Lua de sonhos.

O carrasco.

Notas da autora: Sei que demorei séculos para postar, mas é que a situação estava complexa, porém eu pretendo retomar essa história e conclui-la do jeitinho que imaginei, esperem capítulos em breve. Desculpem a demora.

Louis obedeceu o homem estranho, primeiro porque ele tinha uma arma, e segundo porque ele sabia que este homem era mal, realmente mal, não entendia como seus pais podiam usar uma pessoa dessas para procura-lo, porque isso?

Uma vez dentro do carro do homem ele teve as mãos amarradas firmemente em cordas finas, mas resistentes, seu corpo estava doendo tanto que ele quase não podia conter as lágrimas, mas tentava embora seus olhos estivessem molhados a muito tempo.

-Você realmente deixou seu pais muito preocupados mocinho...Eles estão me pagando muito bem para recupera-lo.

Louis não disse nada mas percebeu que o homem arrancou a toda velocidade pela estrada acidentada, um calor estranho subia em ondas no corpo jovem, o frio de estar molhado não o afetava mais, nem mesmo o medo, mas esse calor crescia, crescia muito, ele gemeu de dor, incapaz de segurar isso.

O homem o olhou de lado.

-Não adianta fingir, em poucos minutos eu pego a estrada principal e de lá seguirei até o outro condado, de lá direto para casa, sem paradas desnecessárias até o hospital psiquiátrico onde seu médico o espera, creio que passará um longo tempo lá desta vez.

O aroma de Louis crescia, a janela aberta do carro deixava seu cheiro doce e imensamente bom se espalhar pela noite chegando a cada beta e alfa do condado, mesmo que ele não soubesse disso seu primeiro cio chegava com força total, todos os inibidores se foram, seu sangue estava limpo e a natureza cobrava agora o que devia ter acontecido a anos antes.

A chuva cedeu e então no meio da estrada um lobo gigante parou, o homem que dirigia parou o carro abruptamente, encarando o que via sem entender, seus olhos míopes se espremiam dentro dos óculos grossos de aro de tartaruga, tão velhos que estavam colados com fita adesiva.

-Que merda é essa? Disse o homem sem entender.

Mas o lobo avançou sem controle e atingiu o carro o jogando longe, a porta do motorista foi arrancada com violência e o homem teve o braço mordido e foi jogado para fora como um boneco de pano, sacudido tantas vezes que perdeu a consciência, diante desse acontecimento Louis escapou pelo outro lado do carro, mãos atadas, mas ágil como um lobo mesmo sem saber disso, seus pés corriam sem tropeçar entre folhas, galhos e lama, ele não escorregava embora isso fosse impossível.

Louis ouviu um rosnado leve entre as folhas e logo viu olhos vermelhos de um lobo negro a saltar na escuridão, ele gritou assustado e deu dois passos atrás, o outro lobo, aquele que atacou o carro estava ali, e nisto os dois se encararam furiosos, suas patas se grudaram ao chão, seus dentes estavam a mostra, eram fúria e tempestade.

-Oh deuses...Resmungou Louis preso entre eles.

O lobo negro correu e Louis se abaixou, num milésimo de segundo ele saltou sobre Louis e caiu sobre o outro lobo, eles rolaram na terra molhada e Louis correu novamente, ele sentia suas entranhas ardendo, ardendo e doendo, a dor do lado estava mínima se comparada a dor que se alastrava em todo seu corpo quase o impedindo de correr, mas mesmo assim ele seguia, rápido, ágil e desesperado, ele buscava algo, algo que não sabia o que era.

Em sua mente ele via olhos verdes, olhos verdes intensos como esmeraldas, uma voz rouca e sensual, baixa, terna e acariciante, tão sua que ele chorou por ela.

Lembranças sombrias vinham a sua mente, um homem grande que o pegava nos braços, olhos verdes, olhos verdes...O cheiro dele era tão bom!! Ele conhecia este cheiro, conhecia mesmo...De onde? Alguém o arrancava de sua segurança, dos braços amorosos que ele conhecia e então ele o perdeu, perdeu muitos.

Subitamente ele sentiu um aperto no peito, doendo...E se lembrou, ele sentiu esse aroma antes, muito antes de tudo, provavelmente quando era muito novinho, talvez somente um bebê e agora reconhecia o cheiro, era o mesmo que sentia todas as vezes que ia ao seu trabalho, era o cheiro de Harry.

Era Harry, o dono dos olhos de seus sonhos, da voz de seus sonhos, o lobo de seus sonhos, o homem lindo, maravilhoso que ele via ou não via, mas sentia tanto e a tanto tempo, como não entendeu antes? Mas não fazia sentido algum, como poderia ser???

Instintivamente ele caminhava agora, não corria, todos os seus sentidos o guiavam, ele seguia o cheiro...Seu corpo ardia por ele, e ele o queria agora, neste momento, ele o desejava.

-Harry...Harry...Harry...

Louis não sabia mas seu corpo em pleno cio o levava a Harry, ele estava indo para a casa de Harry dentro da floresta, ele o queria e iria busca-lo, o problema era que o caminho era repleto de alfas e betas...

Mas essa dor era o carrasco e Harry era seu remédio e ele queria se inundar dele plenamente.