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Alaska Jones
5 de abril de 2018
Nova York

"... Eu sinto sua falta Capitão, volta logo pra casa.
Alaska"

Mais uma carta concluída com sucesso, ou não. Juntei a pilha de cartas escritas diariamente durante o último mês e coloquei dentro da pequena mochila e segui até a sala do mediano e aconchegante apartamento.

— Eu estou com fome.— Falei assim que encontrei Aurora sentada no sofá assistindo mais um episódio de Friends, já se passava das 16 PM e eu tenho certeza de que ela não se alimentou.— Você não cansa de assistir essa série?

— Não! O amor da Mônica e do Chandler é tão lindo, eu queria viver um amor assim. — Ela respondeu enquanto pausava sua série para me dar atenção.— Eu também estou com fome, e a Lia ainda não chegou, o que será que aconteceu?

— Você sempre diz a mesma coisa, "o amor da Mônica e do Chandler é lindo, eu queria viver um amor assim", quando na verdade, você vive trancada dentro desse apartamento.— Respondi a sua primeira afirmação.— E eu acho que a Lia está levando a sério mesmo a idéia de comprar o melhor aspirador de pó que a gente já teve, já faz 2 horas que ela saiu.

— Você fala de mim como se vivesse saindo para várias festas Alaska, você vive presa dentro desse apartamento com seus livros de história. Eu não duvido que o tio Jones tenha um infarto quando descobrir que a última vez em que fomos para uma festa todas juntas foi há cinco meses.— Ela respondeu e eu revirei os olhos.

— Olha, deixa o capitão fora dessa, ele já têm coisa demais para se preocupar. Mas se isso melhora o seu dia, eu posso comprar o seu vinho favorito, um pote de sorvete e a gente pode fazer uma noite das garotas, o que acha? — Perguntei enquanto procurava as chaves do carro do meu pai.

— Eu acho que essa foi a melhor ideia que você já teve em muito tempo.— Ela disse rindo enquanto eu levantava meu dedo do meio para a mesma

— Aurie, às vezes você passa dos limites. —Falei assim que encontrei as chaves.— Eu vou ao correio levar as cartas, o que você quer almoçar?

— Almoçar? Agora?— Ela perguntou enquanto olhava as horas no ecrã do celular.— Já são 16:30, Jones, não é hora de almoço.

— Ótimo, eu vou trazer lasanha. Tchau, se cuida.— Sai do apartamento e bati a porta é segui em direção ao elevador.

Existem alguns pontos positivos em se morar em prédios altos em Nova York, um dele é a incrível vista da sacada do meu quarto quando o sol nasce, ou da cidade toda iluminada através da grande janela de vidro na sala. Os pontos negativos, a demora do elevador e sinceramente eu não tenho nenhuma paciência para tal.

Apertei o botão impacientemente mais uma vez e então a porta de abriu revelando um homem alto, mas não muito alto, cabelos vermelhos, camisa também vermelha meio aberta, calças pretas e botas, segurando objetos que logo identifiquei como baquetas em uma mão e o celular na outra. Entrei no elevador e apertei o botão que me levaria para a garagem.

Um andar. Outro andar. Mais um andar. O silêncio dentro daquele pequeno quadrado estava me deixando completamente angustiada e então eu fiz uma nota mental, mais um ponto negativo em se morar em prédios altos demais em Nova York, a demora dos elevadores.

— Eu gostei dos seus olhos.— O de cabelos ruivos disse ao meu lado.

— Oi?— Perguntei me virando para o mesmo

— Eu disse que gostei dos seus olhos, são bonitos. — Então ele sorriu.

— Obrigada. — Sorri e olhei para sua mão. — Você toca bateria?

Never Be • 5sosOnde histórias criam vida. Descubra agora