06 - Possibilidades

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Música tema do capítulo: The Sky is a Neighborhood - Foo Fighters

                                          Confiança é uma coisa difícil, seja confiando na pessoa certa pra confiar ou confiando na pessoa certa pra fazer a coisa errada, mas confiar no seu coração é o mais arriscado. – Revenge.


O sol daquela terça feira invadia o quarto de Dereck e me fazia acordar ainda mais cedo que o normal. Certa euforia me preenchia, mesmo dois dias depois de combinar todo o plano de justiça com Matheus e praticamente nenhum avanço ser feito ainda. Era inegável que meu maior desejo depois da partida de Guilherme era vingança, seguida pelo torpor da ausência do meu namorado.

-Nicolas, quer carona? – era tio Augusto quem gritava do primeiro andar. Dereck terminava de se arrumar no banheiro e havia deixado a porta do quarto entreaberta, permitindo que o som do andar de baixo se propagasse.

-Não, vou caminhando. – respondi enquanto descia as escadas. – Preciso me exercitar um pouco. – continuava a divagar enquanto tentava enganar meu tio. Ele me olhava como se não entendesse nada, já que eu era o típico cara que aceitaria uma carona de primeira para não precisar caminhar.

Um pouco aflito pela possibilidade de ser descoberto, peguei minha mochila e saí de casa como se seguisse normalmente para o curso. Enviei uma mensagem para Matheus dizendo que o encontraria na frente de sua casa em cinco minutos e apertei o passo.

-Você está três minutos atrasado. – meu amigo esbravejava em tom de brincadeira. – Bom dia Nick. – seu sorriso contagiante acalmava minha aflição.

-É por um bom motivo. – sorri. - E aí, vamos? – o chamei, já caminhando em direção ao terminal de ônibus da pequena cidade onde morávamos.

Dedicamos os últimos dois dias a procurar Tereza, a esposa do ex candidato a prefeito que Marcos supostamente havia assassinado anos antes. Descobrimos que ela morava em uma cidade vizinha, solicitamos contato por mensagem privada nas redes sociais e por incrível que pareça ela nos deu seu endereço para procura-la sem maiores objeções.

Poucos minutos depois das nove da manhã chegávamos à cidade onde Tereza morava. Era outra típica cidade do interior, pouco maior que onde morávamos. Pegamos um táxi e Matheus entregava um pedaço de papel com o endereço que ela havia nos dado. No caminho aproveitei para observar a cidade. Pequena, arborizada, florida, limpa. Chegava a lembrar a Europa, só que obviamente sem o brilho de uma cidade europeia. Olhava também para o meu amigo, que demonstrava um encantamento equivalente ao de uma criança.

-Desde a morte do meu pai eu e minha mãe saímos poucas vezes da cidade. – podia perceber a tristeza de Matheus, mesmo enquanto ele olhava para o lado de for pela janela do carro. – Não sei explicar o motivo, nunca sentimos vontade de sair de lá. Acho que a cidade nos lembra dele. – uma lágrima corria rosto abaixo demonstrando a sinceridade dele. Era claro que meu amigo ainda sofria muito pela perda do pai. – Você é a primeira pessoa que me faz sair de lá. – agora um sorriso tomava posse do rosto dele.

Como era bom ver Matheus sorrindo.

Não era necessário responder. Nossos olhares transmitiam esperança e compreensão, tudo que queríamos sentir um do outro.

-Chegamos. – disse olhando para o Matheus, já descendo do táxi em frente ao prédio descrito no endereço. Caminhamos um pouco até a guarita e nos identificamos ao porteiro, pedindo que entrasse em contato com o apartamento de Tereza. Ele coletou nossos nomes e fez o que pedimos. Pouco tempo depois ouvimos um estalo vindo do portão indicando que nossa entrada havia sido permitida. Rumamos para a entrada social e solicitamos o elevador.

O Filho do Prefeito: Descobertas (Livro 02) - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora