I - Allegro Appasionatto

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Concerno n°1:

III - Allegro Appassionato


A música alta irritava seus ouvidos, enquanto a luz negra do local o deixava um pouco perturbado. Gostaria muito de saber o que estava fazendo ali, enquanto era guiado por entre corpos dançantes e feixes de luz.

Detestava boates e casas noturnas. Não fazia seu estilo, a música não lhe era agradável, muito menos o cheiro de álcool e suor que permeava o ambiente.

Madara havia lhe garantido que aquele lugar era diferente. Seu tio parecia tão empolgado com a perspectiva de levá-lo ao clube que Itachi acabou cedendo e aceitando o presente de aniversário que lhe era oferecido. Mesmo a contragosto. Na verdade, o que o fizera concordar com tal disparate fora uma promessa feita pelo mais velho há anos atrás. Nunca se esquecera daquelas palavras e agora, às vésperas de seus dezoito anos, estava prestes a descobrir do que se tratavam.

Apesar de toda a sua contrariedade, ficou satisfeito quando Madara o levou a um local isolado, batendo em uma porta de metal e trocando algumas palavras com o segurança que o atendeu. Ainda que intrigado, Itachi não questionou, apenas o seguindo porta adentro, aliviado quando a luz, apesar de fraca, se tornou normal e o som alto foi apaziguado pelas grossas paredes.

– Esse lugar é fantástico! – Seu tio exclamou excitado, enquanto praticamente o arrastava por uma escada feita de ferro e forrada por couro.

Não se dignou a responder, apenas observando os arredores e limitando-se a tentar entender porque Madara, por algum lapso sináptico, achara que ele, Itachi, apreciaria passar a noite ali. Seus pais não pareceram perturbados pelo pedido do tio de levá-lo para ter uma véspera de aniversário irreverente, porém o olhar desolado que Sasuke lhe lançou fora o suficiente para que sentisse uma súbita vontade de ficar em casa e ignorar a promessa do mais velho.

Mas, para sua infelicidade, a insistência de Madara conseguira ser irritante o suficiente para trazer à tona a antiga curiosidade que lhe preenchera anteriormente. Ele lhe prometera respostas àquela noite e tinha toda a intenção recebê-las. Pretendia passar o dia seguinte, a data real de seu aniversário, com o irmão mais novo, já que o pré-adolescente possessivo não aceitaria qualquer tipo de recusa quanto a isso. Sasuke era um garoto fechado e quase ranzinza, mas sabia muito bem se fazer claro em suas intenções. E Itachi era capaz de lê-lo com extrema perfeição.

Passou juntamente a Madara por mais uma porta de metal, onde outro ambiente foi introduzido à sua visão. Um ambiente que o fez estancar em completo choque, enquanto olhava ao redor sem conseguir absorver o que seus olhos captavam.

– Madara, quanto tempo! – A voz feminina cumprimentou seu tio. Uma mulher voluptuosa se aproximava lentamente de ambos, vestida em um corset de couro que lhe moldava os seios e a cintura com uma perfeição quase obscena. – E quem é esse jovem adorável? – Ela perguntou, olhando para Itachi de cima a baixo com visível apreciação. – Seu?

Ouviu seu tio rir, ruidosamente, antes de passar um braço por seu ombro em pura proteção. Itachi entendeu o motivo: aquela mulher de longos cabelos acaju, lábios rosados e um olhar capaz de ver por dentro de sua alma, simplesmente exalava perigo. Ela parecia uma espécie de succubus, pronta para sugá-lo por inteiro a qualquer ínfimo movimento.

Mas apesar da beleza e appeal, Itachi viu-se surpreso ao perceber que ela não lhe interessava em nada. Sua postura altiva não lhe era atraente, assim como o corpo delineado não chamava a atenção de seus olhos. E essa descoberta o deixou um pouco mais sobressaltado do que já estava.

Não era ingênuo. Sabia apreciar mulheres e o corpo feminino, mas, por algum motivo, aquela mulher em específico não o atraía e não entendia exatamente por quê.

The Second MovementOnde histórias criam vida. Descubra agora