Pérola gostaria de ter dito que iria sozinha, que não precisava ser levada como alguma espécie de pacote ou encomenda, mas algo a fez calar-se e aceitar com mansidão a companhia do dono da empresa.
Assim que se afastaram das máquinas e o barulho forte foi ficando para trás, pérola retirou os protetores eletrônicos. A ala comercial aparecia diante deles, seu silêncio era tamanho que parecia machucar os tímpanos tanto quanto o ruído infernal de até então.
— Nem mesmo sei onde fica a enfermaria pérola comentou, sentindo-se um pouco tonta.
— Se essa é sua maneira de me falar que não está acostumada a se ferir no serviço, não precisa se importar em esclarecer nada. Márcio esboçou um meio sorriso. Se isso fosse um hábito seu, eu decerto já saberia.
— Não, não é nada disso! apressou-se a explicar. o que quero dizer é que a única vez em que estive neste setor da porto foi no dia em que me contrataram.
— E quando foi isso?
— Há dois meses.
Pérola imaginava se, tal qual ela, seu patrão estaria imaginando que ainda faltava um mês de experiência a ser completado. Desse modo, talvez ponderasse que operários que não se dão bem com as máquinas ou que se ferem muito têm grandes chances de serem demitidos nesse ínterim. Sentia-se péssima. Não só quebrara o recorde da seção quanto a acidentes de trabalho como o fizera diante do dono da empresa! Não contente, acabara de demonstrar o quanto era inexperiente.Uma senhora vestida de branco saiu de uma porta ao final do corredor.
— O supervisor interfonou, avisando que estavam a caminho, sr. Vamos dar uma olhada nesse ferimento. Observando a queimadura de perto, a senhora pôde constatar melhor sua gravidade. Segundo grau… Bem, não é muito grande, mas precisa ser muito bem tratada. Vai doer bastante durante algumas semanas, e talvez deixe uma cicatriz. Entre, querida. Limparei a área e cuidarei disso bem depressa para que não piore.
Ao entrar na enfermaria, a ligeira tontura de pérola piorou, fazendo-a cambalear. Márcio logo a amparou, ajudando-a a aprumar-se.
— Esses sapatos pesados também não colaboram muito, não é?
pérola queria sorrir, mas estava sentindo muita dor.
— Desculpe-me, não sei como me senti tão fraca de repente. Quanto aos sapatos… não me importo de usá-los. Acredite em mim quando digo que posso operar as máquinas, sr. Porto…
Ele percebia o medo que pérola tinha de ser demitida. Recostou-se a um dos armários e comentou, com a maior naturalidade:
— Achei que iria falar disso.
A enfermeira aproximou-se, interrompendo-o por alguns instantes.
— Vou colocar um antiinflamatório e um medicamento contra bactérias. Doerá um pouco.
A dor aguda que a encheu fez pérola chorar. Márcio porto abriu um dos armários e espiou dentro dele. Se ele estava agindo assim para deixá-la mais à vontade enquanto chorava, ela agradecia pela gentileza.
— Ainda tem antiácidos por aqui, Nadine?
— Na gaveta da direita, sr. informou, sem deixar de cuidar de pérola com agilidade.
Márcio achou as pastilhas e colocou três delas na palma da mão.
— Sinto muito se estou fazendo seu estômago revirar, senhor.
— No que se refere a minha azia, senhorita, posso garantir que não é páreo para minha avó. A propósito, como é seu nome?
Mais uma vez, pérola se culpava por chamar a atenção dele sobre si mesma.
— Mantovani ….“Pronto! Agora Márcio Porto nunca mais esquecerá meu nome…"
— Poderia me contar o que, exatamente, aconteceu na produção, Pérola? pediu ele, soando mais incisivo do que tencionara.
Pérola procurou explicar da melhor forma possível o que vira de errado no motor. Enquanto isso, Nadine terminava seu serviço impecável, colocando uma atadura sobre o machucado. Depois, pôs alguns analgésicos num envelope e entregou-o a pérola, dizendo-lhe que deveria voltar à enfermaria dali a dois ou três dias para que ela averiguasse o progresso da cura.
Pérola agradeceu, pegou seus protetores de ouvido, suas luvas e levantou-se, esforçando-se por manter o equilíbrio que a dor forte quase lhe tirara minutos atrás. Afinal, fora apenas vítima de uma queimadura pequena, e precisava voltar ao serviço.
Márcio porto acompanhou-a pelo corredor, mais uma vez. Pérola não o fitava. Por fim, achou melhor dizer algo:
— Foi muito gentil ter ficado comigo, sr. Porto. Obrigada.
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COISAS DO UNIVERSO (ADAPTAÇÃO)
RomanceSinopse: Ele era um pai solteiro... Ela, a mulher ideal! Márcio porto não tinha problemas em gerenciar um negócio de sucesso, mas, como um bom pai solteiro com uma adorável filhinha de quinze meses de idade, realmente encontrava problemas em lidar...