Textos Não Tão Cruéis Que Devem Ser Lidos Rapidamente [Concluído]

eclipse lunar

Esconde-se no amanhecer
Uma beleza ofuscada
Ao seu belo brilho os apaixonados cantaram
Os grilos louvaram
Os sapos coaxaram
À luz prateada o mundo iluminava
Com ela todas se apaixonavam
O medo chegava
A coragem esvaía
O amor aumentava
E aconchego trazia
Ela era grande ou minguante ou simplesmente estonteante
Com o incrível potencial de ser várias em uma única
Seu poder de mover as marés
A Terra sempre aos seus pés
Com todo seu potencial
Seu astral acolhedor

Ela era feita para os sonhadores
Para os que morrem de amores
Que sentem uma profunda paixão
Era calma, distante, tranquila
Sua frieza aquecia um coração
E corpos uniam-se para suas peles solitárias esquentar
Ela trazia raios cálidos, mas não violentos
Se empenhava, ó coitada, esforçava-se junto às estrelas
Um singelo agrupamento
De uma beleza extraordinária
Sempre acompanhada, porém tão solitária
Era alcançável e ao mesmo tempo inacessível
Era discreta e ao fim desaparecia
E logo a esqueciam

Porque chegava em seguida o nascer do dia
O que tudo iluminava
Aquele que realmente esquentava
O todo poderoso que reinava único
Inestimável
Totalmente louvável e imprescindível
Nem se esforçava
Por si só já brilhava
O amavam com fevor
Torciam por sua chegada, noite após noite
Pela efervescência que trazia consigo
Pelo fato de ninguém precisar de abrigo em ninguém
Pelo fato de juntar uma multidão e ainda assim conseguir ser individual
Era expansivo
Agressivo
Destrutivo
Nem só vivia de bem
Mas o que importava era que todos o amavam e veneravam
Que mal tem?

Mais bem aceito, bem compreendido
Para todos as almas
Sem nem ter princípios
Abrasivo
Até mesmo corrosivo
Era instigante e afável
Não era exatamente confortável
Levava-os a pular, brincar, orgulhar-se
Jubilar-se
Serem livres e se sentirem seguros
Ao contrário de sua oposta, que parecia abrigar todo o perigo
Escondido nas sombras estava o inimigo
E com ele não tinha sombras
Sua luz era tão intensiva
Não poética, nem reflexiva
Mas coletiva

Já ela era exclusiva
Para os poucos que a conheciam
Lhes dava a possibilidade de enfrentar o temido
Ela não escondia nada de ruim
Talvez o ruim é que se escondesse nela
Por ser tão fechada
Bem controlada e posicionada
Contudo tinha muito a oferecer
Por que não a viam como merecia?
Por que a temiam?
Por que não a aprofundavam?
Por que era logo deixada de lado?
Por que não recebia uma importância de vida?
A exploravam, a usavam, exigiam dela
Mas era ele quem sempre brilhava mais forte
Que sempre trazia sorte
Que tinha um calor sem fim

Pergunta-lhes a Lua: olham para mim em seus pedidos, mas não me prezam com esse ardor, não mereço que sintam algo por mim?