Textos Não Tão Cruéis Que Devem Ser Lidos Rapidamente [Concluído]

Sufocamento Não_Letárgico

Não posso respirar.
Irão me odiar.
Não posso respirar.
Não irão me entender.
Não posso respirar.
Terão vergonha de mim.
Não posso respirar.
Não sobrará ninguém.
Não posso respirar.
Preso na minha bolha de ar.
Que era boa o suficiente,
Mas agora ameaça estourar.
Me deixando doente
Inseguro, ansioso e carente.
Sempre inalcançável, mas nunca inacessível.
Me protegi de toda aquela merda sofrível.
Mas a bolha...
A bolha parece agora uma rolha.
Pronta para me expulsar e me jogar no ar incerto.
Deixando o meu filtrado e limpo.
Limpo de dor, limpo de amor, limpo de fraqueza.
Alguém parece esmagar minha cabeça.
Meu peito sobe e desce, ensandecido.
Algo escondido e ainda ferido
Tentando sair.
Tento sorrir, não passa.
Agora o meu lar, minha pequena bolha segura,
Me sufoca
Me empurra
Me joga para fora
Talvez não veja hora
De me tirar do conforto
Para enfrentar gente louca, sentimentos loucos, tudo novo.
Mas não quero sair
Partir significa sofrer
Talvez morrer
Porque sei que vou sofrer
E não posso me desfazer
Se não irei me refazer.
Gosto de estar letárgico,
Ou ao menos eu estava.
E se eu respirar...
Não vou ter como me salvar.
Ficar na mão dos outros não é opção,
Destruo, mas não entrego meu coração.
Ele é meu.
Só meu.
Unicamente meu.
Exclusivamente meu.
Solitariamente meu.
E de mais ninguém.

- Igor