iluminação que realça o ambiente.

— Belinha, você continua treinando o inglês como eu te indiquei? — questiono e volto a prestar atenção nela.

Ela solta um longo suspiro e me encara tediosa.

— Sim, tenho treinado todos os dias. Como você me ensinou. — ela responde em inglês e eu sorrio.

 — Meus parabéns, está quase uma verdadeira estrangeira.

Ela pisca marota e sorrir.

O Louis volta com nossos pedidos e até coisas a mais. Encaro-o confusa e ele coloca tudo em cima da mesa, nos servindo.

Ele então percebe minha feição e rir pelo nariz.

 — Os donuts e milkshakes é por conta da casa em especial de boas vindas. — ele pisca e saí dali.

Começo a comer junto com Belinha que tinha os olhos brilhando. Quando estou terminando meu café, escuto o meu celular tocar pego-o e digo a Belinha para ela permanecer no lugar porque iria atender do lado de fora.

Vejo que é minha mãe e deslizo o dedo na tela atendendo.

Alô?

Onde você está, Any?

Seu tom de voz estava completamente exausto. E o seu suspiro no final da pergunta, só deixa isso mais claro.

Ah, oi mãe. A Belinha ficou com fome e viemos comer naquela lanchonete.

Ok. Só liguei pra saber se estava tudo bem, e se já tinham almoçado. Ah! e filha infelizmente terei que chegar um pouco mais tarde no jantar. Então não me esperem, recebi novos casos complicados hoje e o escritório está tudo um caos.

Não se preocupe, eu cuido da Belinha. Boa sorte, te amo.

Também te amo, meu amor. Se cuide.

Encerro a chamada e quando me viro pra entrar novamente estabelecimento, esbarro em alguém fazendo meu celular voar da minha mão e cair no chão.

 — Mas que merda...? — me abaixo com o coração na mão, rezando em todos os idiomas que conseguir lembrar para que não tivesse quebrado.

Seria o terceiro celular somente esse ano e olha que estamos em junho.

Suspiro aliviada quando não vejo nenhum arranhão, obrigada Céus e película.

— Por Deus! Qual a porra do seu problema? — exclamo para o ser que esbarrou em mim.

— Mas o que? Porra eu não te vi, ok? — rebate no mesmo tom.

Que abusado.

— Seja mais prestativo então. —  respondo mantendo-me calma.

Levanto a cabeça para enfim encarar a pessoa e quase caiu pra trás, literalmente.

Caralhinho! O que essa obra-prima faz fora do museu?

Nossos olhares se cruzam, nos conectando por segundos. Me deixando presa no seu oceano particular dentro do olho dele. Ficamos nos encarando por demasiado tempo até que surge outro garoto provavelmente amigo do idiota que esbarrou em mim, eu fico completamente envergonhada e entro depressa na lanchonete, ignorando os olhares curiosos. E ando em passos apressados até minha mesa onde encontro uma Isabelli confusa porque provavelmente presenciou a cena já que ambas janelas e porta do local são de vidro.

— Nem fale nada. — murmuro para a minha irmã que segurava o riso.

Pego o milkshake que restava e como um donuts tentando assimilar o que aconteceu a minutos atrás.

Que garoto maluco.

ECLIPSE ❝beauany❞Onde histórias criam vida. Descubra agora