5. Noite Fracassada

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5 - Noite fracassada .

Era um jantar, assim pode-se dizer, se comparar ao que se passava no palácio; os homens do rei, todos a postos na grande mesa, assim como a rainha e suas damas de companhia, Isabella estava do meu lado como nova princesa do reino, ela tinha no rosto a expressão triste, era como se tivesse sendo levada à forca, e era isso que não entendia, acabava de salvá-la de uma vida miserável, mas ainda assim ela ignorava esse fato.

A única coisa que me deixa feliz é que mais tarde eu a teria só para mim, em meus braços e a faria esquecer, com carinho, o modo grotesco com que a forcei a se casar comigo. O jantar de comemoração pelo casamento durou tempo o bastante para todos darem boas risadas, comerem e beberem muito. Assim que anunciei que iria me recolher junto com a nova princesa, ninguém comentou nada, apenas minha mãe foi até a Isabella, dando a ela algumas instruções para como se comportar durante a noite, pelo menos eu achava que era isso.

Subi, acompanhado de Isabella, indo para nosso quarto onde todos esperavam que houvesse uma grande noite de núpcias. Isabella entrou no quarto calada e pensativa, nada disse, apenas caminhou até a janela do quarto. Eu tirei meu manto vermelho e me sentei na cama para tirar minhas botas.

_ Acho que vou acender a lareira, está muito frio hoje. _comentei _ Acho que é porque o inverno está chegando.

Isabella nada disse, permaneceu pensativa, olhando para fora da janela vendo o horizonte. Fiquei chateado com esse comportamento dela, mas nada disse, fui até a lareira a acendendo. O quarto ficou mais quente, tirei minha camisa ficando apenas com a calça, caminhei até Isabella ficando atrás dela. Ela deveria estar nervosa, esse era o único motivo dela estar tão calada. Afastei seu cabelo e ela deu um pequeno pulinho assustado com meu toque, mesmo assim não me afastei, beijei seu pescoço, e senti ela soltar sua respiração.

_Meu príncipe. _ela disse e parei com os beijos que dava em seu pescoço, sentindo seu cheiro_ Se por mim tem algum pouco de respeito e se me é possível um pedido, peço agora.

_ Diga minha princesa, o que deseja de mim? _falei afastando ainda mais seus cabelos podendo, assim, ver os botões do seu vestido.

_ Não me toque essa noite._ela disse.

_ Como? _ falei sem entender seu pedido.

_ Estou pedindo que não abuse de meu corpo para saciar seu prazer carnal. _ela se virou para mim e em seus olhos havia uma dor tão grande... _ Você disse que não era igual ao barão, então não me toque, não estou pronta e nem mesmo desejo seu toque, seria algo forçado e sem prazer, apenas você sentirá prazer, meu príncipe, e eu apenas desejaria a morte.

Me afastei dela com ódio, raiva, entre outros sentimentos, como ela se atreve a dizer que passar uma noite nos braços do príncipe herdeiro era a morte.

_ Como ousa me ofender de tal maneira? _disse indo para cima dela e segurando-a com força pelo braço.

_ Ai _ela gemeu com meu aperto em seu braço_ está me machucando alteza.

Os olhos de Isabella eram de espanto para mim, e sua boca uma tentação, só agora assim tão próximo dela consegui notar que seus lábios eram como perdição, e era essa mesma perdição que proferia palavras grotescas para mim.

_ Eu sou o príncipe desse reino. E logo serei rei. E você, uma escrava qualquer, não venha a mim dizendo o que fazer. _disse e Isabella me olhou com os olhos serrados.

_ Então é assim alteza? _ela disse cada palavra cautelosamente_ O príncipe joga na cara quando não consegue seus objetivos. Eu sei bem o que sou, e não tenho vergonha disso alteza, você não escolhe a família que vai nascer, e nem mesmo a classe social que pertencerá. Mas você pode escolher seu caráter.

A petulância dela era incrível, outros por muito menos morreram decapitados, essa por fim não tem medo de morrer. Meus olhos se estreitaram sobre ela. Será que era isso que ela queria? Me fazer perder a cabeça ao ponto de mandá-la para a forca? Não, eu não daria esse gostinho a Isabella, ela seria minha, tanto como princesa como minha mulher na cama, eu sei que poderá soar como um mero capricho do príncipe, mas provarei a Isabella que não haverá em todo reino homem melhor para ela do que príncipe Edward Cullen.

_ Você sabe muito bem que terei que apresentar um lenço sujo de sangue amanhã a todos os anciões do rei. _disse cautelosamente _ Sabe que se eu não mostrar, todos pensarão que você não é mais uma moça pura como diz ser.

_ Não me ofenda alteza. _ela disse erguendo seu queixo_ Nunca deixei o barão encostar uma mão em mim, sou tão pura quanto as virgem que servem os anciões.

Sorri da comparação dela, se ela ao menos soubesse que a maioria das "virgens" que servem os anciões não são mais tão puras, que a única coisa pura nelas são suas peles brancas sem máculas...

_ Isabella, eu dei minha palavra que não te forçarei a nada. _falei _ mas volto a dizer algo que você poderá fazer, e pense bem, pois não terá volta. Ela me olhou atentamente. _ Lhe darei quatro luas cheias para pensar, _falei dando ela o que? Seria um mês_ você pode escolher se vem para a minha cama por livre e espontânea vontade ou, depois desse prazo, devolverei você para o barão e pouco me importarei com o que aconteça com você.

Vi Isabella engoli seco, e caminhei para longe dela dando espaço a ela, puxei o lençol sobre a cama, que era branco, e caminhei até o outro lado do quarto, no lugar que ficava a banheira onde tomava meus banhos. Pegando uma lâmina que usava para cortar minha barba, fiz pequenos cortes no meus dedos e sujei o lençol com sangue.

_ Amanhã mostrarei este lençol sujo com meu sangue, _disse mostrando para ela_ e todos pensarão que é seu sangue, espero realmente que você seja tão casta quanto diz Isabella, pois meu pai não só condenará você à morte como me mandará para longe em auto-exílio.

Joguei o lençol no chão e fui até a porta.

_ Aonde vai? _ela perguntou.

_ Vou para o meu quarto, lá ao menos tenho paz, e lá suas palavras não me atormentarão.

_ Obrigada alteza. _ela disse antes de eu sair do quarto.

Para minha sorte ninguém me viu passar pelos corredores até o meu quarto. Entrei fechando a porta com força, fui até a cômoda onde tinha uma garrafa de uísque. Suas palavras não saiam da minha cabeça. Não conseguia esquecer o fato dela dizer que estar comigo era o mesmo que desejar a morte ou estar morta, agora tanto fazia o sentido das suas palavras.

Só sei que, todos os meus planos, para fazer dessa noite uma noite especial para ela, foram transformados em nada. Ela fazia questão de deixar claro que não estava feliz com esse casamento, ela gostava de me ferir com suas palavras que pareciam ferro em brasa.

O que ela esperava? Eu sou melhor do que o barão, por mais que ela diga que ele nunca a tocou, uma hora iria acabar tocando e toda essa pureza, que ela fazia tanta questão de se vangloriar, seria jogada na lama. Eu salvo essa maldita escrava arrogante, da vida que ela levava, e ela me agradece com palavras grossas.

Mas minha palavra seria mantida, ela tem quatro luas cheias para vir até a mim, e se entregar por sua livre vontade, ou a devolveria para o barão e arrumaria outra esposa, uma esposa que não vê como morte estar em meus braços.

Por mais que meus pensamentos fossem esses, minha vontade era outra. Não sei se era pelo fato dela ter me renegado ou se era pelo fato dela me fascinar tanto ao ponto de me fazer querê-la bem mais do que as outras. Porque estava claro que não só eu como o meu corpo todo queria e clamava por Isabella.

Continua...

O Príncipe e a PlebeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora