Point Of View: Camila Cabello.
A morte não é nada para nós, pois , quando existimos, não existe morte, e quando existe morte, não existimos mais. – Epicuro.
Algumas pessoas temem a morte mais que tudo, outros já estão mortos, mesmo que permaneçam andando. Dor física não se compara com a dor emocional. A morte física, não chega nem próximo da morte existencial. Quando você perde o ar por alguém estar te enforcado, você sabe que aquilo foi causado por um corpo presente; carne e osso. Mas, quando seus pulmões vão perdendo o oxigênio sozinho, não existe nenhum agente causador externo.
Como lidar com seu psicológico que te sabota a cada segundo que passa? Como lidar com a escuridão que te puxa, lentamente, arrancando qualquer gota de esperança dos seus olhos. A cada nasce do dia, ela segue esvaindo. O que se deve fazer quando seu corpo treme, sem existir nenhuma convulsão real. A morte física deve ser é rápida, chega um momento que você não sente mais dor, contudo a morte psicológica te faz morrer vagarosamente.
Eu não tinha medo da morte, eu já havia morrido.
Me aproximei de Collen, ela permanecia com os olhos arregalados e respiração irregular, eu não a culpava, qualquer pessoa entraria em desespero se estivesse em um local onde uma bomba tava instalada.
Thomas também se aproximou da bomba fitando-a com curiosidade.
– Eu conheço esse tipo de dispositivo, consigo desarmar. – ele falou confiante, esfregando suas duas mãos, como um tipo de aquecimento. – Vou precisar de duas pessoas para me ajudar.
Quem se arriscaria a ficar perto de uma bomba? Ou melhor, de ficar perto de uma bomba que poderia explodir?
Mais uma vez estava Lauren levantando a mão. Ato de coragem, mas atos de coragem às vezes podem te matar.
– Não. Agente Jauregui vem comigo. Ainda precisamos ir à sala de armas.
Seria demais dizer que me importo com ela? Na minha cabeça sim.
– Mas... – ela começou a trazer um argumento inverso para minha afirmação.
– Você não consegue ser duas, Lauren. – eu disse com um tom elevado. Os outros recrutas automaticamente olharam pra mim.Por que eu tava elevando meu tom de voz?
Lauren abriu a boca ligeiramente e de lá eu esperava uma chuva de respostas bem feitas, porém nada aconteceu. Ela fechou a boca novamente e me fitou fixamente, seus olhos tinham um brilho novo, ou era coisa da minha cabeça paranoica. Eu não sabia distinguir.
Transpareci algo? Impossível, eu sempre fui tudo, menos transparente.
– Certo, irei com você. Agente Cabello.
– Verônica e Normani, vocês podem ajudar ao Thomas?
As duas trocaram olhares entre si, parecia um grande questionamento sem palavras.
– Eu... Não sei. – Verônica falou, passando a mão consecutivas vezes no cabelo.
Seria um T.O.C?
– Eu posso ajudar. – Jack pronunciou, saindo de trás de alguns agentes.
Jack era um recruta negro com olhos redondos e que na maioria das vezes usava óculos, sua estatura era mediana, seus ombros eram largos e eu nunca o vi sorrindo. Contudo, dada às circunstâncias ele demonstrou coragem.
– Se aproxime de mim. – Thomas falou, e o rapaz caminhou firmemente em sua direção. – Alguém mais? – ele retomou a questionar. Ninguém deu indícios que iria pronunciar algo ou erguer a mão.
Até que Normani se movimentou, levantando seu braço cautelosamente. Lauren estava quase pronunciando alguma coisa, contudo eu interrompi.
– Agente Jauregui, precisamos ir.