Capítulo 10 - Clean.

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Point Of View: Camila Cabello.

A morte não é nada para nós, pois , quando existimos, não existe morte, e quando existe morte, não existimos mais. – Epicuro.

Algumas pessoas temem a morte mais que tudo, outros já estão mortos, mesmo que permaneçam andando. Dor física não se compara com a dor emocional. A morte física, não chega nem próximo da morte existencial. Quando você perde o ar por alguém estar te enforcado, você sabe que aquilo foi causado por um corpo presente; carne e osso. Mas, quando seus pulmões vão perdendo o oxigênio sozinho, não existe nenhum agente causador externo. 

Como lidar com seu psicológico que te sabota a cada segundo que passa? Como lidar com a escuridão que te puxa, lentamente, arrancando qualquer gota de esperança dos seus olhos. A cada nasce do dia, ela segue esvaindo. O que se deve fazer quando seu corpo treme, sem existir nenhuma convulsão real. A morte física deve ser é rápida, chega um momento que você não sente mais dor, contudo a morte psicológica te faz morrer vagarosamente.

Eu não tinha medo da morte, eu já havia morrido.

Me aproximei de Collen, ela permanecia com os olhos arregalados e respiração irregular, eu não a culpava, qualquer pessoa entraria em desespero se estivesse em um local onde uma bomba tava instalada.

Thomas também se aproximou da bomba fitando-a com curiosidade.

– Eu conheço esse tipo de dispositivo, consigo desarmar. – ele falou confiante, esfregando suas duas mãos, como um tipo de aquecimento. – Vou precisar de duas pessoas para me ajudar.

Quem se arriscaria a ficar perto de uma bomba? Ou melhor, de ficar perto de uma bomba que poderia explodir?

Mais uma vez estava Lauren levantando a mão. Ato de coragem, mas atos de coragem às vezes podem te matar.

– Não. Agente Jauregui vem comigo. Ainda precisamos ir à sala de armas.

Seria demais dizer que me importo com ela? Na minha cabeça sim.

– Mas... – ela começou a trazer um argumento inverso para minha afirmação.

– Você não consegue ser duas, Lauren. – eu disse com um tom elevado. Os outros recrutas automaticamente olharam pra mim.

Por que eu tava elevando meu tom de voz?

Lauren abriu a boca ligeiramente e de lá eu esperava uma chuva de respostas bem feitas, porém nada aconteceu. Ela fechou a boca novamente e me fitou fixamente, seus olhos tinham um brilho novo, ou era coisa da minha cabeça paranoica. Eu não sabia distinguir.

Transpareci algo? Impossível, eu sempre fui tudo, menos transparente.

– Certo, irei com você. Agente Cabello.

– Verônica e Normani, vocês podem ajudar ao Thomas?

As duas trocaram olhares entre si, parecia um grande questionamento sem palavras.

– Eu... Não sei. – Verônica falou, passando a mão consecutivas vezes no cabelo.

Seria um T.O.C?

– Eu posso ajudar. – Jack pronunciou, saindo de trás de alguns agentes.

Jack era um recruta negro com olhos redondos e que na maioria das vezes usava óculos, sua estatura era mediana, seus ombros eram largos e eu nunca o vi sorrindo. Contudo, dada às circunstâncias ele demonstrou coragem.

– Se aproxime de mim. – Thomas falou, e o rapaz caminhou firmemente em sua direção. – Alguém mais? – ele retomou a questionar. Ninguém deu indícios que iria pronunciar algo ou erguer a mão.

Até que Normani se movimentou, levantando seu braço cautelosamente. Lauren estava quase pronunciando alguma coisa, contudo eu interrompi.

– Agente Jauregui, precisamos ir.

Soft ControlWhere stories live. Discover now