Akai Tenshi - Anjo Vermelho

Uma Nova Ambição

✩ Litoral Oeste da Cidade de Oymashu ✩

✩ Horário: 18h 56m 46s. Nublado. 25°C✩

★ Yamamoto Runa — Número Seis ★

EU DEFINITIVAMENTE ODEIO AREIA. Estar enterrada viva já é uma situação idiota, e fica ainda pior pelo fato de no lugar de terra ser areia. Não da pra controlar, não da para afastar e como a água ela entra em lugares inconvenientes. Esse dia já não estava ruim o bastante, essa vida já não está uma merda, as coisas ainda precisam piorar, não é? Vou acabar enlouquecendo naquele lugar infernal se isso continuar. Desde o começo fui contra o plano de Akane sobre fingir ser uma vítima da situação e me juntar as pessoas e aos heróis... devia ter me mandado assim que tive a chance. Mesmo que não tivesse saido como eu esperava concerteza eu não estaria nessa situação agora.

— Ah que inferno! — chutei a areia com raiva, os grãos cairam sobre meus sapatos e se espalharam sobre minha perna. — Arrrgh!

— Ah? Por que toda essa raiva com a areia? É tão inútil lutar... — uma voz surgiu em meio a escuridão, eu não via nada, nem sentia a presença de ninguém, nenhum coração batia por perto...mas ainda assim...tinha uma voz.

— Eu enlouqueci mais rápido do que esperava... — sussurrei incrédula, virei a cabeça para os lados mesmo não conseguindo exergar naquele breu. A areia me prendia no que parecia ser uma cúpula. Só havia eu dentro da cúpula. E aquela voz não era minha. Também não estava saindo da minha mente. — o que...

— Eu estou bem aqui... atrás de você.

Mais areia caiu sobre meus ombros e se acumulou no meu colo, empurrei tudo que conseguia tirar. Foi quando senti meus ombros serem apertados por dedos, essa era a sensação que eu tinha, o que deixava tudo ainda mais estranho. Ergui uma mão até meu ombro e toquei o montinho de areia acumulado ali, a forma era mesmo a de dedos, de repente senti o fluxo de sangue e pele surgirem no que antes era só areia. Mordi os lábios para não gritar com aquela loucura toda. No instante em que tentei afastar os dedos de mim com o meu poder eles se tornaram areia novamente.

— Seja lá quem for você acabe com isso logo!

— Tem certeza? E se acabar com isso logo, para mim, signifique te matar?

— Hum. Acho que será uma morte bem sem graça. Mesmo que você me entupir de areia como uma boneca de pano, ainda assim seria chato. E se não for divertido pra você eu morrerei me divertindo com o seu tedio.

— Impressionante... você não tem mesmo medo de morrer, não é?

— Eu não tenho medo de nada.

— Aaah é mesmo? E se... eu te enterrar viva aqui e agora....assim!

Imediatamente a ameaça dele o nível de areia começo a subir sem demora. Minhas pernas ficaram presas e mesmo levantados a areia chegou até meus braços. Quanto mais eu me mexia mais a areia se tornava pesada, até ser impossível mexer. Meus pulmões começaram a doer, o ar estava acabando, era assim que ele iria me matar. Sufocada. A areia rodeava todo meu pescoço, eu podia ouvir ela caindo e se acumulando em volta de mim, mas não chegava perto do meu nariz ou desabava como deveria acontecer. Ele não queria me soterrar, se não já o teria feito.

— Se você implorar por misericórdia...eu tiro você daqui. Se não, você morre. E não deixarei nem mesmo que achem seu corpo. Ficara enterrada nessa praia apodrecendo pelo resto da eternidade... ou até que não haja mais ossos, o que vier por último.

Uma risada funda e abafada soou pelos cantos, a voz dele estava ficando cada vez mais baixa. Talvez por eu estar perdendo a consciência ou pelo ar estar acabando e afetando o som.