Capítulo I

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Sal acordara mais uma vez por causa de seus pesadelos. Sua mãe falava para ele correr, mas ele não conseguia soltá-la ou tirar os pés do chão. Ele estava congelado e o vulto se aproximava cada vez mais...

-Merda, merda, merda.

O menino levanta e vai até o banheiro, pegando um remédio que seu psicólogo o receitou para ajudar a dormir e lidar com seus pesadelos.

-Alô? Larry...?
-
-Larry? Laaaarry, tá acordado?
-Hum?! Oi Sal. Porra, são 3 da manhã, o que foi?
- Eu sei. Eu...eu tive um pesadelo. de novo.
-Sua mãe?
-Uhum.
-Quer vir aqui em casa um pouco?
-Não precisa, vai acabar acordando sua mãe e-
-Cara, ela tá viajando, lembra? Minha tia tá no hospital.
-Mesmo assim. Eu só queria saber que eu tinha acordado mesmo, te ligar sempre funciona.
-Hum. Não quer vir mesmo? Eu não tô com sono e tem um vídeo game novo que achei na lata de lixo do colégio que tô louco pra jogar.
-Certo, já desço.

Sal pega um casaco e põe por cima do pijama. Põe sua prótese, pega seu celular e deixa um bilhete para o pai, avisando aonde ia.

"eu odeio andar pelo prédio sozinho durante a noite, mas vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem..." Sal ia cantarolando baixinho enquanto saía de casa. Ele sempre cantava quando estava sozinho para preencher o silêncio e, de alguma forma, espantar qualquer coisa que pudesse estar com ele.

Chegando no andar de Larry, Sal ouve um barulho, mas resolve ignorar. Bate na porta e espera o amigo abrir, quando, de repente, ouve um barulho bem nas suas costas. Ele se vira pra olhar e-

-WRAAAAAAAA

Sal dá um pulo e se abaixa, protegendo a cabeça.

-Ei, mano, tá tudo bem? Sou eu.

Sal olha pra cima e Larry está lá, com uma máscara de papel.

-Haha, muito engraçado, Larry Face. Vamos logo.

Eles entram no apartamento e Sal se joga no sofá, abraçando os joelhos e balançando levemente para frente e para trás.

-Okay, tem *nome de jogo sangrento*: escuridão e *nome de jogo sangrento*: risada demoníaca. Qual você quer?
-Bob esponja.
-Que?
-Eu acabei de ter um pesadelo e você acabou de me assustar. Não quero jogar nada violento, okay?
-Certo, tanto faz. Quer mesmo ver Bob esponja?
-Claro, por que não?

Eles põem no desenho animado e Larry joga um coberta em Sally.

-EI!

Larry da dê ombros, dizendo que é para Sal virar logo um casulo de tão encolhido que está.

Sally sabia que ele estava brincando, mas não podia deixar de imaginar como seria bom se encolher e ficar assim por um tempo, protegido do mundo.

Ele já podia sentir o remédio começando a fazer efeito, estava sonolento e quase dormindo, até que desaba no sofá e dorme.

----------outro dia---------------

Sal acorda, levando um tempo para entender o porquê de não estar em sua própria casa. De repente, levanta num pulo. Ele, em algum momento da noite, havia caído em Larry e estava deitado no colo do amigo. O garoto de cabelos azuis não podia negar que não gostaria de ficar assim com o amigo, mas eles eram apenas isso: amigos. Sal negava todo e qualquer sentimento maior que tivesse por Larry, já que o mesmo era hétero e nunca ficaria com alguém como ele. Além disso, ele não gostaria de estragar a amizade dos dois. Nem pensar.

Ele se levanta do sofá e, sonolento, dobra a coberta, logo indo para a cozinha procurar alguma coisa comestível, quando escuta Larry acordando.

-Bom di-
-Mas quê porra?!

Escuta Larry entrando e trancando a porta do banheiro, sem nem dar bom dia ao amigo. Sally suspira e continua procurando algo para comer, até achar uma caixa de cereal no armário.

Depois de um tempo, Larry sai do banheiro e vê Sal sentado à mesa, com a boca cheia de cereal.

-Quando você chegou aqui?
-Ontem a noite, lembra? eu acabei dormindo aqui.
-Ah é.

Larry resmunga algo como "merda", mas Sal não consegue ouvir direito, então opta por ignorar e não fala nada. Eles conversaram um pouco sobre coisas aleatórias, até que Sal vê o horário.

-Okay, eu já vou indo, tenho que arrumar a casa e levar Gizmo no veterinário.
-Ele tá bem?
-Tá, é só um check-up geral por causa da idade.
-Ah, certo. Eu posso ir com você, se você quiser.
-Não precisa, é aqui perto, mas valeu. Enfim, até depois.
-Até.

Sal sai, deixando o maior sozinho com seus pensamentos. Ele sentia algo que não conseguia definir pelo amigo, mas não podia demonstrar, o que iriam pensar? E Sal era apaixonado por Ash, nunca daria bola pra ele. Era melhor deixar as coisas como estavam e manter a amizade. Bem melhor.

just friends |Sally Face × Larry |Onde histórias criam vida. Descubra agora