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Aurora Reyes
13 de abril de 2018
Índio, Califórnia

Mesmo após descansar da viagem até a Califórnia, ainda sentia meu corpo pesado quando Alaska abriu as cortinas com certa força, fazendo os raios de sol ardentes invadirem nosso quarto.

Ao mesmo tempo que me afundei ainda mais nas cobertas, Lia soltou um grunhido tão grosso e cansado que me obriguei a estender o braço para me certificar de que ela ainda estava bem.

— Vocês duas não dormiram? Já são dez horas!— A voz cheia de positividade de Alaska me faz suspirar, ainda escondida pela coberta perfumada e quentinha do hotel.— Aurora, Lia, vamos.

— Não consigo.— Murmuro ainda enrolada, mas é questão de segundos para que o sol voltasse a encontrar meus olhos já que Timothy puxava a coberta.

— Você vai lenvatar dessa cama agora, eu não saí de NY pra ficar num quarto de hotel. — O mais alto disse com sua voz calma.

— Gente, é sério! O Coachella começa logo.— A morena insiste enquanto seus cabelos longos e negros cobrem seu rosto, concentrado em achar Lia debaixo do edredom.— E eu não vou sozinha.

— A gente não disse isso.— Lia murmura em resposta e acabo deixando uma risada escapar enquanto deslizo minhas mãos por meu rosto, e logo desço em encontro com o pingente descansando em meu pescoço.

A cruz dourada continuava ali desde o meu aniversário de 15 anos, onde Ele havia me entregado enquanto tudo que eu fazia era chorar pelo enorme desastre que havia acontecido durante a festa.

— Aurora?— A voz conhecida de Timmy me faz engasgar com meus próprios pensamentos e abandonar a pedra fria para as encarar.— Não vai tomar banho?

— Claro, eu tava dormindo.

— Claro que estava.— Lia caçoa e finjo que não escuto, vendo Alaska bater no ombro da loira que segura o riso ao voltar a se esconder nas cobertas.

Deixo que os pensamentos envolvidos ao meu ex namorado deslize junto da água, mesmo que fosse meio impossível, aquele pensamento me confortava. Haviam pessoas que sempre marcavam demais sua vida de diversas formas, mas era o passado. E eu precisava seguir em frente.

Em meio as cantorias de Lia, Alaska e Timothy, um grande trânsito e a dificuldade de encontrar uma vaga, estávamos em frente a grande área onde o Coachella era realizado. A energia junto da música já parecia ter me animado, então sou a primeira a pular do carro e olhar ao redor.

— Vocês acreditam? A gente tá aqui.— O tom animado de Alaska me faz sorrir enquanto a mais baixa passa os braços por meu pescoço em um abraço sem muito conforto.— Aurie, Coachella Vibes!

— A vibe Coachella de vocês é simplesmente contagiante. — Timmy diz com seu tom sarcástico de sempre.

— Hey, nem começa.— Seguro a risada enquanto olho ao redor, ainda sustentando os braços da minha melhor amiga em meu pescoço.— Mas é lindo mesmo.

— Lindo, mas preciso beber.— Lia diz assim que se junta ao nosso lado, passando as mãos pelo vestido que usava.— Sério, sabem que eu odeio essa bagunça toda.

— E isso é desculpa pra beber?— Alaska pergunta com um tom risonho, sem se segurar em começar a rir quando Lia afirma despreocupadamente.

Assim que entramos e Lia se afasta para buscar bebidas, Alaska me ajudou a estender uma toalha para que pudéssemos sentar quando cansadas, fazendo exatamente isso assim que terminei de estender.

— Vocês acreditam que eu encontrei o babaca do aspirador?— A loira disse assim que se aproximou novamente, com três garrafas fechada na mão e um semblante irritado.

— O gato do aspirador, você quis dizer né? — Timmy disse pegando a cerveja da mão da loira recebendo um olhar mortal em troca.

— Como?— Pergunto confusa assim que pego a garrafa e deixo espaço para que ela se sentasse ao meu lado, vendo seu semblante emburrado crescer.

— O que roubou meu aspirador, o idiota ainda rouba minha cerveja!— Lia aponta para a garrafa diferente da que sempre bebia e solto uma risada, levando até meus lábios e observando ao redor.

A movimentação quase me fez sair correndo, mas quando eu vi não havia mais volta. Eu reconheceria aquela silhueta em qualquer lugar. A forma que ele sorria parecia vazia enquanto Calum estava a sua frente, rindo animadamente com uma garrafa em mãos. A forma como o moreno virou seu rosto lentamente e me encarou me fez ter medo. Medo dos próximos segundos onde Luke engoliu em seco e direcionou seus olhos azuis para mim, fazendo meu coração acelerar no mesmo instante.

— Uh, isso vai ser mesmo intenso. — Consegui ouvir Timothy dizer ao fundo.

Never Be • 5sosOnde histórias criam vida. Descubra agora