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U M

2 meses antes

Dillon!

Joguei todo o peso do meu corpo em cima da mala, odiando que meus longos fios castanhos tapando minha visão estivessem dificultando ainda mais a tortura que era fechar minhas coisas antes de uma viagem. Bufei, sentindo a raiva aos poucos aflorar em meu peito.

Maldito cachecol, pensei ao perceber que o tecido estava se enroscando no zíper.

Grunhi.

Dilloooooooooooon! — gritei mais uma vez.

Um instante depois, meu irmão apareceu na porta, emburrado. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados e sua samba-canção dizia por si só que ele provavelmente havia acordado há menos dez minutos. Joguei a cabeça para trás, em uma tentativa falha de tirar meu cabelo do rosto para observá-lo, e fiz meu melhor biquinho de irmã caçula.

— Você pode me ajudar? — perguntei, mas ele continuou parado enquanto me analisava, com uma tigela de cereal em mãos e aquele sorriso irritante nos lábios que deixava claro que ele acordara determinado a me tirar do sério.

— Prefiro ficar aqui e assistir ao show. — Ele recostou-se no batente da porta, antes de levar mais uma vez a colher à boca. — Quanto tempo se passou?

— Dez minutos? — respondi em tom de dúvida, minha voz demonstrando que claramente não me importava quanto tempo eu havia perdido tentando fechar aquela mala sozinha. — Por favor, Dillon.

— Mais dois minutos.

— O quê?

— Mais dois minutos e você bateria seu recorde — disse ele, de boca cheia. Depois levantou a mão livre e gesticulou como se a próxima frase estivesse estampada em um maldito outdoor: — Quanto tempo Maeve Lynn Miller dura sem gritar por ajuda? Não perca os próximos episódios de "Tente e Falhe Miseravelmente". Apenas aqui, na casa dos Miller.

Bufei.

Então empurrei a mala para baixo com força, desejando que fosse seu maldito rosto ali para que eu pudesse sufocá-lo um pouquinho. Só um pouquinho.

Escutei quando ele deixou sua tigela em minha escrivaninha e se aproximou, sabendo que sua tentativa de me irritar às sete da manhã não resultaria em nada bom, caso continuasse insistindo.

— Vamos, pirralha, saia daí — murmurou, e eu assim o fiz, deixando que ele tomasse comando da situação.

Como sempre havia sido.

Eu tentava, mas Dillon e papai simplesmente não permitiam que eu tomasse as rédeas da minha vida. Sempre criando problemas com todas as minhas escolhas, os dois insistiam em controlar cada detalhe da minha vida, do meu círculo social e até mesmo dos meus estudos.

"Não, Maeve, Matt Wood é um completo babaca. Você não deveria ficar com ele", meu irmão disse, quando descobriu que Matt e eu estávamos trocando algumas mensagens, mas eu sabia que aquilo não era um conselho.

Seus olhos azuis, quase soltando faíscas, me diziam que o belo rosto de Matt não seria mais tão belo se eu insistisse naquilo. E eu não duvidava nem um pouco dele, uma vez que o punho de Dillon conhecia todos os caras que tentaram se aproximar de sua irmãzinha.

Eu sabia que seu conselho, na verdade, era uma ordem.

Não que eu ligasse para as suas ordens.

Não me lembrava de ter cumprido uma delas sequer. E simplesmente adorava o fato de que isso tirava Dillon completamente do sério.

Adorava saber que eu lhe dava um pouco de trabalho.

SIX (COMPLETO NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora