Juliet Bennet
Estou com medo dele. Não consigo evitar. Depois de como ele reagiu ontem a noite...
Isso tudo me faz pensar que não posso ser feliz. Que eu deveria ter morrido no lugar de Joe.
Se fosse eu que tivesse morrido tudo seria diferente.
Meu pai teria o filho dos sonhos, provavelmente não teria roubado Otávio e estariam todos felizes.
É tudo culpa minha. É verdade. Se não fosse culpa minha, mamãe teria lutado por mim. Eu nunca fiz nada para ajudar. Só queria parecer perfeita com as aulas de violino, os cursos de vários idiomas... Só queria me destacar. Nada tinha um propósito construtivo. Nada para ajudar eles.
E agora eles me venderam para Otávio.
- Juliet! - Ele bate na porta e eu me assusto - Abra a porta ou eu vou abri-la.
- Senhor Lourency, - Ouço Edward tentar argumentar - Ela está assustada...
- Cale a boca, Edward, ou eu demito você. - Otávio rosna para ele e eu vou abrir a porta.
Ele parece nervoso.
- Saia, Edward. - Ele manda e após hesitar por um segundo, Edward se vai.
Otávio entra na biblioteca silencioso.
Seus olhos vão para os lençóis sobre o sofá e depois pra mim.
Seu olhar não revela nada... Bom, mesmo a frieza ameaçadora... Eu simplesmente não sei o que está pensando.
- O que disse para ela? O que contou para a minha mãe?
- Nada. - Falo e me sinto tremer. - Ela queria saber como nos conhecemos, o que eu gosto em você... Ela só queria me conhecer.
Ele me pega pelo braço e eu faço uma careta e me encolho.
Meus braços ainda doem, por causa do seu aperto de ontem a noite.
- Por que fez isso? - Ele pergunta assustado e eu não o entendo.
- O que?
- Por que está se encolhendo? - ele pergunta e parece a beira do pânico.
- Porque ainda dói. - Respondo e vejo pânico em seus olhos dominá-lo.
Ele me empurra mais para dentro e fecha as portas da biblioteca as pressas.
- Tire a roupa, Juliet! - Manda ríspido.
- O que ? - Pergunto confusa.
O que ele quer?
O que ele vai fazer?
- Eu estou mandando você tirar a porra da roupa! - Ele grita mais uma vez eu estremeço - Prefere que eu as rasgue?
Atrapalhada tiro a blusa e ele fecha os olhos.
Parece sentir algum tipo de dor.
- Mostre-me os machucados de ontem a noite. - Ele manda em voz baixa e abre os olhos.
Mostro- lhe os hematomas nos braços e os machucados na parte de trás das costas.
Otávio parece enjoado e, após um minuto me olhando assim, ele sai da biblioteca correndo.
Volto a vestir minha blusa e vou me deitar no sofá. E alí eu fico por horas. Quietinha. Fingindo que não existo. Pedindo a Deus que tudo isso seja um pesadelo. Desejando desaparecer ou nunca ter nascido para começar.
Minha barriga já está roncando e eu já estou tonta de fome quando decido ir até a cozinha.
Ando o mais silenciosamente possível e chego a cozinha sem encontrar com ele no caminho. Coloco água para ferver em duas panelas e pego alguns legumes, verduras, frango e queijo na geladeira.
Coloco minha playlist para tocar baixinho no celular e começo a cozinhar algo pra comer.
De vez em quando eu como um pedacinho do queijo ou um pedacinho do tomate enquanto a comida não fica pronta. Coloco o macarrão e os legumes para cozinhar na água quente e começo a fazer o molho.
Mercy de Shaw Mendes toca no meu celular e eu aumento um pouquinho o volume para dançar um pouco. Escorro os legumes e o macarrão e começo a fazer o molho. Coloco azeite e as verduras picadas junto com o frango e os temperos e os refolgo em fogo baixo, depois adiciono os legumes e pego creme de leite na geladeira para juntar na mistura. Acrescento o queijo e... Está pronto.
Tento fazer uma porção pequena, mas mesmo assim ainda fiz muito só para mim.
- Eu já coloquei a mesa. - Escuto Otávio dizer atrás de mim e levo um bruto de um susto e solto um grito inesperado.
Me viro e lá está ele vestindo apenas a calça do pijama. Meu coração acelera e eu fico paralisada.
- Achei que estava sozinha. - Digo sem me mexer do lugar - A quanto tempo você está aí ? - Pergunto.
- Desde que a música começou a ficar mais alta - Ele responde e se aproxima para ver o que eu fiz - Parece ótimo. Quer ir tomar um banho antes de comer?_ Inquire em um tom tranquilo.
- Já está bem tarde. - Digo ainda sem saber o porquê dele estar aqui - Você não deveria estar dormindo?
- Não consegui dormir. - responde indo até a pia e começa a lavar a louça. - Então fui trabalhar. Foi quando ouvi sua música.
- Desculpe por atrapalhar. - Digo apreensiva - Pode deixar. Eu lavo a louça.
- Não. - Ele fala balançando a cabeça - Vá tomar um banho. Eu cuido disso.
Olho para a mesa que ele arrumou para duas pessoas.
- Não jantou? - Pergunto surpresa e ele para o que está fazendo.
Meu celular continua tocando, mas dessa vez é Elastic Heart de Sia.
- Não posso jantar com você? - Ele pergunta ríspido, mas parece magoado também.
- Pode... - Respondo e ele volta a lavar a louça - Só achei que já tivesse comido.
- A senhora Rosales está de folga hoje. - Ele responde distraído - Eu geralmente descongelo algo no micro-ondas quando ela não está aqui. Eu ia levar você para jantar hoje quando cheguei. Mas você fugiu de mim.
Engulo em seco.
Ele me lança um rápido olhar especulativo.
- Ainda estou com medo de você, Otávio. - Digo e ele para de novo, mas dessa vez não me olha - Sei que foi culpa minha mas... Mesmo assim estou com medo de você. De como ficou ontem a noite...
Ele fica quieto e eu me afasto dele.
- Vou tomar um banho e já volto para jantarmos juntos. - Digo saindo da cozinha.
Tomo um banho rápido, procuro minhas roupas de dormir mas elas não estão lá. Nenhuma delas.
Volto para a cozinha e ele está servindo a comida.
- Onde estão minhas roupas de dormir? - Pergunto enrolada em uma toalha.
- Estão no closet. - Ele diz com naturalidade e me olhando como se eu tivesse enlouquecido.
- Não. Não estão. - Digo e ele me acompanha de volta para o quarto. - Não tem nenhuma camisola ou baby doll aí. - Digo enquanto andamos até lá.
Ele pega uma de suas camisetas brancas e me estende.
- Vista isso. - Fala em um tom muito sério - Vou falar com Edward sobre isso.
- Tá... - concordo enquanto visto a sua camiseta.
Estou procurando uma calcinha quando o sinto beijar minha nuca. Suas mãos passeiam pelo meu corpo e ele me encosta contra as gavetas no closet.
- Estou com saudades, Julie. - Sussurra.
Eu não sei o que fazer...
Procuro pensar em algo rápido.
- A comida vai esfriar. - Digo e ele ri contra a minha pele, me causando arrepios.
- Temos um micro-ondas. - Ele diz rouco e sugestivo.
Isso me provoca outro arrepio.
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Minha Doce Fera
RomanceGarotas sonham em ganhar um carro no seu aniversário de 18 anos, se apaixonar e se casar um dia. Mas, ao que parece, esses não são os planos do destino para Juliet Bennet. Seu pai tem uma dívida com o empresário Otávio Lourency e ela é a moeda...