Instintos Danificados.

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✩ Instituto de Readaptação A.M. ✩

✩ Dia: Sexta Feira, 15 de Março ✩

✩ Hora: 17H 02M 26s ✩

★ Yamamoto Akane - N° Sete ★

A RISADA CONTINUOU ALTA POR MAIS DE CINCO MINUTOS. Parecia que estava guardada a muito tempo, lá no fundo, cheia de poeira só esperando para sair, quando estourou nada mais a parava. Cohrl estava gargalhando como uma hiena a nossa frente, batendo a mão na mesa, no joelho, balançando ela no ar. Seus olhos estavam vermelhos e lágrimas escorriam por suas bochechas, o rosto todo estava vermelho na verdade. Ele colocou as duas mãos sobre a barriga e começou a suspirar, parecia não conseguir sugar o ar mesmo com a boca aberta. Ele abaixou a cabeça e ficou olhando para o chão, finalmente seu riso foi se esvaindo aos poucos. Quando parou de rir, ergueu a cabeça e ficou com os olhos fechados, fazendo movimentos de uma respiração cordenada por um minuto.

— Já acabou? — Pergutei irritada com tanto exagero. Cohrl voltou a rir.

— E-eu não... consigo.... — Ele bateu a cabeça na mesa de madeira e tudo sobre ela tremeu — aaaaaaaaa.... como eu queria... queria ter visto isso!

Suspirei pendendo a cabeça para trás e cruzando os braços. Earl apoiava o rosto em uma das mãos e com a outra jogava uma bolinha presa a uma linha para cima e para baixo, ioiô, tão entediado quanto eu. Arice olhava feio para o doutor, aposto que ela queria jogar a bolinha de Earl na boca dele e fazê-lo engasgar. Runa estava sentada batendo os dedos no braço da poltrona, impaciente. Cohrl finalmente parou de rir e ajeitou os óculos no rosto, jogando os cabelos castanhos para trás e tentando não parecer um louco. Na minha opinião ele sempre falhava nisso.

— Então você realmente enlouqueceu no meio de uma luta, tentou matar um dos alunos da U.A. e ainda mostrou para eles um pouco do que é capaz... ah sim, eu queria muito ter visto isso. — Ele me encarou com um sorriso que deveria parecer gentil, mas nada nele me parece gentil, nunca vai parecer — Embora eu tenha todas as memórias da versão que criou vocês, ver diretamente com meus próprios olhos seria incrível.

— Não tem graça nenhuma. — Apertei tanto os dentes que meu queixo estalou. — Meu trunfo deveria ser um segredo, agora eles sabem que nosso nível de combate é ainda maior do que mostramos!

— Ah tem, e muita. Vocês podem até ter fugido da montanha, mas ela claramente ainda esta em vocês. — Ele rodou na cadeira olhando para cima. — Os receptáculos não estão na montanha mas a montanha que esta nos receptáculos.

— Vamos mudar de assunto. O que vai dizer para o diretor da escola em relação ao projeto? — Runa levantou e apoiou as mãos na mesa dele. Ela estava enjoada de ouvir sobre a montanha.

— Sabem, eu nunca consegui colocar uma versão Cohrl dentro da U.A. Infelizmente eles não aceitaram nenhuma das minhas ofertas. — Ele deu de ombros, como se estivesse chateado, não ligo. — Mas agora, agora ELES estão me pedindo permissão para deixar que os jovens do MEU Instituto integrem o quadro de aluno deles.

A risada de maníaco voltou. Desse jeito nunca vamos chegar a lugar nenhum. Esse homem só se diverte a nossas custas, não é possível. O problema que criei ao mostrar meu trunfo precisando de uma solução e tudo que ele faz é rir e se vangloriar. Olhei em volta, procurando alguma pista útil na sala enquanto ele ria como um bobo da corte, mas não tinha nada de estranho nela. Nada no papel de parede, um objeto incomum, janelas suspeitas. Claro que não teria, é de Cohrl que estou falando. Ele não deixaria nada que eu pudesse usar para descobrir mais sobre nós tão a vista.

Akai Tenshi - Anjo VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora