Erro crítico

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Como perdemos o dia de aula mesmo, Darcy me chama para ir à sua casa. Ele ficou de avisar Gi que estou indo pra lá, para não corrermos o risco de nos desencontrarmos. Contudo, parece que ela não atende o telefone e nem responde as mensagens.

Poxa Gi, você está pegando pesado com seu irmão, hein!

É isso que eu quero lhe dizer, talvez eu diga. Afinal, amizade sincera é para essas coisas também, certo? Certo. Se só passarmos a mão na cabeça da pessoa que amamos, ela nunca amadurece. Vou tocar nesse tópico com a Gi, assim que a vir.

— Ela não atende? — questiono ao Darcy, que mantém uma expressão de derrota no rosto.

— Tenta ligar você?

— Tudo bem. — pego o celular e disco o número da Gi. — Caixa postal. — anúncio fazendo uma careta.

— Aonde essa menina se meteu! — Darcy passa as mãos pelos cabelos, um tanto exasperado.

— Calma, ela já já estará aqui na escola. Não é?

— Acho que sim, vou ligar para a governanta e o motorista, para ter certeza de que está a caminho. — anuncia mais aliviado.

Darcy tenta novamente e, por fim, a senhora que fica de olho em Gigi atende.

— Alô, é o Darcy. Onde está minha irmã? Pode chamá-la, por favor? Isso. Como não? Ela saiu? — pausa. — Que horas? Como assim? Ela saiu com um rapaz loiro? Para que eu te pago? — sua voz se eleva a ponto de quase gritar. — Tenho outra chamada, já te ligo.

Eu crispo os lábios em preocupação e Darcy atende a outra chamada, visivelmente alterado.

— Quem é? — acho que o número é restrito, ele ouve atentamente por alguns segundos. — Você não está louco ainda! Eu te mato, eu estou falando sério, Wickham. — dessa vez seu tom soa baixo e ameaçador. — Ok, eu vou sozinho. Onde estão? — Darcy está notoriamente abalado com o que quer que tenha ouvido.

Sua mão direita segura o celular e a esquerda está apoiada na cabeça.

Ligação finalizada.

Meu Deus, o que aconteceu?

— Wickham está com minha irmã, ele quer que eu o encontre sozinho. Provavelmente para pedir mais dinheiro. Como isso aconteceu? — suas bochechas estão tão vermelhas, ele parece a ponto de explodir. — Como aquela mulher permitiu que Georgiana saísse?

— Chama a polícia. — pondero, pegando em sua mão, na vã tentativa de tentar acalmá-lo. — Ou avise seu tio. Querendo ou não, ele se preocupa com a Gi, certo?

— Eu não sei, Lizzie. Tenho minhas dúvidas. — Darcy agora respira com dificuldade, parece que está tendo uma crise de ansiedade.

— Darcy, inspira e expira. — peço tentando ajudá-lo. — Vou chamar alguém. — eu o ajudo a sentar no banquinho próximo ao colégio.

O mesmo em que conversamos há alguns dias.

— Só fica aqui. Comigo. — devolve com dificuldade.

— Então respira, vai ficar tudo bem. — pego suas mãos, tentando confortá-lo.

Alguns minutos depois, ele parece recobrar o controle.

— Eu vou atrás dele. — anuncia de pronto.

— Você não pode ir sozinho!

— Lizzie, eu não sei do que George é capaz, não vou colocar a vida da minha irmã em risco. Eu vou sozinho, te mando a localização no whatsapp. Se algo acontecer, você saberá onde estou e pede ajuda. — diz tentando soar calmo.

— Eu vou com você. — meu coração jaz na boca.

— Não, não colocarei você em risco também. Eu te levo à sua casa. — afirma taxativo.

— Não precisa, eu vou de ônibus.

— De ônibus, não. Pega um táxi, ou espera seus pais. — pede enfático.

— Eles vão demorar. — respondo pesarosa.

— Então espera Jane e Charles, não quero você zanzando pelas ruas sozinha, estou com um mal pressentimento, Lizzie. Meu peito está apertado. — Darcy deixa a máscara de calma cair.

— Nada vai me acontecer, pelo amor de Deus, Darcy. Você tem que ir sozinho? — questiono desesperada.

— A ordem dele foi clara, eu preciso chegar lá sozinho. George ficou de me mandar a localização, te envio e se você receber a palavra agora no whatsapp eu preciso de ajuda. — explica e fico ainda mais angustiada.

— Não vou te deixar ir! — exclamo desesperada.

— Amor, é minha irmã. Ela é tudo que eu tenho, não sei até aonde George pode chegar por dinheiro! — rebate aflito.

Eu respiro fundo, sentindo meu coração comprimido ao limite e assinto.

Darcy me entrega o dinheiro do táxi, sela meus lábios com um beijo e ruma sei lá para onde. Parecendo absoluta e completamente atordoado.

Quando estou seguindo para o ponto de táxi, grudada em meu celular como se disso dependesse minha vida. Ouço passos atrás de mim, porém, nem tenho tempo de me virar. Um cheiro muito forte e característico penetra em meu nariz, entorpecendo todos os meus sentidos e eu apago.

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E agora, José?

Não me matem!

Beijo maliciosoOnde histórias criam vida. Descubra agora