Sem pensar duas vezes todos os dezesseis homens ergueram-se de suas cadeiras e prepararam suas armas para acabar com a vida do invasor que acabara de entrar na taverna; cerca de sete flechas ficaram na mira dele. Entretanto, o mesmo não se acovardava diante da desvantagem numérica em que se encontrava, ele parecia querer defender a vida da criança a qualquer custo.
- Não pode ser... – Disse a mulher em silêncio e largando a caneca de cerveja no chão.
Seus subordinados a encararam com espanto, pois a procedência de costume naquela situação seria deles capturarem o invasor e assistirem ela a interrogá-lo, torturando o mesmo bem devagar por ter desrespeitado sua autoridade como capitã dos mercenários da taverna Rabo de Porco. Porém, por algum motivo, a mesma ainda não tinha dado ordem alguma a eles.
- Capitã!? Não vai pedir para atirarmos no alvo!? – Disse Badrian, o guarda costas da mesma.
- Quieto, Badrian! Aliás, abaixem as armas, todos vocês! – Gritou, olhando até mesmo para Oliver, o taverneiro, que já estava segurando seu cutelo por trás do balcão de madeira. - Esse maldito não é um estranho para mim. Não ataquem ele. – Disse a mulher.
- Mas que droga está fazendo aqui, Leví? Não tinha ido embora, seu miserável!? – Gritou a mulher, com seus olhos perdendo o brilho. Assim que olhou para o homem, ficou zangada no mesmo instante, como se guardasse raiva do mesmo.
- Eu tive que voltar para procurar por alguém. – O arqueiro olhou para o garoto.
"Enos, você não tá me ouvindo!?" A voz de Nakil voltou a ser escutada pelo garoto, que nem mesmo conseguia escutar os próprios pensamentos minutos atrás.
"Caramba, eu estava sendo hipnotizado, Nakil! Mas agora eu sei, ela é um receptáculo também!" Pensou, ao passo que observava atento a grande mulher e o homem magrelo.
- Você é um receptáculo! – Gritou Enos, em meio a tensão que estava começando na taverna.
- O que disse? – Ela virou o rosto para trás, e o encarou com um olhar de estranheza.
- Uma receptáculo, sim, ela é isso mesmo, jovem. – Leví, o arqueiro, tomou voz no meio de todos, respondendo ao garoto e dando um sorriso sarcástico para a mulher.
- O que está fazendo, "Espantalho"!? – A mulher gritou, e alguns dos outros homens na taverna começaram a segurar a risada, achando graça do apelido.
- Vai continuar a me chamar assim até quando, Esmeralda? – Perguntou, enquanto guardava seu arco nas costas, e recuperava a flecha que havia acertado a caneca de leite.
- A propósito, eu me chamo Leví, e Esmeralda não iria te envenenar. Era apenas um sonífero, que iria deixar você mais suscetível a magia dela, para que pudesse descobrir algumas coisas. Mas eu já tenho a informação que ela queria. – Disse o homem meio magrelo e com o cabelo castanho curto, ele tinha uma verruga na testa e uma barba falhada na região da bochecha por conta de uma cicatriz. O mesmo apertou a mão de Enos, e sorriu para a grande mulher.
- Do que está falando, Espantalho de merda!? – Ela começou a se aproximar dele dando passos pesados e firmes, que faziam até mesmo com que chão de madeira rangesse. Estava estalando os dedos e fechando os punhos, pronta para socar o arqueiro.
- Estou falando que sei de quem o garoto é filho! – Disse em voz alta, encarando-a com um olhar fechado. O mesmo tinha algumas respostas para as perguntas da mulher e do garoto.
- O...o que!? Como assim!? – Enos e Esmeralda disseram em uníssono, ambos não acreditavam nas palavras de Leví, e o encaravam com estranheza.
- Garanta que não existe nenhum informante de Edvar nessa taverna e eu direi, Esmeralda. Confia em seus homens o suficiente!? – Ele dizia trocando olhares com a mulher e observando os olhos atentos de cada um dos mercenários que ali estavam.
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ENOS - O Filho da Alvorada - O Despertar das Sombras
FantasyTodos no vilarejo morreram e os outros que não estão lá desapareceram, tentaram sequestrá-lo mas não conseguiram, agora é o momento dele descobrir quem realmente é. Mas antes, para sobreviver, o garoto terá de encontrar uma forma de escapar com vida...