14. O Passado de Thaty

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Todos me cumprimentavam, acho que havia arrumado bons amigos, seguiamos em frente agora, armados, Thaty com seu arco e flechas novas, Carl com sua foice dourada, Rumia com sua lança de aço, e eu com a espada nova que meu tio me dera, Carl a observava.

_Já pensou em dar um nome a ela?

_Nome à espada? Por quê?

_Para ela ficar reconhecivel, assim ela só obedecerá você.

Thaty interferiu no momento.

_Não assuste ele com esses seus assuntos de doente, não há necessidade de fazer uma coisa estúpida como essa.

_Você dorme abraçada com seu arco, chamando ele de Tedinho! - Carl sabia realmente irritar Thaty, eles corriam pela caverna à dentro, de uma coisa eu tinha certeza, Thaty não teria piedade, Rumia caminhava ao meu lado às gargalhadas.

Com os dois correndo na frente sobrou Rumia para falar comigo, eu a contei sobre a momento em que a Mofia pareceu curar minha perna.

_Essa é uma das formas de usar a Mofia, não sei muito sobre ela, já que é espontânea e eu não posso usar.

_Por quê?

_Cada pessoa tem algumas habilidades ligadas a ela, podendo ser iguais às de outras. Como por exemplo a que lhe mostrei, nós dois podemos usa-las.

_Carl e Thaty podem usar esse energia também?

_Eles têm sentido melhorado, treinaram muito duro, mas a Mofia deles não se manifesta como em nós. Por exemplo, Thaty tem uma visão apurada, o que é bom para uma arqueira, Carl é ágil como uma cobra, e...

Carl e Thaty voltavam para acompanhar nosso ritmo, Thaty estava com os braços cruzados e uma expressão de raiva, e Carl estava com um olho roxo. Rumia voltou a gargalhar e isso encerrava o assunto.

Chegamos ao quarto onde me deixaram, quando me salvaram, eu me perguntava por que havia um quarto daquele em uma caverna.

_Dener e Thaty - Rumia dizia - Vocês ficam de guarda agora, eu e Carl vamos descansar, na próxima trocamos.

Deveria ser umas três da manhã, Rumia e Carl dormiam no quarto. Eu estava com Thaty na porta da caverna, ela preparada com seu arco e eu com a minha espada, havíamos feito uma fogueira, iluminava até uma certa distância da caverna, o suficiente para sabermos se alguém estava próximo. Thaty estava calada, e era tedioso ficar esperando, tentei conversar com ela.

_Por quê Tedinho?

Ela olhou para mim com um rosto maléfico, e apertou o punho. Pulei para trás no mesmo momento. Não foi uma boa idéia dizer isso, apavorado tentei reformular minha pergunta.

_I-Independente do nome, por que dar nome à uma arma?

Ela se acalmou, deveria ser algo bem pessoal, ou uma piada considerado por ela de mal gosto.

_É uma identificação, isso você quem decide, você pode ter uma arma, ou pode ter, a arma.

_Então o nome é simbólico.

_Algumas pessoas dão o nome baseado na primeira vítima dela, outras em um acontecimento em sua vida.

_Entendo. Aquele é o nome do seu arco?

Thaty deu um tempo segurando o arco com força.

_Quando eu tinha seis anos, eu morava num vilarejo muito longe daqui, na época eu não tinha amigos ou amigas, vivia sozinha, na maior parte do meu tempo deprimida. Meus pais tentavam de tudo para me alegrar, me davam tudo que uma criança poderia querer, infelizmente nada resolvia, eu continuava, na solidão, mesmo eles não tinham tempo de ficar comigo, pois estavam sempre muito ocupados, não eramos ricos mas não tínhamos dificuldades de conseguir comida e sustento para a casa. Minha imaginação era fértil meu único amigo era um urso que eu imaginava quando me esquecia de que estava sozinha, ele era azul, com olhos cor de rosa, seu nome era Teddy, não demorou muito para meus pais me verem falando sozinha e fazendo rabiscos de mim com ele. Me compraram um urso de pelúcia azul e com os meus olhos cor de rosa. A partir desse momento não me sentia mais sozinha, tinha alguém ao meu lado, nunca me separava dele. Um dia haviam dois garotos mais velhos que o tomaram de mim, eu tentava pegar de volta mas não era forte o bastante, um dos meninos arrancou sua cabeça, eu comecei a chorar, gritar, entrar em desespero, até que encontrei uma força em mim, eu pude segurar, bater, chutar e até mesmo derramar sangue deles. De repente estavam lá, mortos em suas poças de sangue. Um deles escondia um arco em sua camisa, eu o peguei para compensar o que fizeram ao Teddy. Quando meus pais descobriram o que eu fiz, me expulsaram de casa. Vivendo na rua com um arco de madeira eu estava a sozinha de novo. Teddy havia desaparecido. Chegou um dia que eu estava suja, magrela de vários dias sem comer, me deitei em baixo de uma árvore esperando a morte. Foi então que conheci Rumia, ela cuidou de mim, me alimentou e me adotou como irmã mais nova, mesmo sabendo que eu havia matado dois garotos, naquele momento ela se tornou minha família ela se tornou... minha Teddy, e vem cuidando de mim até minha idade atual.

Aquilo deveria ser um assunto difícil para ela, então tentei perguntar algo mais simples.

_Quantos anos você tem?

_ Fiz 18 em fevereiro.

_Eu farei 17 em maio.

_Você parece bem mais novo.

_Meu tio me chama de moleque.

_Rumia me chamava de criancinha antigamente.

Com o tempo o assunto foi diminuindo, voltamos ao silêncio, comecei a ficar cansado, encosteina parede ainda acordado. As vezes fechava os olhos mas os abria e me dava uns tapas, até que um hora eu apaguei.

Acordei desesperado, havia dormido no meu posto, Thaty ainda estava acordada, cheguei a sua frente agitado.

_Quanto tempo eu dormi?

Ela me olhou com se eu estivesse louco.

_Uns cinco minutos - estava paralisado, sem expressão alguma, Rumia e Carl sairam do quarto.

_Bom dia pessoal, foi uma ótima noite de descanso - Rumia olhou para mim de forma estranha - que cara de agitado é essa Dener?, parece que não foi uma noite tão tranquila para vocês, de qualquer modo já que todos estamos bem, vamos continuar.

_Ei Dener a noite para você deve ter sido melhor que para mim - Carl disse - eu fui obrigado a dormir no chão.

Rumia deu uma risada curta.

_Ora, damas não devem dormir no chão.

_Vamos continuar - Thaty disse, parecia quieta, realmente lembrar seu passado talvez não tenha sido uma experiência boa - não se esqueçam que daqui à alguns dias podemos estar enfrentando um exército de aberrações.

Todos seguiamos pela caverna agora.

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