Remember me

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Minha cabeça estava uma confusão, enquanto eu mantida a pose e continuava a beber o chá que estavam me obrigando a beber. Sana me olhava ternamente enquanto repousava sua cabeça em sua destra.

-- Você acha que está melhor, meu amor? -omma perguntou tirando a chaleira do fogão.

Assim que ela havia chegado, me desesperei e desabei em lágrimas, tentando explicar a situação ao qual eu estava passando. Na hora, ela e Sana tentavam me acalmar mas era difícil quando na minha cabeça passavam várias possibilidades do que estavam fazendo com minha halmeoni. Não consegui falar um "bem-vinda querida omma, porque não atende a porcaria do telefone?! Tem celular pra quê?" já que os soluços estavam me impossibilitando e a cada palavra que eu tentava falar, mas uma lágrima caía e mais vermelho o meu rosto ficava.

Depois de um tempo foi que me convenceram a tomar um chá e explicar tudo quando eu estivesse mais calma.

Mesmo odiando chá, comecei a bebê-lo -não tinha gosto, parecia ser apenas água quente- e só então fiquei um pouco mais calma, tirando a preocupação do rosto de minha omma e Sana, que sorria serenamente para mim, apaziguando o cômodo da casa. Ambas eram muito parecidas, ambas sorriam com serenidade, agiam de forma "leve" e traziam paz e calma. Mesmo que minha mãe não fosse tão presente na minha vida, sempre em suas visitas, a casa entrava em uma calmaria inigualável, principalmente em relação á vovó que sempre costumava fazer um enorme barulho na cozinha, derrubando formas, ligando o liquidificador, quebrando ovos, porém, quando a senhora Yen-ling chegava, não tinha conversa, era paz ou paz, sem escolhas.

Contornei meu olhar várias vezes na borda da xícara de chá, sem a mínima vontade de terminar aquele restante de água esverdeada que estava dentro. Aquilo me lembrava o musgo de piscinas públicas. Só conseguia imaginar naquele momento que eu estava bebendo água de musgo quente.

-- Consegue falar agora, Tzu? - Sana proferiu, soando calma, provavelmente a fim de me deixar calma também o que dava certo pois sua voz serena era como uma música clássica soando em meus ouvidos.

Assenti com a cabeçada de forma calma e fitei minha mãe que tirava o avental e rapidamente se posicionou ao meu lado. Era de certa forma estranho ver Sana e minha mãe no mesmo ambiente, o que jamais imaginei que aconteceria pois nem nos meus sonhos eu pensei em apresentá-las uma para a outra, quer dizer, se o fizesse um dia, diria que Minatozaki era apenas minha amiga, amiga colorida pois minha progenitora ainda não sabia sobre mim e acho que tal coisa nem se passava em sua mente.

-- Halmeoni foi diagnosticada com Alzheimer e... - respirei fundo, aquilo doía mais do que eu queria e busquei palavras suficientes para explicar a situação. -- A clínica levou ela pois disseram que eu deveria ser maior de idade para cuidar dela então a levaram porque antes disso tudo começar ela já havia assinado um contrato e não tinha avisado! - jogava as palavras com rapidez, sem vírgulas e sem papas na língua. Eu estava nervosa e queria que minha mãe pudesse resolver aquilo em um passe de mágica, mas infelizmente não era o que ela poderia fazer.

-- Respira! -indagou cruzando os braços, pedindo que eu repetisse aquilo mais uma vez e, já sem forças tentei explicar tudo, toda a história, do começo ao fim. Paulatinamente fui proferindo as palavras, meu timbre era baixo e choroso. -- Tzu... eu... sinto muito por não ter atendido o telefone.

A japonesa cruzou os braços e olhou rapidamente para a minha mãe. Era uma graça ver minha unnie daquela forma protetora mas daquilo eu iria cuidar.

***

Sana foi embora depois de algumas horas, mesmo que eu pedisse para que ela dormisse na minha casa, a mais velha acabou por ter de ir para a sua própria casa pois cuidaria da sua irmã mais nova e eu, fiquei com um bico nos lábios ao vê-la me trocar por uma criança! Humf!

Acompanhei minha unnie até a porta, onde selamos nossos lábios de forma rápida, na esperança de deixar nosso "segredo" apenas entre nós. Mesmo que minha mãe soubesse minha sexualidade e aprovasse -o que não era o caso-, eu teria uma grande vergonha de demonstrar afeto com ela me olhando. As bochechas de Sana aos poucos ganhavam uma cor avermelhada enquanto seu sorriso tímido crescia nos lábios avermelhados desta.

Seu olhar estava fixado no chão enquanto colocava uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, Sana era uma graça. Me aproximei um pouco dela e beijei sua bochecha avermelhada, logo aproximando meus lábios do seu ouvido e com calma sussurrei.

-- Não se preocupe unnie, amanhã eu estarei na escola. -disse fazendo com que o mais belo sorriso se formasse nos lábios da mais velha.

-- Isso é uma promessa?

-- Talvez. -sorri.

Nos despedimos com um abraço cálido e de certa forma duradouro, trazendo-me ainda mais paz. Nossos corpos estavam em perfeita harmonia até o contato ser quebrado por ela que acenou e rumou em direção a sua casa.

Talvez eu devesse me oferecer para deixá-la em casa, mas o que eu poderia fazer? Omma não me deixaria sair naquele horário, principalmente porque estávamos planejando ir na clínica ainda naquela noite. A notícia havia me deixado agitada, amedrontada e de certa forma animada, estava louca para ver minha avó porém o medo dela ter esquecido de mim era ainda maior do que antes.

Fechei a porta ao perder Sana de vista e suspirei, encostando minha cabeça na porta de madeira.

As coisas estavam indo rápido demais, não entre eu e minha unnie, mas sim tudo ao meu redor. A notícia do Alzheimer da vovó veio como uma bomba, logo depois a falta de dinheiro e instabilidade emocional em mim, por fim, minha mãe ressurge com um sorriso no rosto como se nada estivesse acontecendo, mas estava tudo estava acontecendo naquele mês e a onda de novidades ruins e boas não paravam de vir.

-- Tzu, está pronta?

Assenti com a cabeça. Omma e eu iríamos até a clínica e conseguiríamos minha avó de volta mas, tudo que eu pedia à buga, à Deus, à todas as forças espirituais era que halmeoni lembrasse de mim.

"Lembre de mim..."

Lembre de mim
Hoje eu tenho que partir
Lembre de mim
Se esforce pra sorrir

Não importa a distância
Nunca vou te esquecer
Cantando a nossa música
O amor só vai crescer

-Viva a vida é uma festa.

~♡~
O capítulo foi curto porque estou sem tempo para escrever, mas prometo que o próximo será melhor! Por favor, não desistam de mim.

Warm Me 》Satzu. Onde histórias criam vida. Descubra agora