t r ê s

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T R Ê S

A cabana em que estávamos comportava facilmente nove pessoas. Eram quatro quartos equipados com banheiros e cama de casal. A sala de estar era enorme e a cozinha, americana, o que facilitava ainda mais a interação entre todos nós durante as refeições.

Felizmente eu havia conseguido ficar com o maior quarto da casa.

Infelizmente, eu estava sendo obrigada a dividi-lo com meu irmão e Leon.

Eu queria seriamente esganar quem quer tivesse organizado aquela divisão estúpida, mas aparentemente havia sido uma decisão unanime da qual eu não havia participado por ter ficado ao lado de fora da casa fofocando com Andy assim que cheguei.

Leon havia tido o bom senso de se oferecer para dormir no sofá da sala – levando em conta que ele era um completo intruso naquela viagem –, mas, para a sua sorte e meu infortúnio, o quarto em que Dillon e eu ficaríamos vinha com um maldito sofá-cama de brinde, no qual ele poderia dormir mais confortavelmente.

Claro que aquilo não havia me agradado nem um pouco, mas convencer Andy de chutar Liam para fora da cama e me deixar dormir com ela foi impossível. Também tentei convencer Nathan, que estava dividindo quarto com Matthew, mas colocar Matt e meu ex-namorado para dividirem o mesmo cômodo também era algo fora de cogitação. Violet e Luna ocupavam o terceiro quarto, contudo eu não era próxima o suficiente para pedir-lhes qualquer tipo de favor, ainda mais sendo este dividir uma cama com o babaca do meu irmão.

Então pensei em partir para o plano B; tacar fogo no sofá-cama para que Leon tivesse que se contentar com o sofá da sala de estar, mas meu receio de incendiar a cabana inteira logo na primeira noite gritou mais alto e eu tive que me conformar de que, além de ter que passar seis dias com meu ex-namorado, eu teria que passar seis dias dividindo quarto com ele.

Dessa forma, lá estava eu, rolando na cama durante a noite inteira. Pregar os olhos parecia impossível, principalmente com Dillon Sean roncando ao meu lado. Minha vontade de sufoca-lo com um travesseiro parecia aumentar à medida que o barulho do seu ronco chegava aos meus ouvidos, mas eu tentei me conter.

Suspirei, sem uma gota de sono. Meu cérebro parecia mais acordado que nunca, meus pensamentos a mil por hora. A casa, por outro lado, era reinada pelo silêncio.

Eu definitivamente era a única acordada.

Bufei.

Contrariada, pus-me de pé silenciosamente atrás do meu maço de cigarros, antes de arrastar-me para fora do quarto. O corredor era longo e estreito, mas a luz do luar atravessando as janelas e iluminando a sala de estar foi o suficiente para que eu conseguisse me guiar até lá sem precisar me preocupar em procurar pelo interruptor.

A sala já estava uma maldita bagunça e nós mal havíamos nos estabelecido direito. A louça estava entupida de pratos e eu quase decidi lavar tudo aquilo sozinha. Contudo, entre fumar um cigarro e lavar pratos, eu definitivamente estava mais apta a escolher a primeira opção.

O clima estava fresco quando me coloquei ao lado de fora, sentando-me nas escadas da entrada da cabana. A escuridão da floresta em volta da casa era assustadora pra caramba, mas quando levantei meus olhos para o céu, me esqueci completamente do cenário sombrio a minha volta. O céu estrelado definitivamente roubou 100% da minha atenção.

Lembrei-me da paz que preenchia meu peito toda a vez que eu deitava sobre a grama para observar o céu quando criança, e sorri. Durante o meu dia a dia em Mainport, poucas vezes eu havia tirado um tempo da minha rotina para apreciar aquela tela infinita. O céu azul claro, com nuvens em seus formatos engraçados, sempre foi lindo e divertido de se apreciar, mas nada se comparava à vista do céu estrelado que eu tinha naquele momento.

SIX (COMPLETO NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora