Pele não define meu caráter
Define quem sou
E onde sempre estou
Do outro lado, nunca do mesmo ladoApartado, sozinho
Mas com eles ao meu lado
Pesam em mim
Era algo bom
Ou se tornou algo ruim?Trago-os comigo em cada cicatriz
Mesmo que agora eu já apenas aprendiz
Da minha própria história
Vivo, sinto e preservo na memóriaIrmãos escravizados
Arrancados da mãe África
Pelas garras santas e sujas da colonização
Mutilação, subjugação, espíritos livres martirizadosA dor que sentiram
Permaneço a sentir infelizmente
Será que conceberam
Que viveríamos tudo novamente?Talvez nunca tenhamos deixado de viver
A mentira é tudo agora
Toda hora
Seguimos discriminados, segregados e sem podermos serMedo de morrer
Antes, hoje e (não vai mudar) depois
Saímos das senzalas, fomos para as favelas
Ocupamos ruas, becos e vielasNas sombras, escuros, escondidos
Dizem que qualquer lugar é nosso
Mas para isso muitos de nós haviam morrido
Garotos inocentes, um pai levou 80 tirosE se saímos do esgoto, lutamos com tanto esforço
Nos empurram de volta
Falem sobre vocês, lutem por vocês
Mas não saiam da tocaAzul e vermelho são as cores
Que assustam, assustaram e assustarão a cor preta
Enquadram-na, sem nome, rostos, história
Jogam-na na sarjetaMeu corpo não é meu
Minha pele tatuada, meu piercing, meu brinco brilhante
Tornam-me um alvo único, certeiro e ambulanteDos privilégios não temos uma cota
Vadios que querem facilidade
Tiram o lugar de quem "estuda de verdade"
Só isso que importa.Tudo bem não sentir orgulho da sua pele
É só pele, afinal
Mas negar teu passado
Para o Nhôzinho não ficar irritado, isso não
Nós...
Em tempos modernos
À mercê da faca e do cutelo
Somos escravos em rebelião
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Textos Não Tão Cruéis Que Devem Ser Lidos Rapidamente [Concluído]
RandomEscrever é como respirar. A inspiração invade meus pulmões, corre por minhas veias e é expirada em uma corrente ininterrupta de palavras. Confusas, desordenadas e um tanto poéticas. Nesse contexto, respirar é como ser livre. Sem medos, sem amarras...