11. Decisões pt.1

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Estava uma manhã de sábado, o sol quente, Thaty, Rumia e Carl descansando dentro da oficina. E eu estava ao lado de meu tio e em frente à mãe do garoto que eu presenciei se convertendo em mau.

_Onde está Cris? Ele está aqui? Está bem? - Ela chorava como se já soubesse a verdade - eu vi alguns garotos entrando, Cris estava entre eles, não estava?

Seu rosto estava manchado de lágrimas, seu cabelo cacheado brilhava de forma a demonstrar alegria, mas não era isso que eu via em seu rosto.

O pior disso é ter de contar a ela, amava tanto seu filho, as vezes o mimava, o consolava, cuidava dele muito bem. Eu poderia dizer a verdade, mas ela talvez não acreditaria, eu também quase não acreditei que aquele era meu amigo bondoso. E se eu dissesse que ele morreu? Talvez seria menos doloroso que ouvir que seu filho querido queria destruir o reino do antigo rei. Nem pensar! Isso a deixaria em choque.

Eu não podia sentir a mesma dor que a dela. Mas não podia deixa-la com essa agonia. Doía só de pensar no que eu ia dizer, mas ergui meu rosto.

_Ele está bem - tentava simular um sorriso - está no reino depois da floresta, ele explorou tanto o lugar que gostou de lá, então eu voltei para dizer que ele está muito bem.

Andrea ficou em silêncio, não sei se havia acreditado naquela mentira, mas conseguiu ao menos enxugar as lágrimas.

_Então ele está bem? Que alívio, mas estou preocupada, com quem ele está?

Minha voz falhou, o que eu iria dizer agora?.

_Está sob cuidados de minha irmã.

Rumia apareceu ao meu lado dizendo.

_Minha irmã mais velha está cuidando e alimentando ele, eu tinha de acompanhar Dener até sua casa para que voltasse em segurança.

_Que bom! Mas quero que traga-o de volta, ele não pode simplesmente sair e se alojar na casa de estranhos.

_Não precisa se preocupar, ele se comporta muito bem, deve ter recebido uma ótima educação.

_Bem... - Andrea corou com o elogio - eu sempre digo a ele para ser gentil com todo mundo - ela riu - mas se ele está bem, isso me deixa mais tranquila, mas diga para ele não demorar.

_Tudo bem eu direi.

Andrea ouviu isso muito bem, em seguida foi embora.

_Obrigado por me ajudar aqui Rumia.

_Ora, como sou a mais velha entre Carl e Thaty, eu parecia mais com uma mãe responsável.

_Vocês deram sorte - o Tio Roy disse - Pelo fato dela se preocupar com o filho, ela não questionou o fato de vocês terem passado pela floresta e por aquelas aberrações.

_O Dener matou a rainha delas.

O Tio Roy pareceu raciocinar por uns segundos. Quando ele finalmente captou a mensagem, ele olhou para mim gaguejando e arregalando os olhos.

_Ma-ma-ma-matou a Rainha? - ele me balançou pelos ombros para frente e para trás agitadamente - como conseguiu fazer isso? Vamos nos sentar quero ouvir todos os detalhes. - ele se acalmou nessa hora - você tem de me contar tudo, desde porque foi à floresta.

_Tudo bem, vou lhe contar tudo, e Rumia.

_Sim?

_Creio que te atrapalhei ir dormir, volte a descansar, é o mínimo que posso fazer para agradecer de vocês terem me ajudado.

_Bom, sendo assim - ela sorriu - e eu tenho de agradecer, Thaty e Carl não dormiam bem à semanas. Obrigada por deixa-los dormir aqui.

Rumia subiu as escadas em direção ao quarto. O Tio Roy nos sentamos em frente a oficina. Olhavamos para a vila, com suas casas de pedra e madeira, enquanto eu contava sobre o meteorito de Mofia, do Cris, da Aranha, da Caverna e sobre as coisas que Rumia me disse sobre Mofia.

Meu tio pensou um pouco, olhava para cima, focando a visão em nada.

_Mofia hein, então essa coisa existe mesmo, como fez para usa-la?

_Eu não sei, estava desesperado para salvar Thaty, então simplesmente corri e já estava ao lado dela.

_Talvez, seu sentimento de proteção tenha desencadeado essa velocidade e essa força.

_Pode ser - bocejei - preciso descansar também - olhei para as escadas - um deles não dorme a três dias, os outros estão exaustos também, vou dormir aqui fora mesmo.

Me deitei na sombra daquela árvore ao lado da oficina de meu tio, um pouco ao lado havia uma grande mesa de madeira e dois bancos longos de madeira, estava um tarde tranquila, ensolarada, meus olhos estavam pesados, um último bocejo e então, apaguei.

Eu estava na caverna novamente, Thaty estava ferida no chão, ao redor dela estavam 2 aranhas gigantes, uma azul e outra negra, eu tentava correr para salva-la mas não saia do lugar, chamava seu nome mas ela não me ouvia, as aranhas riam sem parar. De repente senti uma pressão sob meu rosto, e então acordei.

Thaty estava à minha frente, sua mão estava erguida, acabara de levar um tapa dela. Ela gritava.

_Pare de sonhar comigo seu pervertido!

Já estava à noite, Carl e Rumia estavam na mesa de madeira ao lado da árvore, estavam gargalhando muito, perguntei qual era a graça.

_Você ficava dizendo o nome da Thaty, enquanto dormia. - Carl disse ainda rindo, até levar um tapa de Thaty também.

A aranha Azul e Negra, entendi o porque agora. Nesse momento o tio Roy chegava, trazia uma bandeja com vários pratos de comida, havia muita comida, incluindo carnes, legumes, cereais e frutas, parecia uma obra de arte. Rumia, Carl e Thaty olhavam com os olhos brilhando, quando os pratos foram colocados a mesa, o pessoal o atacou como se estivesse voltado de dois anos de guerra. O tio Roy colocou comida para nós dois também. Foi uma janta ótima.

Estávamos todos agora deitados na grama, de barriga cheia, a lua e algumas velas iluminavam a vila.

_Seu tio é muito legal, além de cozinhar muito bem! Ele até afiou nossas armas. - Carl disse apontando para a oficina. E lá estavam suas armas, a foice de Carl não estava mais manchada de sangue, estava limpa, o dourado da lâmina até emitia um reflexo. A lança de Rumia estava brilhando também, o prata que ela exibia lembrava metal polido. E a bolsa de flechas de Thaty estava completamente preenchida. Eles tiveram tempo de se conhecer enquanto eu dormia.

Estava me sentido muito bem, até me lembrar de Cristofer.

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