capítulo. 19

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Para além das Grades

Capítulo 19

Alguns dias se passaram e a saudade do Caio só aumentava, toda vez que lembro dos nossos momentos minha buceta pisca de tanto tesão e saudade. Mas daquele jeito não dá, não vou mentir a minha vontade é de estrangular aquela infeliz até ela sair do meu caminho, porém, não quero mais vida de cadeia, quero é esquecer tudo que vivi dentro daquele inferno.

- Yaya, vamos lá na Estrutural. Quero muito ver meus amigos.

- Eu também quero ir, já tem uns 10 dias que saí e até agora não vi ninguém.

- Vamos depois do almoço, podemos ir de uber.

Depois do almoço arrumei umas coisas em casa e partimos para a Estrutural, chegando na entrada da cidade senti uma nostalgia incrível. Meu coração se alegrou quando vi as casinhas, a mercearia da dona Bete e os moleques na esquina, mesmo que se passaram dois anos a cidade continua a mesma. A Estrutural não é um lugar bonito, aqui os moradores sofrem com a violência, falta de estrutura e principalmente pelo desemprego, e apesar de tudo isso foi aqui que conheci as melhores pessoas, vivi os melhores momentos da minha vida.

Chegamos na casa de uma amiga da Yasmin que ficava próximo a casa que moramos, andei um pouco até lá e me lembrei do tanto que sofri dentro daquele barraco.

- Yasmin..? – ouvi uma voz me chamar e me virei.

Era o meu ex namorado que me abandonou na cadeia.

- Oi, Fábio!

- Que bom te ver!! Quando que você saiu?

- Tem uns dez dias, e você como está?

- eu to bem! Vamos lá no bar do ziu tomar uma gel e trocar uma ideia.

- eu não bebo, Fábio, esqueceu?

- To ligado, gata! Mas aí bora lá trocar um lero.

- Outra hora, tenho uns amigos para visitar.

- Você tá chateada comigo, né?

- Nem um pouco, por que ficaria?

- Nada não. Então eu vou indo nessa, foi muito bom te ver!

Ele veio me dá um beijo no rosto e me esquivei. Moleque cara de pau, a gente namorava há 3 anos quando fui presa e ele nem lá foi me levar um miojo. Quero é que se foda, isso sim!

Caminhei algumas ruas e já comecei a ver as pessoas que conviveram comigo, logo estava rodeada de pessoas. Todos curiosos para saber quando sai, onde estou morando. Falei o básico dos básicos e mudei de assunto. Soube de várias coisas que aconteceram desses dois anos pra cá, soube de um primo, um dos que me ameaçaram estava preso. Passei o dia conversando com a galera, visitei amigos e me senti feliz por ver o quanto sou querida no bairro.

A noite chegou e fomos para casa, passei pela portaria e me informaram que tinha uma entrega para mim, era um buque de flores amarelas, olhei o cartão e já sabia de quem era.

“ Amar e se renovar, é um processo que nos aperfeiçoa para a vida.

Como Amor, Caio.”

Ele é tão romântico! Parece que tem meses que não o vejo, a saudade está a cada dia mais apertada, e nada que eu faça está me fazendo esquecer os momentos que tivemos.

- Nossa, Yaya. O caio arrasta o cu na brita por causa de você e tu nem thum pra ele.

- Eu amo muito ele, mana. Mas, não quero problemas, passei dois anos trancafiada na cadeia não posso correr o risco e voltar.

- Só por causa daquela mulher?

- Também.

- Ah não, mana, para com isso! O cara te ama, você vai dar ele de mão beijada assim?

- Eu não estou fazendo disputa, Yara!

- Mana, liga pra ele e vai viver feliz, para de sofrer por causa dos outros. Se essa mulher vim de onda é só você dá um pau nela.

- As coisas não são assim, mana. Se eu aprontar alguma coisa posso ir presa, eu tenho pendências com a justiça.

- olha, você já foi mais vivaz. – Ela falou isso e saiu me deixando sozinha.

Fiquei um tempão pensando nisso e decidi tomar uma atitude, peguei o celular e disquei o número do Caio.

O telefone tocou várias vezes e ele não atendeu, logo meu telefone toca e era ele ligando de volta.

- Caio?

- Oi, meu amor. Como Você esta?

- Com saudades de você!

- Eu também estou com muita saudades.

- Volta pra casa pra gente ser feliz?

- Você está brincando comigo? – perguntou surpreso.

- Estou falando sério. Não é justo deixar de ser feliz por causa dos problemas.

- Estou indo aí agora mesmo!

Continua...

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