Starry Sky

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Sim gente, curtinho, me perdoem...

O rapaz me olhou com raiva, parecia louco para cometer um crime ali mesmo enquanto eu permanecia com meu cenho arqueado. Não era a primeira vez que lidava com pessoas nojentas como ele, não era a primeira vez que me submetia a tal situação, então, eu sabia muito bem como lidar com toda aquela história. Cruzei meus braços. Ele recuou dois passos.

Seu punho fechava lentamente por raiva. 

Continuei na mesma posição, o olhando como se não tivesse medo de suas ameaças, e eu realmente não tinha.

O rapaz murmurou algo mais para si do que para mim, deu meia volta e foi embora. Não demorei muito para fechar a porta e olhar para trás. Sana não estava lá. A princípio foi um alívio ela não estar ali, afinal, ele poderia vê-la e o escândalo já estava grande demais ali. O problema foi aparecer apenas quando comecei a procurá-la e não a achei em nenhum cômodo da casa.

Comecei a cogitar a ideia dela estar no quintal, mas foi apenas ao passar reto pelas escadas que me dei conta dela alí, sentada, abraçada aos joelhos e com o rosto escondido. Seu corpo frágil se encolhia mais e mais enquanto soluçava baixinho, fazendo meu coração partir em vários pedacinhos, como uma taça de vidro em algum espetáculo de ópera.

Me aproximei. Ela recuou.

Mordi meu próprio lábio. Era a primeira vez que presenciava-a nervosa daquele jeito e admito que não era um dos melhores sentimentos para mim, afinal, eu estava totalmente perplexa, não sabia o que fazer. Deveria deixá-la sozinha? Deveria apenas abraçá-la? Ou conversar? E se eu a fizer rir, será que daria certo? Eu não sabia. Aquilo era novo.

Me aproximei mais uma vez e ela não recuou, logo pensei em dar mais um passo à frente, mas poderia fazer tão mal porém, também poderia fazer bem, certo? Eu não sabia, não sabia de nada. Minha mente estava em branco, totalmente em branco, enquanto meus neurônios buscavam uma forma de melhorar aquela situação.

Comecei a cascaviar entre lembranças alguma cena parecida com aquela, buscando por respostas do que fazer, mas nada se assemelhava a tal.

– Sana. Eu estou aqui. – foi tudo que consegui proferir ao dar mais um passo à frente, enquanto fitava seus fios caírem sobre sua pele branquinha, cobrindo-lhe a face. – Eu estou aqui, sempre.

Criei coragem e sentei ao lado dela, enquanto guiava minha destra para suas madeixas claras. Ela estava chorando, enchendo seu peito com o ar que conseguia.

Talvez não fosse a hora de abordá-la sobre o acontecimento de minutos atrás, então apenas me permiti ficar ali por mais alguns segundos, minutos ou horas se fosse preciso.
Quando a calma chegou ao ambiente, Sana cessou os soluços e olhou de esgueira para o lado e ocasionalmente encontrou aos meus olhos confusos e perdidos sobre si. 

– Perdão. – foi tudo que ela pronunciou ao fungar o nariz e passar suas mãos pelos olhos vermelhos e que tão pareciam cansados.

Apenas a abracei.

[***]

Depois que Sana ficou mais calma, resolvi fazer o tão famoso chá da halmeoni, que por sinal não era bem um chá e sim um suco de romã. No começo, ela recusou-se a beber, mas logo, pegou a xícara e tomou uma boa quantidade de líquido.

Foi depois de alguns minutos que resolveu me contar o que havia acontecido e quem era aquele ser ignorante que havia aparecido na porta á algumas horas atrás. Nunca desejei tanto ter agredido alguém quanto naquele momento, mas, sabia que não era o momento certo para tal.

Minatozaki falou tudo sobre si que eu ainda não sabia. Sobre seu irmão problemático, a mãe que era desnaturada e o pai que a muito tempo não entrava em contato com ela. Eu escutava cada detalhe com cuidado e atenção, nunca imaginei o quão difícil poderia ser a vida dela e ela sempre estava lá comigo, me ajudando com problemas menores que os dela e sempre com um sorriso nos lábios.

Permanecemos um bom tempo em silêncio, apenas entre olhares penosos, até halmeoni e omma voltarem para casa. Ambas não perguntaram sobre o que estava acontecendo e o motivo do silêncio, estavam ocupadas demais com as compras.

E o dia continuou assim. Silencioso entre nós. Nenhuma conseguia falar algo. Eu muito menos pois não tinha nem palavras para conseguir falar com ela depois desta ser tão aberta comigo. Jamais havia imaginado que ela passava por aquilo.

Foi quando a noite caiu, quando estávamos no meu quarto. Sana mexia em um dos botões da sua camiseta branca enquanto eu estava sentada no tapete, admirando-a cautelosamente. Foi nesse exato momento em que me veio uma ideia, uma das piores ideias da minha vida talvez, mas, poderia ajudar.

– Unnie, lembra que eu te falei sobre o trabalho dos meus pais? – perguntei em timbre sereno, enquanto levantava do chão.

– Sim, você disse que eles trabalhavam juntos em empresas…–respondeu ela, enquanto tirava a atenção do botão para olhar para mim.

– E se eu disser que posso entrar em contato com o seu pai com o trabalho do meu pai? – os olhos dela brilharam como o céu estrelado. – Meu pai tem contato com toda a Ásia, ele pode ajudar nisso.

Eu não tinha certeza daquilo, afinal, papai nunca fora um homem muito fácil de convencer, mas eu tinha minha mãe ao meu lado e a halmeoni, nada daria errado! Teria um final feliz pra mim e para Sana e era isso que importava no momento.

– Você… conseguiria mesmo, Tzu?

– Sim!

Warm Me 》Satzu. Onde histórias criam vida. Descubra agora