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Any Gabrielly 

Ontem foi simplesmente incrível. Posso falar? Um dos melhores dias que tive aqui em Los Angeles. Mas voltando a realidade, estou terminando de tomar café da manhã pra escovar os dentes e ir pro colégio.

Assim que estou completamente pronta, entro no carro da minha mãe com Belinha. E no caminho a dona Priscila, minha mãe, não parava de falar de como o Josh seria um ótimo genro. De como ficamos bem "juntos".

Agradeço internamente aos Céus quando avisto o colégio e mal espero minha querida mãe estacionar e me despeço rapidamente das duas no carro e corro em direção ao colégio.

Mas quando chego no portão ainda a ouço gritar de dentro do carro que nós, no caso Josh e eu, ainda vamos ficar juntos. Felizmente ela disse em português e aqui ninguém entende.

Às vezes minha mãe não tem senso do ridículo, eu a amo mas ela tem cada paranoia que meu Deus. Me encaminho até meu armário pegando meu livro de filosofia que usarei na primeira aula e colocando outros dentro do armário.

— Any! — gritou alguém atrás de mim, me fazendo bater a cabeça na portinha do armário devido o susto.

— Oh merda! — exclamo irritada. — Qual o seu problema, Joshua?

Falo com a mão na testa, enquanto o loiro se curvava de tanto rir.

— Isso foi... hilário! — ele diz entre risos.

— Idiota. — falo e fecho a pequena porta de ferro com força, seguindo para minha aula.

O mesmo me segue ainda rindo, e eu fecho a cara, evidentemente irritada. Apertando o livro em meu braço com o fichário com mais força contra meu peito. Ignorando-o.

— Do que você ainda está rindo babaca? — pergunto com raiva, parando no meio do corredor o encarando.

— Isso foi muito engraçado. E sua cara brava também está engraçada.

— Vai se foder. — respondo.

Me viro para voltar a seguir mas ele me para. Eu porém não o olho. Apenas fitava o bebedouro atrás de si vazio.

— Desculpa, linda. — ele pede e eu paraliso com o que ele me chamara, mas ainda sim continuo sem encará-lo.

Surto interno? Confere.

Ele coloca delicadamente em meu rosto, me fazendo olhá-lo. Agora ele estava sério. O que o deixa bem fofo.

— Desculpa Any. Você se sente bem? — ele pergunta me encarando profundamente com seus olhos de oceano.

— Sim, não se preocupe. — falo com um meio sorriso.

— Sua testa ficou vermelha. — ele diz respirando triste.

— Sério? Ah, não dói mais. — disse, sorrindo sincera.

Ele percebe minha sinceridade, e solta um suspiro aliviado.

O mesmo se aproxima com um sorriso e beija suavemente minha testa no local onde ficou machucado. E me abraça, eu retribuo o abraçando apenas com braço já que o outro estava o livro e fichário. Ele pelo contrário me envolve com seus braços e eu sorrio. Ele tem definitivamente o melhor abraço de todos.

Desfazemos o abraço, mas não totalmente já que ele permaneceu com o braço envolvendo meu pescoço, e eu com meu braço desocupado em sua cintura. Pelos corredores que passávamos vejo algumas garotas me olharem feio, outras me encaravam surpresas e com raiva.

O Joshua parece não perceber ou simplesmente ignorar, mas eu fiquei bem desconfortável. O que me fez automaticamente encolher os ombros, não por medo e sim por vergonha. Eu sabia da fama que o canadense se titula por aqui.

Subimos as escadas que dá acesso ao terceiro andar, a sala estava vazia e então escolhi uma cadeira bem no fundo, me despeço do Josh. Começo a preparar meu material e fico ali sozinha.

Ou eu esperava que tivesse. Cantarolo uma música baixinho, mas sem querer deixo meu estojo cair o qual eu tinha acabado de abrir, suspiro e me agacho catando tudo e guardando.

— Precisa de ajuda gatinha? — ouço uma voz grossa atrás de mim fazendo-me automaticamente olhar pra frente, fitando a pessoa.

O seu corpo estava próximo demais do meu.

— Não. Eu já terminei, obrigada. — respondo não querendo ser rude.

Fecho meu estojo, me levantando do chão.

— Sempre ouvir falar que as brasileiras são calorosas, bonitas e boas. Beleza você já tem, e é muito gostosa. Não quer me provar a última coisa não? — ele diz malicioso, se aproximando.

— Garoto isso é ridículo! Eu não quero nada com você! — exclamo com raiva e me encaminho até a minha cadeira.

(Alerta de gatilho: se você for muito sensível ou não quiser iniciar um gatilho contra algum trauma, por favor não leia as partes à seguir.)

Mas antes que eu possa chegar na mesma, sinto braços fortes me puxar contra si, e prensar meu corpo contra a parede, antes que eu tenha chance de fazer qualquer ato para minha auto-defesa. Tento me soltar porém ele me aperta mais. Era inevitável, ele tinha o dobro das minhas forças.

— Calma aí, gracinha. Não precisa se fazer de difícil. — ele fala, acariciando meu rosto com uma mão e a outra matinha firme me apertando mais. — Só um beijinho.

— Me solta! Eu não quero! ME LARGUE! — exclamo em prantos, tentando a todo custo me soltar.

Eu sentia meu corpo vulnerável e as lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto. Meu corpo já doía, mas não paro de me debater. E ele apenas se divertia com a situação. Ele beija meu corpo à força e eu tento gritar porém minha voz sai cortada por conta do choro. Ele não para de beijar meu pescoço e antes que eu pudesse gritar novamente ouço um grito firme e estridente.

— LARGA ELA SEU BABACA DESGRAÇADO! — a voz diz, e eu reconheço, com um pouco de dificuldade.

O agressor então me solta rapidamente fazendo meu corpo cair com força no chão. Eu chorava sem conseguir parar. Mesmo com o oceano nos meus olhos vejo o Bailey. Sorri fraco ao notar a presença conhecida. Ele estava em cima do garoto agora jogado no chão distribuindo socos na cara do garoto.

— Bailey... — chamo-o com um fio de voz.

Minha cabeça estava martelando e meu corpo estava doendo. Eu me sinto fraca. Não tinha forças.

— Any! Ei, ei. Está tudo bem. Eu estou aqui. — ele fala, tomando um certo cuidado ao me abraçar, provavelmente porque eu ainda estava com meu corpo encolhido contra mim mesma.

Ele afaga meu cabelo. Eu fui tomada por lágrimas.

Eu não conseguia respirar. Eu estava me sentindo sufocada.

Escuto barulhos mas eu não consigo me concentrar. O Bailey se afasta por alguns segundos, provavelmente pra falar com o professor. Quando volta ele puxa levemente minha mão me dando impulso pra levantar. Coloca seu casaco em mim, deixando o capuz do mesmo cobrir meu rosto.

Quando chegamos no pátio do colégio ele diz que precisa resolver algumas coisas com o diretor sobre o que aconteceu. Mas me dá um último abraço cuidadoso e diz que a Joalin vai me acompanhar até em casa.

Eu nem tinha forças pra nada. Apenas assenti, começando a chorar novamente. Era uma sensação horrível. Eu sentia repulsa do meu próprio corpo. Eu queria arrancar a dor que estava dentro do meu peito.

A sensação me levou à um gatilho "superado" há um tempo. Me fazendo estremecer e encolher meu corpo.

[...]

Termino de tomar o chá que a Joalin preparou. Desde que ela me trouxe pra casa, a mesma cuidou de mim. Me abraçou várias vezes. Não perguntou nada sobre o que aconteceu o que me deixou aliviada.

Já que eu não conseguia explicar. Foi super atenciosa comigo. E esperou meus cabelos secarem após eu tomar meu banho. Até dançou músicas brasileiras pra me animar, o que fez rir fraquinho. Me deitou em seu colo, e acariciou meus cabelos pra me fazer dormir. Eu senti meus músculos relaxarem, e o cansaço se fazer presente. 

ECLIPSE ❝beauany❞Onde histórias criam vida. Descubra agora