★ Sete ★— Definitivamente não!
Essa era a décima vez que ela dizia a mesma frase. Seis permanecia irredutível, sem sequer parecer um pouco convencida a aceitar a proposta. Ela nem olhava para mim mais, estava furiosa. Oito parecia chateado por não estarmos nos entendendo, mas ele nunca diria que não concorda com ela, ele mudaria de ideia por ela, agora mesmo estava esfregando os dedos enfaixados nos cabelos e olhando torto para direção de Seis. Ele esta pensando em mudar de ideia...droga. Não posso deixar isso acontecer. Mas também não os culpo, eu faria exatamente o mesmo que Seis se a situação fosse inversa.
— Seis... Pense um pouco...eu sei o quanto parece absurdo e inaceitável, eu mesma dei risada de Cohrl quando ele mencionou isso, mas agora é a nossa única escolha.
— Mentirosa. — _Cinco entrou na conversa, os braços cruzados e as sobrancelhas flexionadas de raiva._ — Também podemos escolher não fazer isso.
— Seria o mesmo que desistir. Não é uma escolha.
— Podemos lutar e fugir. São só alguns guardas, não sabem do que somos capazes. — _A convicção de Cinco era a mesma que a minha. Diferente de Seis, ela ao menos me encarava._ — Até parece que você não quer lutar, Sete.
Suspirei tocando o curativo no meu braço, horas atrás onde estava o soro, ainda sinto o fluido nas minhas veias. Uma sensação que agora estou habituada, mas que ainda não passa despercebida. Todos nós estávamos com um curativo em algum lugar. Seis tinha uma faixa na cabeça. Cinco estava com um gesso no braço esquerdo, ela deve ter caído. Oito com os dedos enfaixados. Eu sem todo meu poder, estava sendo bloqueado por alguma coisa que o doutor colocou em meu corpo.
— Para ser sincera, eu também quero lutar. Mesmo nessas condições, quero ir até o fim disso. Quero derrubar esses heróis e encontrar a Nove e o Dez. Quero que possamos viver nossas vidas sem ter que passar por mais experiências. Quero morrer tentando se precisar, mas existe uma diferença entre "não ter escolha e morrer por orgulho." — _Olhei para Seis e a encarei antes de continuar._ — Seremos idiotas se tomarmos qualquer atitude precipitada agora. Precisamos fazer o que vai garantir nossas vidas e nos dar uma chance de fugir na hora certa.
— E com isso você quer dizer ir para a tal escola de heróis?
Oito perguntou, mais insinuando do que realmente perguntando. Ele já estava dividido sobre o que queria fazer. Ele olhava para o chão, apoiado na parede e com as mãos inquietas. Cinco levantou da cadeira que estava sentada e andou até mim, segurando meu braço direito, ela tocou meu pulso, em cima meu número gravado como uma cicatriz: R.K.Y. 4-VII. Não sei o que significam as letras... Mas o número sei bem, minha identificação, meu registro, minha marca, meu nome. O que sou. Ou quem sou. É a mesma coisa.
— Você é forte, Sete. Só está viva hoje porque é forte. Mas isso não significa que saiba de tudo. Nós confiamos em você e resolvemos destruir a base porque você tinha algo que nenhum de nós tinha: convicção. — _A voz de Cinco era tão mansa e dócil, ela até parecia mesmo uma criança normal._ — Não sei o que te motivou a sair de lá, o que te fez lembrar que existia um mundo fora daquele buraco, mas você tinha alguma coisa. Nós não, aquilo estava bom, aquilo era uma vida , nossa vida, até você nos chamar atenção para a luz e dizer que aquilo não era tudo.
— Cinco...
— Mas olhe. — _Ela tocou o número 4 na minha pele, traçando ele com seu dedinho fino._ — Você é da quarta geração. Não viu o que nós vimos. Não sabe tudo que nós sabemos. — Cinco tirou os esparadrapos que cobriam seu pulso direito, para que eu visse a sua identificação: A.A.R. 3-V. Ela era da geração anterior a minha, a terceira. — Existe muito mais sobre esse registro que você desconhece.
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Akai Tenshi - Anjo Vermelho
FanfictionEla foi criada para ser a queda de todos os heróis. Com um passado orquestrado para que o ódio fosse seu maior companheiro e vingança corressem em suas veias. Sua motivação não passa de um intuído construído por homens loucos e mentirosos, desejand...