q u a t r o

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Q U A T R O

A luz que repentinamente invadiu o meu quarto fez com que eu resmungasse em baixo dos lençóis, puxando-os até o topo da minha cabeça em reprovação. Eu não havia dormido quase nada de ontem para hoje e temia que as próximas noites fossem iguais a essa; com Leon Colleman apoderando-se dos meus pensamentos e os roncos de Dillon me dando nos nervos.

— Bom dia, desgraça. — Aquela era a voz de Nathan Davies. — Levanta e vai tomar café. Nós só estamos esperando você para irmos para a cachoeira.

Cachoeira?

Eu grunhi, querendo apenas mais alguns minutinhos de sono, mas Nathan não hesitou em arrancar as cobertas de mim enquanto continuava a discursar sobre como o clima estava incrível hoje e vários outros assuntos que eu não me importei em ignorar.

Sentei na cama, murmurando alguns palavrões e semicerrei meus olhos enquanto tentava me acostumar com a luz que atravessava as janelas. Nate continuou em pé ao meu lado, com os braços cruzados, mas o semblante divertido.

— Você é insuportável — eu disse, com a voz rouca e sonolenta.

Ele soltou uma risada, bagunçando meus cabelos, e foi rapidamente retribuído com um tapa na boca do seu estômago que o fez se curvar teatralmente em dor.

— Cacete, Maeve.

— Vaza daqui — murmurei.

Nathan franziu o cenho, fingindo descostume com toda a minha grosseria matinal e gratuita.

— Eu sou obrigado a acordar a fera e, ainda por cima, sou tratado dessa forma. — Soltou o ar, indignado. — Que palhaçada.

Não respondi. Apenas lancei-lhe um olhar mortal que dizia por si só que ele estava prestes a ser a vítima de um homicídio se continuasse ali, e voltei a me jogar nos lençóis quando ele fechou a porta ao sair, entendendo meu recado.

Nathan estava certo. O dia realmente estava muito bonito hoje. O sol estava escaldante e o céu azul não carregava uma nuvem sequer, o que me fez soltar um suspiro de alívio ao perceber que não ficaríamos o dia todo enfurnados em casa com um jogo de baralho e bebida, como eu imaginei que seria à princípio.

— Está pronta, gata? — Matthew Wood surgiu ao meu lado, depositando um beijo estalado em minha bochecha antes de passar por mim para colocar as nove toalhas em seu porta-malas, junto com alguns lanchinhos e troços insignificantes que eu tinha certeza serem de Violet e Luna.

Eu forcei um sorriso e balancei a cabeça positivamente.

— Pronta e louca por um banho de cachoeira para lavar a alma — respondi.

Os lábios de Matt se levantaram em um sorriso divertido quando ele me encarou e eu quase derreti ali mesmo. Por mais que Leon estivesse mexendo comigo desde que surgiu na porta da minha casa, eu estaria mentindo descaradamente se não dissesse que Matthew era fascinante em todos os sentidos possíveis.

Os olhos castanhos eram calorosos e receptíveis, assim como seu sorriso, e seus cabelos bagunçados acompanhavam o tom de suas íris. Diferente de Leon, ele era tudo que eu deveria querer. Além de ser amigável e descontraído 24 horas por dia, Matthew era o tipo de cara que hoje em dia nós chamaríamos de intelectual; sempre com um livro em baixo do braço e uma xícara de café em mãos, ele parecia gostar de uma boa leitura tanto quanto eu.

Perfeito.

Ele era perfeito para mim. Definitivamente o cara que meus pais classificariam como o ideal.

SIX (COMPLETO NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora