Capítulo 2

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Para Além da grades

Capítulo 2

Falar daquilo me causava uma dor enorme, quando a entrevista acabou as agentes me levaram para a cela.
Até hoje não me conformo de estar aqui, não é justo eu defender a minha única irma dos abusos do meu pai e acabar presa. Mas, o Brasil é machista, não era pra eu estar aqui. Os exames constataram as agressões, e mesmo que não houve penetração ficou claro a a tentativa. Eu odeio aquele covarde que matei como todo o prazer, sempre tive nojo do meu progenitor. Foram muitas as vezes que eu passava o dia na rua pra não voltar pra casa. Ele deixava a gente passar fome, se não fosse por mim que saía pra roubar com meus aMigos não teríamos nem um ovo pra comer com farinha. De tudo que vivi até aqui, só consigo sentir ódio pela vida miserável que tive, por presenciar o sofrimento da minha mãe na mão dele.
Nossa, quando lembro da minha mãe sinto uma vontade imensa de chorar, ela era gentil, amorosa e mesmo apesar do sofrimento fazia de tudo pra nos fazer felizes.
Hoje, me encontro reclusa há quase 2 anos e sem visita. A única coisa que me conforta é que aqui na colméia, Presídio Feminino do Distrito Federal, são as meninas que me acolheram e me tratam com muito carinho. Sempre tem as que gostam de uma patifaria, mas essas eu prefiro ficar bem longe. 
Eu não vejo a hora de sair daqui e retomar a minha vida, desde que minha mãe morreu comecei a trabalhar, prometi pra ela que iria mudar a minha vida e a da minha irmã.

Que saudades da minha pequena Yara. Ela deve ta uma moça linda com 16 anos, e beleza é uma coisa que não nos falta. Eu tenho 1.72 de altura, pele negra, cabelos  cacheados e olhos escuros como a noite. Todo mundo me fala que a minha beleza chama a atenção, mas eu não me acho tão bonita assim. Sou muito desarrumada, sempre andei mal vestida e sem cuidados.
Quem sabe um dia a vida muda e eu possa cuidar mais de mim mesma.

Já era 3 da tarde e nada de uma notícia boa para mim. Pode até parecee besteira, mas todos os dias espero por alguma notícia que me traga alegria.

Logo vieram abrir a grade, certeza que era mais uma novata. Quando olhei pela brecha da minha cortina, vi uma senhora de uns 60 anos mais ou menos.

- Com licença. - disse assim que entrou.

Logo as meninas passaram a conversar com ela e aos poucos fomos sabendo o motivo da prisão.

- Me prenderam por causa de umas escutas telefônicas.

Pelo que ela falou, parecia que era uma traficante muito influente em Brasília. Logo algumas meninas já passaram a dá mais atenção pra ela, porque aqui é assim, você vale o que tem. Mesmo que as meninas tratam todo mundo bem, quando aparece alguém cheia da grana elas sempre ficam pagando pau.

Continua..

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