Verdade ou verdade

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— Boa noite, preciso de dois quartos. — Darcy informa à recepcionista com cara de dor.

— Só temos um disponível, todo mundo resolveu parar aqui por causa da chuva. — ela responde, mascando um chiclete.

Nós nos entreolhamos e ele aceita.

Depois de pagar o quarto, subimos e o cômodo não é lá essas coisas. Tem cheiro de mofo, a madeira do piso range quando nos movimentamos e há uma goteira quase em cima da cama.

— Uau. — eu falo, sarcástica.

— Nada mal, não? — Darcy joga as chaves do carro, mais algumas coisas em cima do criado mudo e senta na cama dura.

— Essa cama tem cara de ser pior do que o chão. — lhe dou a língua.

Darcy ri de leve.

— E é. — ele concorda e nós caímos na gargalhada.

— Melhor do que enfrentar a chuva. — pondero. — Eu vou tomar banho e... — faço uma pausa. — Não sei você, mas não vou ficar com roupa de cemitério.

— Eu não trouxe nada, vou ter que ficar.

— Pelo menos toma um banho, porquinho. — proponho.

— E visto a mesma roupa? — Darcy retruca, divertido.

— Tem razão. — me afasto e vou dar uma olhada no banheiro.

Como sou mulher e precavida, quase sempre tenho uma calcinha reserva, principalmente agora que estou próxima do vermelho. Também achei uma camiseta gigante do Pernalonga, que eu praticamente uso como pijama. Acredito que a enfiei na bolsa, já prevendo que dormiria na Gi e acabei esquecendo. Enfim, sei lá porque faço algumas coisas. Em mochila de mulher se encontra cada artigo, eu carrego uma vida aqui. Tem quase tudo que eu possa precisar: antitranspirante, perfume, absorvente, creme de mãos, guarda-chuva... Pois, é. Não consigo enfrentar o mundo sem ter itens críticos por perto.

Porquanto, depois de tomar um banho rápido no banheiro minúsculo da pousada e lavar o cabelo com aqueles shampoos de motel. Visto a camiseta gigante, que fica no meio das minhas pernas e saio enxugando os cabelos na toalha endurecida.

Assim que aponto no quarto, Darcy me olha dos pés à cabeça e sorri.

— Você fica bem à vontade na minha frente. — sua voz sai carregada de sarcasmo.

— Por que eu não ficaria? Você já me esnobou uma vez, então me deu carta branca. — ele ri. — Além do mais, não suportaria permanecer com aquela roupa.

Darcy assente e começa a tirar a camiseta.

— O que está fazendo? — arregalo os olhos e sinto as bochechas queimarem.

— Minha camiseta está molhada, já que eu não tenho um guarda-chuva. — explica.

— Eu te dei uma carona. — revido.

— Bennet, olha seu tamanho. Acha mesmo que eu caberia no seu guarda-chuva? — ironiza sorrindo.

— Não me ofenda. — crispo os lábios. — Eu sou alta, você que é um poste.

Darcy não retruca e retira a camiseta de uma vez só. Desvio o olhar, sentindo meu rosto queimar ainda mais. Só uma olhadinha, não mata...

Quando terei essa oportunidade novamente? Nunca! Certo? Certo.

Me viro para ele analisando-o disfarçadamente e vou em sua direção, sentando bem ao seu lado. No meu maior estilo cara de pau. Porém, meu rosto vermelho deve entregar que estou morta de vergonha.

Beijo maliciosoOnde histórias criam vida. Descubra agora