Dia 2.
Meus olhos se abriram lentamente, minhas pálpebras lutavam para permanecerem abertas quando ouvi diversas batidas na porta, fitei o relógio em cima da escrivaninha eram 3 horas da madrugada.
– Vamos recrutas. Acordem. – escutei o barulho de uma buzina, era insuportável qualquer pessoa acordaria com aquilo.
Me remexi na cama quando a luz foi acessa pela minha companheira de quarto. Ela se chamava Allyson Brooke: era expert em tecnologia. A amizade com a mulher de estatura baixa, com sorriso angelical foi fácil e eu até pensava que ela não era durona o suficiente para está ali, só pelo o tom da voz de menor se percebia que ela era amena. O passa tempo de Ally antes de entrar na academia era analisar as pessoas, foi por aquele motivo que ela escolheu o FBI. Ela tinha talento e seria uma pena dispensar com algum trabalho comum.
– Esse deve ser o sinal pra levantar. – Ally bocejou.
– Abram a porta. – Elas ouviram uma voz feminina exclamar.
Eu já reconhecia aquela voz a metros de distancia.
– Nossa, querem me ver com essa cara amassada? – Pontuei debochada.
Empalideci imediatamente quando a porta foi aberta sem nenhum aviso prévio por Ally. Eu tinha acabado de me livrar da minha roupa de dormir, naquele instante eu estava apenas de calcinha e sutiã.
Camila não conseguiu controlar seus olhos, automaticamente fitou o meu abdômen, eu permanecia imóvel na sua frente. Logo a instrutora se restabeleceu, levantou seu olhar para meu rosto, me fazendo arquear minhas sobrancelhas.
– Vista a roupa recruta Jauregui. - a voz de Camila transbordava gelidez. – Você pensa que aqui é algum tipo de desfile de roupa intima? – engoli em seco.
Eu não sabia em que momento minha saliva havia se tornado tão espessa.
– Não senhora. – respondi rapidamente.
Me cobri com a blusa que eu tinha acabado de retirar do meu corpo.
– Quero todos fora dos quartos em cinco minutos. – Disse por fim, se retirando da porta do quarto.
– Melhor a gente correr, Lauren. – Ally disse soltando o ar preso em seus pulmões.
Camila também lhe dava medo disso eu tinha certeza.
Em exatos três minutos eu e Ally terminamos de vestir nossos uniformes: uma blusa azul claro, uma calça bege com bolsos e coturnos pretos. Definitivamente não haviam sido feitos para nos deixar elegantes, nem bonitos, tudo era questão de conforto o que eu em hipótese alguma acharia ruim.
Normani ajeitava seu rabo de cabelo ao meu lado, a animação e a tensão estavam presentes no ar. O silencio era absoluto e toda aquela expectativa a matava. Todos os meus colegas estavam em fila indiana, encostados na parede dos seus devidos dormitórios enquanto agente Cabello e o agente Allen permaneciam sem mover um músculo.
– Espero que estejam todos bem acordados. – Camila pronunciou.
Andando de um lado para o outro, em passos ordenados, sincronizados. Sua postura continuava rígida.
A verdade era que ninguém tava de fato acordado.
– Para começar queria dizer que o dia está ótimo para uma corridinha de 100 km. – Thomas falou.
Apenas 100 km. Mal tinha começado e eu já sentia que iria morrer.
Todos começaram a correr, eu fui à única exceção.
– Tá esperando o quê? – Camila marchou em minha direção, me encarou fixamente.
– Essas roupas não são apropriadas pra corrida. – argumentei.
Ela abriu a boca incrédula, respirou profundamente.
– Eu nem acredito que estou ouvindo isso. – riu zombeteiramente.
Ela deu mais dois passos para frente, ficando á centímetros de distancia do meu rosto, seu nariz quase encostado ao meu.
– Você acha que no mundo real... Você vai poder escolher roupas, agente Jauregui? – falou grosseiramente.
– Eu só... achei que – fui interrompida bruscamente. – Você não acha nada agente, agora suma da minha frente.
– Algum problema agente Jauregui? – Thomas se aproximou de nós.
– Nenhum senhor. – Falei encarando a latina a minha frente.
Comecei a correr bem a tempo de alcançar Normani, os coturnos ficaram pesados, a roupa já começava a grudar no meu corpo, tudo dificultava o percurso.
– O quê foi isso, Laur? – Ela indagou um pouco ofegante devido a corrida.
– Eu fui questionar o motivo de correr com essas roupas inapropriadas.
– Você é louca.
– Sou justa. – Repliquei.
– Confrontando um superior? – sua expressão era de desaprovação. – Não faça isso aqui, Laur. Você podia ser da parte superior da hierarquia na marinha, mas aqui... Aqui você não é nada. Não queira ser pisada na primeira semana. – me aconselhou, dando um breve tapa no meu ombro antes de disparar na minha frente.
Continuei correndo, sentindo minhas pernas queimando, minha respiração ofegante, o meu coração parecia querer pular do meu peito. Eu já não aguentava mais, contudo ninguém tinha parado ainda. Vi Ally quase parando e me esforcei para chegar até ela.
– Vamos Ally. – incentivei. – Estamos quase terminando.
– Eu não consigo mais, Laur. – sua voz entrecortada, diminuiu os passos.
Eu tinha plena consciência do que aconteceria em seguida, nos segundos seguintes eu parei bruscamente no meio da pista, antes que a menor parasse. Ally arregalou os olhos, mas continuou com seus passos lentos. Então ouvimos Thomas gritar:
– Podem parar agentes. – Ally suspirou ao meu lado.
O que vinha a seguir eu já previa.
– Não estou surpresa. – Camila disse de longe. – Esse é o típico exemplo de uma pessoa que não vai durar aqui dentro. Não seja esse tipo de perdedora. – cuspiu ao meu lado.
Eu quis tanto esganar aquela desgraçada, fechei meus punhos sentindo todo o meu corpo tremendo em resposta.
– Agente Cabello. – Thomas tocou no braço de Camila, como um aviso de que ela estava indo longe de mais.
– Que sirva de exemplo pra todos vocês. Eu não estou aqui pra brincadeiras, nem formando perdedores. – Camila deu as costas para todos, seguindo em direção ao prédio.
Thomas continuava no mesmo lugar de antes.
– Eu vi o que você fez Lauren. – pronunciou baixo. – Isso é admirável, mas em quântico só sobrevive os melhores.
Meu coração batia de maneira diferente, será que alguém iria perceber?Meu coração batia de maneira diferente aquilo era errado?Meu coração era fraco? Sentir era um problema?Eu descobriria em breve.