Capítulo 7 - A Cidade das Sombras I

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Já era noite quando eles chegaram na cidade de Norn, conhecida pelos criminosos como o centro de toda a maldade, onde apenas os chefes do crime ou bandidos de muita experiência conseguiam passar desapercebidos pelos vigilantes da Patrulha da Noite. Edvar era o lorde daquela cidade, responsável por torna-la segura para as pessoas viverem, além disso, ele era vassalo do Reino de Aeror, e como tal, precisava respeitar as leis impostas por seu rei.

Entretanto, por trás de seu juramento de lealdade ao Reino de Aeror, existia um homem com ambições próprias, que era temido por muitos que o conheciam de verdade. Edvar sempre foi um estudioso da magia, e seu principal interesse estava na arte da necromancia, uma área da mágica oculta que tem como foco o conhecimento e controle sobre os mortos.

Poucos já haviam tido acesso à necromancia, e todos que tiveram enlouqueceram em algum momento por conta de tanto poder, mas Edvar se considerava uma exceção, e estava disposto a tê-la. Para isso, ele teria de fazer um acordo com Soltorth, o Deus da Morte, que exigia algumas condições para o acordo.

Em primeiro lugar, o Deus queria que cada um dos sacerdotes vivos fossem sacrificados, para que nenhum de seus irmãos tivesse um mortal a quem confiar. Dessa forma, apenas Soltorth teria poder sobre o mundo mortal, para que finalmente pudesse se vingar de todos aqueles que armaram contra ele no passado, fazendo-o de prisioneiro por mais de duzentos anos.

Outra condição do acordo era que todos os membros do Clã da Alvorada fossem sacrificados, pois no passado todos tinham feito um juramento à Soltorth, e por conta disso, tinham uma parcela do poder dele. Essas eram as condições que Edvar teria de seguir para que pudesse ter o poder da necromancia em suas mãos.

Para encontrar os sacerdotes e membros da Alvorada, Edvar contratava mercenários e informantes particulares, como Tursum e Nakil já foram um dia. Entretanto, atualmente, apenas uma pessoa fazia esses serviços para ele, e ambos tinham uma reunião marcada naquela noite, na taverna "Racha Lenha", em meio as ruelas mais escuras de Norn.

...

Os portões de madeira pesada se abriram diante da carruagem de Lorde Edvar, que estava acompanhada de seis vigilantes e um prisioneiro, Tursum. As pessoas olhavam para ele com os olhos arregalados, comentando umas com as outras a respeito de se aquele homem felino era realmente quem elas achavam ser, o temido "Rugido da Morte".

Tursum estava com seus pulsos amarrados por cordas, as mesmas as quais os guardas usavam para poder puxá-lo, arrastando-o pelo chão. O mesmo ainda permanecia desacordado, com sangue seco em sua boca e em sua juba, estava incapacitado, e mesmo se acordasse, não teria condições de lutar, afinal, enfrentar a Patrulha da Noite em Norn não era uma alternativa.

A comitiva de vigilantes seguiu para a Fortaleza Escura, levando o prisioneiro com eles, mas Edvar deixaria os assuntos com Tursum para depois. Ele desceu de sua carruagem e cobriu-se com seu sobretudo, tentando esconder um pouco de sua identidade, o mesmo misturou-se junto da multidão que observava a chegada dos vigilantes, e caminhou em direção da taverna "Racha Lenha", onde teria uma reunião com seu informante e mercenário.

Estava chovendo àquela noite, enquanto caminhava, suas botas enchiam de lama e seu cabelo preto ficava bagunçado, o cheiro era como o de alguém encharcado, cada vez mais ele conseguia se parecer com um viajante, ao invés de um lorde. Passou pelas ruelas mais escuras, onde sabia que só encontraria os bares que os criminosos frequentavam, mas era onde ele queria estar.

"Taverna Racha Lenha... perdi a conta de quantos já morreram aqui dentro, pelo menos isso afasta os tolos curiosos." Sorriu, ao passo que olhava para a placa do bar, que tinha o símbolo de um machado cortando um tronco de árvore.

ENOS - O Filho da Alvorada - O Despertar das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora