Eu espero que possa me ouvir
Eu lembro claramente
O dia que você partiu
Foi o dia que eu descobri
Que não seria a mesma coisa
-Slipped Away, Avril Lavigne.
Pedi para Matheus me encontrar no mesmo lugar de sempre, o banco da praça onde nossa amizade começou. Aquele era o tipo de lugar marcante para uma amizade, algo que se torna sem explicação e será lembrado aconteça o que acontecer. Meu corpo estava carregado de emoções. A rigidez de minhas mãos demonstrava determinação e sobretudo convicção de que agora tudo daria certo.
-Parece que viu um fantasma. - Matheus me olhava fixamente.
-E eu vi. – respondi em tom seco. Pude perceber que uma das sobrancelhas dele se erguia, quase como se não acreditasse. Me sentei ao lado dele no banco de concreto e desandei a falar. – Quando o sinal do intervalo tocou eu saí da sala e fui para o apartamento que eu e o Guilherme usávamos as vezes. Lá era o único lugar seguro que eu podia usar para olhar aqueles arquivos. – Matheus continuava me encarando, acompanhando cada palavra que saía da minha boca. – Comparando as notas com os pagamentos realizados, percebi que existe uma diferença muito grande no que é pago. E adivinha só? – fiz um ar de suspense que Matheus retribuiu com um gesto de quem não entendeu nada. – Os sócios dessa empresa que recebe os pagamentos são o Marcos, Marília e adivinha? – suspense outra vez. Meu amigo estava começando a ficar impaciente e com raiva. – A Fernanda.
Matheus me encarava atônito. Ele estava tão em choque quanto eu ao olhar o contrato social da Agroeste em meio aos arquivos salvos na nuvem.
-Então espera aí. – Matheus me interrompia. – Isso quer dizer que a Fernanda está envolvida até o pescoço nisso tudo... e que talvez seu tio nem saiba de nada disso. – meu amigo fazia o que todo ser humano faz ao descobrir algo desse porte: conspirar. Ele gesticulava e, de certa forma, o que ele dizia me acalentava. Imaginar que meu tio não estava envolvido e que eu não seria a ovelha negra da família pelo menos uma vez era reconfortante.
-Talvez. – deixei transparecer a dúvida que pairava em meus pensamentos. – Mas ainda é cedo pra afirmar. – continuei. – Na verdade saber que a Fernanda é sócia na empresa me leva a acreditar que ela e o Marcos estão mancomunados de alguma maneira. Não sei bem para o que ainda, mas estão. – afirmei com uma certeza que eu não possuía.
Os olhos de Matheus brilhavam com a possibilidade de desmascarar Marcos, e de alguma maneira, fazer justiça pelo pai.
-Agora preciso ir com cautela. Preciso descobrir qual a ligação deles pra ter certeza de como agir. – Matheus acompanhava meu raciocínio e assentia com a cabeça. – Enquanto isso precisamos fingir que está tudo bem.
-Pra mim é mais fácil do que pra você. – meu amigo começava a falar. – Pelo menos não convivo com eles. – arguiu. – Por enquanto é só isso? – senti um pouco de decepção em sua pergunta.
-Não. – seu olhar se voltou pra mim como alguém que sentia um fio de esperança renascer. – Amanhã vamos atrás da Tereza saber o que ela pode nos contar sobre o que houve com o seu pai.
Matheus não precisava falar nada. Sua expressão facial demonstrava a tristeza aliada à expectativa em seus sentimentos. Descobrir a verdade sobre a morte do pai dele agora era questão de honra.
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O Filho do Prefeito: Descobertas (Livro 02) - Romance Gay
Roman d'amourApós todas as revelações do primeiro livro, Nicolas e Guilherme precisam lidar com suas novas realidades e os inimigos que fizeram até aqui. Separados por milhares de quilômetros de distancia, o casal desvendará mistérios e lutará para que possam co...