13 - Revelações, Parte II

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Eu lutei por anos e através de todas as lágrimas eu enfrentei as dúvidas que escondo

Eu nunca me deixei sucumbir a meus medos internos

Eu ouvi minha voz interior

Eu sei que nasci para isso

-Born for This, The Score.


Tereza era uma mulher imponente. Alta e de longos cabelos negros, sua presença era marcante, capaz até de intimidar aqueles menos preparados.

-Você deve ser o Nicolas. – ela interrompia meu transe. Sua voz era firme e me lembrava ao timbre de Frederico. Matheus a analisava, centímetro por centímetro, enquanto exalava seu nervosismo.

-E você deve ser Tereza. – retruquei, em uma vã tentativa de controlar minhas expectativas. Era difícil manter-se estável quando tão perto de seus objetivos. – Muito prazer. – terminei, cedendo um aperto de mãos. Matheus me seguia e fazia o mesmo.

-Sentem-se, fiquem a vontade. – disse ela, apontando para o sofá atrás de nós. Tereza sentou-se no sofá ao lado e nos observava antes de começar a falar. Matheus estava sentado ao meu lado e agora apenas ouvia a tudo que era dito. – Algo muito importante deve ter feito vocês me procurarem. – senti seus olhos serrarem ao começar. – Vir de tão longe, apenas pra conversar comigo... – sua voz ecoava pela sala. Estávamos tão nervosos que mal podíamos ouvir nossa própria respiração. – Algo ou alguém deve estar em jogo. – suas palavras faziam meu corpo gelar. Uma expectativa sem precedentes lutava para tomar conta do meu peito enquanto meu cérebro ordenava que tudo continuasse normal.

Suspirei buscando alguma coragem. Era impressionante como Tereza era capaz de causar temor.

-Na verdade. – hesitei em continuar. – Na verdade buscamos justiça. – tentei ser o mais firme possível ao começar. – Justiça para tudo de errado que já tenha acontecido. Para o meu namorado, preso pelo próprio pai em algum lugar da Irlanda. Para o pai do Matheus, que morreu sob circunstâncias suspeitas. – dei um longo suspiro entre as frases. Tereza acompanhava atentamente cada palavra que saía da minha boca. – Justiça para o pai do Frederico. – pude perceber que agora ela baixava a guarda ao me ouvir. – E principalmente para a senhora, que perdeu alguém que tanto amava. – terminei, apelando para a emoção e fazendo com que lágrimas surgissem no rosto de Tereza. Vê-la assim, tão frágil, me dava mais confiança para seguir em frente.

Um longo silêncio foi feito na sala. Tudo que podia ser ouvido era o choro velado de Tereza, que a essa altura levantava-se em busca de um lenço.

-Você não imagina como é difícil falar disso. – sua voz soava embargada. Coração acelerado. Ar carregado de tensão. – Talvez seja melhor não mexer no passado. – Tereza hesitava em nos contar o que sabia. Era nítido em seu rosto o medo de falar e principalmente de revirar um assunto morto.

-E permitir que coisas desse tipo continuem acontecendo? - nervoso, eu a cortava antes mesmo dela terminar sua frase. – Houve outra morte desde que seu marido faleceu. – engatei, não permitindo que ali nascesse uma discussão. A mulher de longos cabelos pretos estava perplexa. - E ele também aprisionou o próprio filho como represália. – terminei, referindo-me a Guilherme. – Nós não podemos deixar isso barato. O Marcos precisa pagar! – terminei, agora com uma certeza que eu jamais havia tido. Era todo o meu amor canalizado em busca da verdade. Pude perceber a feição de Tereza mudar completamente depois de ouvir o nome do prefeito.

O Filho do Prefeito: Descobertas (Livro 02) - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora