Serendipity

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Acordei com uma música baixa tocando no quarto, eu sentia que tinha tido outro surto quando não me lembrava de nada do que tinha acontecido nos últimos dias. Mas Dr Kim fez questão de me informar de tudo, que eu tive o pior surto de todos, que havia ficado preso em outra personalidade por quase um mês. Nesse um mês, eu conheci o meu amigo das flores, mas como não estava sendo eu mesmo, não me lembrava de nenhum detalhe desse meio tempo. E meu Doutor só pôde me dizer o nome do garoto: Park Jimin. 

Só isso, eu não soube de mais nada, se ele estava internado aqui ou se já havia saído, como era a voz dele, que conversas tivemos... Segundo Jin, eu deveria focar só no meu tratamento de agora pra frente e esquecer distrações. A única pessoa que estava autorizada a me distrair era Taehyung. Que havia contado tudo que sabia sobre minha mãe à polícia e agora ela estava proibida de chegar até mesmo perto do hospital onde eu estava.

Eu aceitei em focar só no tratamento, mas não conseguiria esquecer meu amigo Jimin, já que meu quarto estava cheio de rosas, de maioria vermelhas. Algumas já estavam morrendo e eu fiz questão de regá-las depois que recobrei meus sentidos. 

Mas esse foi o último dia em que eu receberia flores.

(...)

Já fazia seis meses que eu estava internado no hospital, três desses meses eu estive em tratamento intenso e por isso, não havia tido nenhum surto dissociativo, não tinha nem tempo pra isso. Os médicos até cogitavam a possibilidade de eu estar me curando, mas ainda queriam que eu ficasse mais tempo sob seus cuidados, pra ter uma resposta definitiva se poderia ir pra casa ou não. Honestamente, eu não sei o que faria se não pudesse ir pra casa.

Pelo menos eu estava de volta ao meu quarto, mas para a minha tristeza, todas as minhas flores já estavam mortas. Será que meu amigo tinha se esquecido de mim? Ele só fazia isso quando eu não era eu, então, quem sabe, agora ele viu que eu sou o real Jeon Jungkook e não gostou tanto assim dessa versão.

Com a ajuda de Taehyung e seu novo amigo Yoongi, que eu tenho certeza que não era só um amigo, tirei todas as flores secas e arrumei o quarto, eles disseram que tinham autorização do Jin pra passar uma noite comigo, pra que eu tivesse alguma felicidade além dos remédios fortes que me deixavam chapado. Então roubamos alguns colchões de quartos vazios e colocamos uma série na pequena televisão que tinha ali, assim ficamos a noite toda.

No outro dia, quando já era de manhã e o sol batia no meu rosto, decidi que iria sozinho a cafeteria, comer alguma coisa que não fosse a mesma torrada com patê de atum e chá de camomila que me davam todos os dias desde que cheguei aqui. Deixei os dois dormindo abraçados - tão fofinhos - e saí do quarto usando só um pijama de bichinhos e uma pantufa, já estava acostumado a ficar assim o tempo todo mesmo... O que seria uma ida a cafeteria? Estava muito cedo mesmo, nem as enfermeiras do turno do dia deveriam ter chegado ainda.

Quando cheguei lá pedi um leite de banana e bolinhos de chocolate que pareciam deliciosos, assim que eles chegaram fiz questão de me sentar na mesa mais afastada para poder escrever mais em meu caderno. Meu companheiro inseparável desde o primeiro dia em que Park Jimin me mandou flores.

Eu já estava terminando meus bolinhos quando alguém se sentou na minha frente.

-Está muito cedo pra comer doce, você não acha? - uma voz que eu nunca tinha ouvido antes disse e eu levantei a cabeça para olhá-lo. No mesmo momento minha cabeça fez um clique, eu tinha certeza que era ele, era o meu menino das flores. Eu finalmente tinha o encontrado!

Roses ∆ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora