Fui acordado pelo barulho irritante do meu despertador indicando que eu tinha que ir para a escola. Desliguei-o e virei-me para o outro lado, não durou muito tempo.
Mãe - Filipe levanta-te não vais, nem podes, chegar atrasado ao primeiro dia de aulas!
- Unf...sim mãe eu já vou. - Aconcheguei-me mais nos cobertores.
Mãe - Já! - Tem que ser...
- Ok, ok mãe estou a levantar-me! - Puxei os cobertores para traz e senti o frio preencher o meu corpo.
A minha mãe saiu do quarto e eu fui para a casa de banho. Comecei a tirar a roupa para poder tomar um banho. Depois do banho tomado, aproveitei para lavar também os dentes e depois fui para o meu quarto para me vestir.
Vesti os boxers, umas calças de ganga pretas, uma camisola de manga curta branca e uma camisa aos quadrados pretos e brancos foi a minha escolha para hoje, calcei os meus ténis pretos e peguei no meu casaco, mochila e telemóvel e sai do quarto.
Na cozinha estava a minha mãe e o meu pai a tomar o pequeno almoço, olhei as horas e vi que o autocarro estava quase a passar por isso, não ia ter tempo de comer nada, eu também não tinha muita fome. Cumprimentei o meu pai e a minha mãe com um beijo na testa e ia preparar-me para sair quando ouço o meu pai chamar-me.
- Sim?
Pai - Não comes nada? Não quero que desmaies no meio da escola!
- Não tenho fome pai e o autocarro está quase a passar, não me posso atrasar. - Estava a sair da cozinha quando o meu pai me chama outra vez. Mas o que é que ele quer?! - Sim?
Pai - Tem cuidado sim filho? Não ligues ao que os outros dizem, tu vales muito mais que isso, eu não te quero ver como da outra vez! - O rosto do meu pai estava cheio de preocupação e tristeza, olhei a minha mãe e a sua expressão não era muito diferente do meu pai.
- Sim pai! Não se preocupem, eu fico bem! - Eles sorriam-me de forma fraca e eu consegui, finalmente, sair de casa. Guardei as chaves na mochila e tirei os fones, pondo rapidamente musica a correr por eles com destino aos meus ouvidos. Sentei-me na paragem enquanto o autocarro não vinha. Os meus pensamentos logo preencheram a minha cabeça. Os meus pais ficaram realmente abalados com o que aconteceu há pouco mais de um ano, eu bati mesmo no fundo, eles ficaram em choque, eu não os queria ver assim, mas eu fui egoísta e só pensei na maneira em como me sentia e não em como eles iriam ficar se algo pior acontecesse.
Os meus pensamentos foram interrompidos pelo autocarro, entrei e passei o passe na máquina. Procurei por um lugar muito, e encontrei bastantes, sentei-me bem no fundo, peguei no meu livro e comecei a ler, a viagem ia demorar e a minha paragem era a última o que dava tempo para ler. Eu não sei mas eu apenas adoro este livro "The Fault in Our Stars".
Quando dei por mim já estava na última paragem, guardei o livro e sai. Enquanto andava até escola uma frase do livro continuava na minha cabeça "That's the thing about pain. It demands to be felt." E é verdade a dor é feita para ser sentida, esse é o problema dela!
Peguei no horário para ver em que sala ia ter aula. Tentei procurar a sala mas parece que me perdi por isso decidi perguntar a uma funcionária, ela indicou-me a sala e quando lá cheguei ainda faltava uns minutos para entrar. Sentei-me no chão enquanto esperava pelo toque e pela professora.
O corredor começou a encher e eu comecei a sentir-me cercado, era muita gente e eu não gostava, não sei porquê mas tinha sempre aquela sensação de que havia sempre pessoas a olhar para mim, a falar de mim ou alguma coisa assim, por vezes era só da minha cabeça mas a sensação continuava. Reparei que estavam alguns alunos que penso serem da minha turma uma vez que estavam a porta da sala. Umas raparigas estavam a conversar, uma delas olhou para mim de lado e fez uma cara de nojo. Sinceramente, já estou mais que habituado a esses olhares, eles não me afetem, nem podem, este ano eu vou ser diferente, este ano vou ser mais confiante. Na minha cabeça um riso fez-se ouvir. A sério? Até o meu subconsciente se ri desta barbaridade!
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Estranhos conhecidos - DESCONTINUADA
Kurgu OlmayanComo duas almas distintas, fugitivas, mentirosas e desaparecidas são tão iguais em tantos aspetos? "Nada nos ligou, apenas uma enorme pena do passado de cada um..."