Abril

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Dói abril. Mês de abismos, mês de adeus. Perdi as contas dos até logo's dispostos na minha gaveta. As canetas em cima de uma folha qualquer sinalizando a última carta. Respira abril. Tudo passa. Sempre passa. O céu da minha janela me faz lembrar que tudo é fugaz. Passageiro. Eterno efêmero. Precipício. Sou labaredas inconstantes à ponto de fervilhar. Me perco, me encontro. Sobrevivo a partir daquilo que nasce da dor. Tão latente e pendurada na porta de entrada como um convite que tira pra dançar. Respira abril, tua dor também passa. Não é à toa que nasci assim... Tão cheia de impermanências, muitas delas vulcânicas que imploram pela ebulição permanente; e a vida na sua constante dança cíclica me tira e põe pra dançar, infinitas as vezes. Me prega peças. Me vira do avesso, me mostra o caminho e depois some. Me deixa sentada sem ponto final. E todas as histórias construídas nos intermédios dos suspiros são lavas vulcânicas... Queimam minha pele sem dizer adeus! Só restam rastros deixados no silêncio vago dos dias cinzas de abril. Respira.

-Os espaços vazios da minha gaveta de memórias-

Abril - 2019

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⏰ Última atualização: May 27, 2020 ⏰

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