Bring the jazz 24/7
As noites de Medusa
Sabe quando você tem tanto sono que a cabeça começa a latejar do ladinho do olho? Esse era o estado de Yoongi. Bem na aula de Teoria do Audiovisual, já havia bocejado cinco vezes e sentia por baixo da carne que se abrisse a boca mais uma vez, a professora não deixaria barato. Como professor sabia o quão incômodo era ter um aluno quase dormindo na aula que foi posta tanto esforço para planejar e dar.Por isso, engoliu o sexto bocejo, recolheu os pertences e meteu o pé a fora da classe, depois ele daria um jeito de pegar a matéria.
O destino era sua casa e sua cama, mas com o sinal da noite brilhando bem acima da sua cabeça sabia que teria que comprar comida, sem chances de cozinhar ou as chances de acontecer um incêndio seriam enormes.
A universidade não ficava longe de casa, então em alguns minutos já estava passando a chave na porta, enquanto na outra mão segurava uma sacola com lasanha congelada, cervejas e uma barra de chocolate que comprou por impulso, nem gostava tanto do doce.
Esse era um dos defeitos de Yoongi, comprar por comprar. Só no congelador podia contar cinco tipos de chocolate que ele até esquecia ter. E a falta de supervisão só mostrava que esse seria um vício a persistir.
Dentro de casa e com o microondas girando a massa fria, Min já tinha se apressado a tomar uma ducha e colocar uma roupa confortável, essa: uma blusa branca duas vezes maior que ele e uma calça de moletom cinza pronta pra protege-lo do frio do ar-condicionado.
A casa de Yoongi era grande e muito aconchegante. O chão de madeira escura cobria a área, as paredes claras estavam repletas de quadros de família, não a biológica e sim, a que a vida deu.
A cozinha americana não era tão espaçosa mas era suficiente já que o homem só usava o microondas - mesmo que sentisse falta de cozinhar pratos diferentes - por falta de tempo.
No canto, entre o sofá e uma mesinha de gaveta, ambos escuros em contraste com as paredes, estava Medusa. Medusa o teclado reformado de Yoongi, o único bem deixado por seu pai e uma grande responsável pela sua atual carreira.
Aos dezessete anos, Min perdeu o pai para o câncer e como se não fosse devastador o suficiente sua relação materna também veio a falir; principalmente, pois Min Sunmi sonhava que o filho seguisse a carreira do velado marido mas Yoongi preferia perder os dois braços a cursar Letras e se tornar um tradutor ou sei lá o que. Foram dois anos de brigas e apesar do amor pela música sempre ter sido presente na vida do garoto, foi só quando ele achou na garagem o teclado velho com teclas amareladas e plástico corroído que Min encontrou seu norte. Aos dezenove, fissurado pela arte musical e perturbado por sua figura maternal, passará no vestibular e se mudou para a residência universitária sem pensar duas vezes. Desde então, todo o contato com Sra.Sunmi era completamente robotizado e sem sinais de intimidade familiar.
Durante a vida colegial demonstrou excelente desempenho em quaisquer matérias. Em um ano conseguiu um emprego no studio/escola Moonstar e foi lá também que conheceu Kim Namjoon, seu primeiro amigo íntimo e dono da Moon, esse o introduziu a Jung Hoseok e Kim Seokjin uma dupla extremamente talentosa e também comediosa. Mais três anos e estava formado e com o nome crescendo no ambiente musical, só não o suficiente pra ser reconhecido em grandes grupos - sua atual meta. Com atuais vinte e cinco se permitiu usar o tempinho noturno para tentar mais uma faculdade. A vida de Yoongi se baseava em construir-se profissionalmente, e nada de bom tinha nisso. Da infância quase não tinha memórias, na adolescência viu seu pai definhar e no final dela viu sua mãe endoidar. Sem tempo para aventuras irresponsáveis ou até amores bobos, apesar de já ter tido um namoro de três dias e na universidade uns pegas de uma semana ou duas.
Enfim, em memória de seu pai e por amor a lembrança do senhor, reformou o teclado até parecer novo e o batizou de Medusa - na época era apaixonado por mitologia e em especial a injustiçada da Medusa - e assim se deu sua fiel companheira que no momento estava coberta por um plástico transparente a fim de evitar poeira.
Bem quando Yoongi sentou no sofá fofo o microondas apitou avisando a prontidão do (des)congelado. E Yoongi se alimentou devagar e bebeu uma das cervejas até secar a latinha, ligou a tv só pra atualizar mais um capítulo de uma série antiga qualquer.
Agora os olhos estavam ardendo em sono, a cerveja fez o cansaço bater com força e a massa pesou no estômago. Se dirigiu ao corredor passando pela porta do banheiro, o mini studio e entao seu quarto, no fim da casa. Deitou na cama, cobriu-se até o pescoço e amassou a cabeça contra o travesseiro, o celular deixou bem ao seu lado na mesilha, só pra poder ouvir o alarme de manhã. Fechou os olhos e sentiu morfeu toma-lo aos braços deliciosamente.
"SIMMM! ISSO! ISSO! AÍ!" Yoongi abriu os olhos assustado. Ouviu o grito e pela forma como o som vinha sabia bem o que estava acontecendo e que o barulho estava atravessando a parede do quarto.
Uma sequência de gemidos se estendeu por mais minutos, pareciam preencher todos os cômodos da casa, Yoongi já tinha cogitado sete vezes cometer um homicídio. E quando finalmente o barulho pareceu ceder ainda podia ouvir risinhos e gritinhos.
Cinquenta minutos, mais ou menos Yoongi pegou no sono. Só pra depois as três da manhã acordar com mais barulhos sexuais. Levantou e foi deitar na sala, mas o sono já tinha sido interrompido e agora só restava se distrair tocando musicas na Medusa, terminando a última latinha de breja e esperando o universo parar de fodê-lo ou os vizinhos acabarem de foder.
Bring the Jazz 24/7Por hoje é só. Me perdoem a má revisão, eu vou melhorar. Vote se não for muito incômodo e comenta comigo o que quiseres, me diz um fato pouco conhecido talvez.
Um beijo, triz.
Segundo capitulo: Hebreu
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Bring The Jazz 24/7 • Yoon+min
Rastgeleym|updates lentos| +16 Bring the Jazz 24/7 Sua alma gêmea pode estar na casa do vizinho.