— Preciso que pareça real. Estou contando com vocês, o carro já está lá e tem o suficiente para os meninos se virarem, mas isso depende de como vamos fazer. — Seokjin estava no refeitório com os meninos. Odiava concordar com tudo aquilo, mas sabia que não tinha escolha, ainda mais quando se tratava de seu irmão.
— Mas acha que vão acreditar em você? —
— Sim, estou contando com isso. Namjoon vai estar no carro, Yoon e Hoseok no quarto com Jungkook, e você vai ajudá-lo a sair de lá enquanto eu faço a cena. — O mais velho falava com Hyung. — Taehyung, essa é uma escolha de vocês. —
— Eu sei. — Seu lábios já estavam machucados de tanto que o acastanhado os mordia. — Vamos fazer isso. —
— Certo. —
O mais velho se levantou e partiu para a saída do refeitório. Tentava não pensar no quão isso poderia dar errado e só queria imaginar tudo indo bem. Seu pai e sua mãe estavam no corredor do quarto de Jungkook, que tinha os proibido de entrar em seu leito. Hoseok e Yoon estavam no quarto com o moreno arrumando todas as coisas, mas se quer tinham muitas. JK carregava consigo uma muleta, a roupa do corpo e um celular velho. Seu coração batia rápido e sentia seu estômago doer com a ansiedade. Era uma emoção e tanto, mas não uma que deveria ser comemorada.
— Vocês tem certeza? — Yoongi estava aflito.
— Já estamos começando, e eu não vou voltar pra lá. —
— Vai dar tudo certo Yoon. — Hoseok tentava se manter calmo, mesmo estando alerta com todos os movimentos possíveis, dentro e fora do quarto.
Dois toques baixos foram escutados da porta, e quando viram o rosto de Taehyung, sabiam que aquela era a hora. Jeon sorriu sem mostrar os dentes e assentiu com a cabeça para o namorado.
Lá fora, era a vez de Seokjin. O mais velho estava andando em direção aos pais e tremia por dentro, mas tudo o que precisava fazer era atuar. O maior caiu de joelhos no chão, o que proporcionou um grande baque que assustou quem circulava pelo andar.
— Código laranja! — Um dos enfermeiros correu até o príncipe e se ajoelhou ao seu lado.
— Meu peito... — Jin tinha as mãos em seu peitoral e fingia uma cara de dor impagável. — Não consigo respirar. —
A esse ponto, todos estavam ao seu lado, inclusive seus pais. Esse era o momento.
— Ah! — O maior gritou o mais alto que pode e se jogou de novo no chão. Era o sinal.
— Vamos. — Taehyung segurou a mão de Jeon e abriu a porta em silêncio. Se não fosse um momento tão forte e perigoso, iria se permitir dar risada da cena que Jin fazia. Os meninos praticamente saíram na ponta dos pés e até se assustaram com mais um dos gritos de Seokjin tentando não deixaria atenção sair de si.
Jungkook sentia todos os ossos e músculos de seu corpo doerem, mas junto a adrenalina que percorria em seu sangue, jamais iria parar.
Se fossem pelo elevador, poderiam ser vistos, por isso partiram para a escada e daí surgiu a grande ajuda dos meninos que foi carregar o moreno no colo para que seu corpo não sofresse tanto. E foi como previsto e até mais fácil do que pensaram chegar até a parte de trás do hospital, mas não podiam cantar vitória antes da hora.
— Ei, o que estão fazendo? —
Todos os garotos ficaram estáticos. Taehyung sentia que seu coração fosse sair do corpo a qualquer momento de tão rápido que batia, mas só de escutar aquela voz, quase teve um infarto.
Hoseok se virou.
— Estamos indo respirar um pouco, cansa muito ficar aqui dentro, não acha? —
— E quem é esse paciente? — O segurança começou a se aproximar com um olhar duvidoso.
— Meu primo, e se eu fosse você, não chegava tão perto. Não conhece a doença de... Hills? —
— Doença de Hills? Nunca ouvi falar, ele poderia se virar, por favor? — O homem (exageradamente alto) colocou a mão em seu cinto que continha seu rádio.
— É pior que conjuntivite cara, é tipo olhou pegou. Acho que seus filhos não vão querer um pai com a cara inchada e os... órgãos... desfigurados. — Hobi não tinha ideia do que estava dizendo, mas não ajudava em nada.
— Senhor, peço que o paciente se... —
O cinco abaixaram um pouco o corpo com um susto que tomaram. Um barulho alto de vidro quebrando no final do corredor chamou a atenção do segurança que no mesmo segundo correu para averiguar o que era.
— Vai! Tae, leva ele! —
O acastanhado nem pensou duas vezes, colocou Jeon em seu colo com toda sua força e andou o mais rápido que pode para a entrada mais afastada do hospital.
Estava ofegante, com medo, mas a única coisa que tinha certeza era de que por mais que fosse um cara sortudo por ter Jungkook ao seu lado, passariam por dificuldades extremas se tudo desse certo, mas naquele ponto, já não podia mais desistir.Ambos saíram pela porta automática, Kook tampando o rosto com uma máscara e cobrindo o resto com a touca de seu casaco e Taehyung também com uma das máscaras brancas.
— Vem rápido! — Namjoon destravou a porta do carro e abriu pelo banco da frente. Hyung colocou o namorado com cuidado, mesmo no calor do momento e entrou ofegante. — Gostaram do vidro quebrado? Se eu for preso, caço vocês dois. —
— Vamos Joon. —
O maior deu partida no carro e saiu o mais rápido que pode dos arredores do hospital. Jeon tinha os olhos encharcados, mas não de emoção, e sim de tristeza ou medo. Tinha tantos pensamentos em sua mente que mal conseguia coordenar tudo o que estava sentindo, só segurou forte a mão de Taehyung e olhou para trás uma última vez.
— Vai dar tudo certo. — Kim abriu um sorriso sincero, o sorriso que acalmava o coração acelerado de Jungkook. — Não precisa mais chorar, vou cuidar de você para sempre. — O acastanhado pousou sua mão sobre a maçã do rosto do moreno.
O toque calmo de Hyung era tudo o que precisava naquele momento. Em meio ao caos, ele sabia exatamente o que fazer para no mínimo acalmar os nervos.
Namjoon usou caminhos alternativos para e acelerava um tanto rápido, se sentia no dever de deixá-los em segurança e também ficara triste por conta de tudo aquilo ter que acontecer, mas jamais deixaria o amigo sofrer daquele jeito. Com a estrada livre para a cidade vizinha, conseguiu diminuir o percurso até o velho galpão que Jeongguk e Jin se encontraram pela primeira vez. O tempo estava um pouco gelado e tudo em volta era deserto, e assim que estacionaram o carro, Hyung ajudou o moreno a descer do carro e se estabilizar enquanto o maior tirava tudo o que tinham do carro e levava para dentro do galpão.
— Eu preciso voltar, não posso deixar tudo tão na cara e logo tudo vai virar um caos de novo. Quero que se cuidem, eu amo vocês mais do que imaginam, e Jeon, esse cara te ama mais do que já amou a si mesmo, eu quero que você o faça feliz. — O loiro deu um abraço forte em seu - quase que - irmão e não segurou as lágrimas nos ombros do acastanhado que também soluçava. Deu um beijo no alto da cabeça de Jungkook e virou para ir embora, saindo do campo de visão dos garotos em poucos minutos.
— Tae? — Depois de um silêncio que ambos entendiam bem o motivo, Jeon não aguentou mais. — Eu amo você. —
— Eu também te amo, vida. — Hyung abraçou calmamente o namorado e se afundou em seu pescoço. — Queria que a situação fosse outra, que eu pudesse te levar pra jantar ou algo do tipo, mas nada disso muda o porquê de eu estar aqui com você. Eu acho muito estranho sentir tudo isso por você, mas eu nunca amei ninguém igual eu te amo. —
— Fico feliz de você ser meu primeiro amor. Você é o cara da minha vida, pode ter certeza. —
— Vem, mesmo sem fogão eu vou fazer algo pra você comer. —
— Certo, comida de hospital é horrível. —
Jeon sentiu seu coração puro, mesmo ali, mesmo naquela situação, com tudo a sua volta um caos, mas Taehyung era o seu ponto de calmaria. Seu amor. O que queria naquele momento, e nada mais.
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O Príncipe Esquecido
FanfictionCom ajuda de seu irmão - Jin -, Jungkook foge de suas obrigações como príncipe e herdeiro do trono de KingSton. Partindo para Seul sem que ninguém saiba seu paradeiro, o garoto só quer viver uma vida normal e se sentir livre. Lá, encontrará diversos...