Geralmente as pessoas nunca gostam do lugar onde moram, muitas vezes por motivos fúteis e banais, mas as pessoas que moram na cidade de Dowtown Hills são diferentes, eles tem razões e motivos para odiarem onde moram. Tudo isso se deve ao fato de que em todo início da semana de páscoa crianças somem sem nenhum vestígio, e logo depois a outra triste notícia, no último domingo de Páscoa as pernas, os braços e as cabeças das crianças são encontrados espalhados pela cidade.Após anos de acontecimentos e a dita e até então, evidente existência de um psicopata lunático na cidade, fez com que o pânico tomasse conta de muitos moradores, os com mais condições se mudaram, outros nem davam bola, os que não podiam se mudar conviviam ali mas de forma cautelosa e amedrontados, alguns viam tudo como se fosse apenas crimes isolados, afinal, pessoas são mortas em todos os lugares.
Agora, a páscoa não é mais a mesma por ali, antes que se inicie a semana da páscoa os moradores lotam os supermercados, ao invés de comprarem chocolates e ovos de páscoa eles compram mantimentos, mantimentos suficientes para passar toda a páscoa sem saírem de casa, como se fosse acontecer algum apocalipse ou desastre, todos se trancam em suas casas para protegerem suas crianças. Voluntários ajudam a polícia e formam grupos para fazerem rondas por toda a extensa cidade, mas tudo em vão, crianças sempre somem nessa data, e nessa páscoa não foi diferente, crianças sumiram.
Agora você lerá o relato de uma garota de 12 anos, Julie Bell Compton, única criança que desapareceu e foi encontrada com vida e inteira.
"...era noite de domingo, todos estavam em suas casas e provavelmente em suas camas assim como eu e minha avó. Mesmo com alguns barulhos de carros, de passos e luzes de lanternas e viaturas que passavam pelas frestas da janela eu caí no sono.
Acordei assustada e com falta de ar, em um colchão grande jogado no chão, coberto por um lençol branco com o cheiro sufocante de fumaça, do meu lado três outras crianças que acordavam da mesma maneira que eu; Erick de dez anos, Sophia e Josh, ambos com onze anos.
Estávamos em um porão, tinham velas apagadas em suportes presos nas paredes ao lado de algumas cruzes de madeira fixadas nas velhas paredes feitas do mesmo material. No centro do porão, embaixo de uma lâmpada com luz forte acesa tinha uma mesa com cadeiras em volta, uma mesa cheia de chocolates.
Assim como eu todos choravam e gritavam pedindo ajuda, mas no fundo a gente sabia que não adiantava nada. Ninguém tinha noção do tempo, mas nós sabíamos que já havia passado horas, estávamos assustados, nada acontecia e a única porta que tinha no topo de uma pequena escada estava fechada.
A fome fez com que os choros e angústia fossem quase que esquecidos ao comermos os chocolates que estavam na mesa, o gosto não era bom, mas fez com que o barulho que nossas barrigas faziam parassem.
Depois de mais uma eternidade presos ali, a luz da lâmpada no centro do porão se apaga, apavorados vimos as velas se acenderem sozinhas uma a uma, iluminando parte do local e dando destaque nas cruzes de madeira, deixando o porão mais sombrio do que se estivesse em completa escuridão.
Corremos para o colchão e nos abraçamos, poucas palavras eram ditas, o que dizer quando se está presa com outras crianças que sentem tanto medo quanto você?!
O cheiro de fumaça nos sufocava, então tiramos o lençol, mas de nada adiantou, o colchão exalava o mesmo cheiro. Mesmo com aquele cheiro sufocante e pavor o cansaço e o sono falaram mais alto, dormimos.
Acordamos da mesma forma que fomos dormir, abraçados. As velas estavam apagadas e a lâmpada no centro do porão estava acesa de novo, a mesa cheia de chocolates novamente, como se enquanto estivéssemos dormindo alguém tivesse os colocado de novo.
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