O Poder de um E.V.I.L.

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✩ Litoral Oeste da Cidade de Oymashu ✩

✩ Horário: 18h 27m 01s. Nublado. 24C°✩

★ Yamamoto Arice — Número Cinco ★

PEDRAS NÃO DEVERIAM VOAR. E era exatamente assim que elas vinham na minha direção, voando. Milhares delas em diversos tamanhos, pequenas, grandes e enormes principalmente. Para mim era mais fácil joga-las para os lados e desviar do que tentar arremessar de volta. Mas isso também seria inútil, até que eu saiba a localização exata do meu adversário e possa acertar ele, jogar as pedras de volta seria só perda de energia e tempo. Numa batalha nunca se deve perder nenhum dos dois, a menos que se queira perder a luta. Concentrei meu poder em cada membro do meu corpo, deslizando pelo ar e contornando as pedras nele. Indo na direção do rochedo de onde elas saíam, pronta para achar o meu alvo. Quando subi pelas rochas e atravessei a linha do ataque inimigo, as pedras pararam. Tudo ficou silencioso, com exceção das ondas do mar batendo na costa, morrendo uma a uma. Os respingos da água salgada acertaram meus pés quando planei mais baixo, diminuindo minha altitude. Olhando bem para os lados e prestando muita atenção a cada ruído e movimento, notei que eu não ouvia mais nada além do mar. As vozes de Runa, Earl e Akane não estavam em lugar nenhum. Tampouco o som de outras lutas acontecendo, era como se estivéssemos em planos diferentes e distantes uns dos outros, mas eu não tinha tempo para encarar o horizonte e procurar por eles. Eu tinha minha própria luta com que me preocupar. Tentada a colocar os pés no chão, encarei as rochas abaixo de mim. Elas brilhavam com a luz remanescente do sol do crepúsculo, em tons de preto, cinza e um brilho levemente alaranjado. Fiquei em pé sobre uma das pedras usando mais a telecinesia do que a gravidade, pois as rochas eram muito escorregadias. Em meio as pequenas ondas que molhavam a superfície das rochas vi algo, escondido na areia, enterrado por ela. Mas não tive tempo para dar muita atenção a isso, um som de atrito surgiu atrás de mim, rochas estavam rolando umas sobres as outras, um novo ataque prestes a vir. Olhei sobre o ombro a tempo de ver as pedras se ergurerem no ar, como se estivessem vivas e possuíssem vontade própria. Como o previsto, elas vieram para cima de mim, mas meu instinto me fez perceber que aquela não era a ameaça principal. Uma armadilha, tão clara como o brilho espumante das ondas ao meu lado. Senti meus lábios se curvarem em um sorriso sombrio, mas não mais do que meu olhar devia estar, porque agora eu sentia a verdadeira ânsia da luta nascendo. As pedras flutuantes vieram com força total, fiquei parada, até que elas chegaram perto, perto de mais, então subi. Foi como saltar no ar, um giro de costas, a saia e a fita vermelha em meu cabelo se movendo a favor do vento, uma cambalhota perfeita. Usei a própria força das rochas para impulsionar elas na direção em que estavam indo, foi mais fácil do que desvia-las do caminho, a minha força unida com a das rochas provocou um estrondo enorme quando uma delas atingiu outra pedra imóvel, se espatifando em pedaços pontudos e caindo no mar. A outra, estava presa entre dedos grossos e mãos enormes. Bem no alvo, como imaginei, como planejei. Voltando a minha posição inicial, desci até as rochas abaixo de mim e fiquei em pé sobre elas, enquanto finalmente olhava meu adversário cara a cara. Assim como eu, ele ostentava um sorriso perigoso e satisfeito. A minha satisfação era por ter descoberto a armadilha e estragado ela, atirando contra o alvo principal. A dele, não sei, talvez seja por ter encontrado uma adversária muito boa. Mesmo que iluminado pelos raios de sol seu rosto continuava com um aspecto sombrio. Os cabelos divididos em mechas bagunçadas da cor da areia, algumas mais escuras que outras em tom âmbar. O nariz fino e os olhos marcados por desenhos estranhos deixavam seu rosto bem expressivo, o sorriso torto demonstrando sua loucura. Ele estava sem camisa, ela provavelmente estava amarrada em sua cintura. Os músculos a mostra eram um lembrete de sua força física, mas isso não me surpreende vindo de alguém que ergue pedras sem sequer toca-las. Havia marcas em seu peitoral também, descendo até o umbigo, as mesmas marcas contornavam a clavícula e os braços. Se estivessemos em outra situação, eu até poderia acha-lo muito bonito, mas esse não era o caso. Tudo que eu via era um oponente. Um alvo. Alguém que devo bater a cabeça nas pedras até esmagar sem pensar duas vezes. Mas de toda a sua aparência, tinha um ponto específico que mais me chamava à atenção, algo simplesmente impossível de se ignorar, ainda mais para um monstro como eu, que ouvira tanto sobre aquilo. Em seu peitoral haviam cicatrizes incomuns, em forma de letras, escritas de maneira rústica e trêmula. E não eram quaisquer letras, eram as quatro mais assustadoras do alfabeto quando estavam juntas. O "E" maiúsculo escrito ao contrário, como se estivesse espelhado. Seguido por um "V" também grande e bem marcado. Após ele um "I" desajeitado, com a haste torta quase dividida em duas, mas finalizada. Por último o "L, cujo os traços eram mais retos que as outras letras, como se fossem feitos por uma faca bem afiada e que rasgou a pele profundamente. Essa marca era literalmente uma cicatriz de poder. Eu posso imagina-la sendo feita, as letras sangrando e os gritos de dor enquanto a sigla é gravada na pele. Ele era de um nível superior ao meu, e não sei ao certo quão superiror é, mas isso não me deixa com medo, pelo contrário, me da ainda mais vontade de matá-lo. Finalmente verei o que é um E.V.I.L. Ouço um som parecido com um grunido sair de seus lábios, como se fosse uma risada humorada, ele continua me encarando fixamente. Seus dedos se movem na superfície da pedra enorme que está segurando, ele ergue o queixo.

Akai Tenshi - Anjo VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora