I - Allegro Affettuoso

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Concerto n°1:

I - Allegro Affettuoso

A alta risada infantil ressoava pela casa, trazendo consigo uma alegria incomum. Era impossível ser imune àquela gargalhada, simplesmente impossível; por mais que apenas um sorriso pequeno adornasse seus lábios após ouvi-la, aquilo era prova mais que suficiente do quanto não conseguia deixar de ser contagiado por tal gesto. Estava distante da fonte do riso, mas seus sensíveis ouvidos captavam o som sem qualquer problema, como se ele estivesse exatamente ao seu lado. Porém, sabia que não tardaria para que ele realmente se aproximasse... era como se o bebê não conseguisse ficar sem atormentá-lo nem por alguns minutos. E nunca admitiria em voz alta o quanto apreciava a aparente necessidade de seu irmãozinho de estar perto de si.

– Tashiii! – O grito agudo e desafinado se seguiu, enquanto passos pequenos podiam ser ouvidos em uma corrida desajeitada, fazendo com que o garoto mais velho se virasse na direção do barulho, atento para que nenhum acidente ocorresse com aquela criança atrapalhada. – Taashiiii!

– Sasuke. – Resmungou, sabendo que o irmão não pararia de gritar enquanto não o respondesse.

– Tashii... – Ele voltou a chamar, próximo o suficiente para estender os braços num pedido mudo por colo.

Respirando profundamente, Itachi atendeu-lhe o pedido, trazendo o bebê para próximo de seu corpo e vendo-lhe o imenso sorriso enquanto os pequenos braços se entrelaçavam em seu pescoço.

– Cuidado com meu cabelo. – O mais velho instruiu, tendo diversas experiências desagradáveis com Sasuke e seus cabelos compridos, sem qualquer vontade de repeti-las. – Se puxar, eu te solto.

– Bêloo! Bêlo Tashii! – O bebê balbuciou, não dando qualquer mostra de ter entendido seu recado, ou o ignorando de propósito, o que o deixou um pouco contrariado.

– É, cabelo do Itachi. Deixe-o em paz.

Sasuke sorriu largamente, olhando para o irmão de forma inocente e apoiando a testa em seu ombro. Respirando aliviado, o mais velho permitiu-se acariciar-lhe as costas com a ponta dos dedos, ouvindo-o suspirar satisfeito e abraçá-lo com mais força, o que fez com que um suave calor se concentrasse em seu peito. Gostava de tê-lo perto assim, quando ele estava calmo, e sentir aquele cheiro suave de bebê adentrar por suas narinas de forma prazerosa. Porém, antes que pudesse relaxar por completo, aquelas traiçoeiras mãozinhas se esgueiraram por seus finos cabelos negros, correndo os dedinhos úmidos por sua extensão de forma dolorosa, para em seguida segurá-los firmemente, enquanto Sasuke ria, balançando as mexas de cabelo alegremente.

– Sasuke... – Sibilou, querendo jogar a criança longe, mas tendo medo que ela carregasse seu cabelo junto. Maldito irmão mais novo! Maldito fosse por ser tão falso e dissimulado. Estava com tanta raiva daquele bebê maligno que se pôs a caminhar com passos firmes até a cozinha, a procura de sua mãe, com uma expressão de desgosto suave, porém, que demonstrava o quanto estava incomodado. – Tira ele de cima de mim. – Ordenou à mulher, sem dar a mínima para respeito ou semelhantes, desde que Sasuke soltasse seu cabelo imediatamente.

– Não fique bravo, querido... ele é só uma criança, não entende que está te machucando. – Sua mãe pediu, afável, enquanto tentava soltar as mãos de seu filho mais novo dos cabelos de Itachi com certa dificuldade.

– Meu cabelo não tem nada a ver com isso. – O menino voltou a sibilar, trincando os dentes devido à dor de sentir vários de seus fios serem arrancados enquanto sua mãe tentava afastar as mãos de Sasuke de si, que havia franzido o cenho em concentração para dificultar o trabalho da mulher, não tendo a menor intenção de soltar aqueles cabelos delicados.

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