Deveríamos ser (bem) mais próximos

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          Era domingo. Beatrice e Patrick estavam na biblioteca com outros dois corvinos: Aurora e Jacob. Os quatro estavam entretidos praticando alguns feitiços novos e por sorte haviam chegado cedo o suficiente para conseguir ocupar uma mesa que ficava fora do campo de visão de Madame Pince. Tinham a intenção de revisar um pouco de cada matéria e, pelo fato de serem todos muito inteligentes, atingiram o objetivo antes mesmo do almoço.

          Dalilah tinha acabado de sair do Salão Principal após o almoço. Ela, Beatrice e Melissa costumavam passar juntas a maior parte dos fins de semana em Hogwarts, já que durante a semana era inevitável que cada uma passasse mais tempo com seus colegas de casa do que entre elas. Melissa havia contado para as duas amigas sobre seu caso com Ethan e ambas, felizes por ela, a apoiaram para que passasse aquele dia com o garoto. Por isso, restava a Dalilah que fosse ao encontro de Beatrice. Se apressou para subir as escadas e rumou distraidamente à biblioteca, imaginando como estaria indo o primeiro dia de Mel com Ethan, quem ela não conhecia direito.

          Ao virar o corredor que levava à biblioteca, a garota da Sonserina viu três pessoas conversando por sussurros perto da escada. Dentre elas reconheceu um colega de casa logo de cara, era Félix. O menino, que estava conversando, calou-se quando ouviu os passos pelo corredor, mas voltou a falar quando reconheceu que era Dalilah, fazendo-a concluir que, já que ela não era uma ameaça, o assunto aparentemente sigiloso que estava em pauta provavelmente dizia respeito às casas.

          Enquanto tentava passar naturalmente pelo corredor fingindo que não tinha intenção alguma em entreouvir a conversa, Dalilah conseguiu identificar quem eram as outras duas pessoas conversando com Félix e ainda ouvir um pedaço da conversa. Ali estavam Alban e Rafael, ambos da Grifinória, e o assunto era, de fato, as casas de Hogwarts.

          - Eu não gosto de vocês e é isso. Não tem relação com as casas. Não é porque existe uma história de rivalidade que um sonserino não pode ser amigo de um grifinório. - Dizia Félix, em um primeiro momento.

          - Assim a rivalidade acabaria. E esse ódio entre Grifinória e Sonserina faz parte da história de Hogwarts, não pode ser perdido ao longo dos anos. - Rafael respondia com um tom de voz baixo mas que transparecia sua irritação. Alban já nem fazia mais parte da conversa, só estava sentado em um degrau da escada encarando os dois enquanto discutiam.

          - Então vai encher o saco da Grifinória se é assim que você pensa. Deixa os sonserinos longe disso...

          Depois disso, Dalilah já não conseguiu ouvir mais nada, já que havia chegado na porta da biblioteca e não tinha mais como disfarçar para escutar o resto, então entrou e procurou por Beatrice. Notou que a amiga corvina ainda estava lá com um garoto que sabia que se chamava Patrick, mas não conhecia direto.

          - Sente aqui. Já acabamos de estudar faz tempo, estamos só conversando. - Beatrice disse, apontando a cadeira ao seu lado para que a amiga se juntasse a eles. Patrick observou Dalilah se sentar na mesa deles e, quando ela o encarou, ele sorriu de forma simpática e receptiva.

          Mel e Ethan estavam tendo o "primeiro encontro" embaixo das arquibancadas do campo de quadribol, que não estava sendo usado pela equipe de nenhuma casa, sendo um lugar no qual a chance de interrupções era quase nula. Os dois já  haviam feito um piquenique e agora intercalavam conversas sobre os mais variados assuntos com beijos que iam do mais delicado ao mais quente.

          Em uma conversa particularmente longa, Ethan contava sobre como havia conseguido se tornar modelo e por isso estava relutante com sua volta à Hogwarts, mas estava satisfeito com o retorno devido ao quadribol. O garoto percebeu o interesse de Mel quando falou que gostava de ser o apanhador da Lufa-Lufa. Ela havia até chegado mais perto e começado a mexer no cabelo dele.

          - O que? Você gosta de apanhadores? - Ele perguntou, sem conseguir conter o riso. Melissa também sorriu nessa hora.

          - Ah... São os meus preferidos. - Ela respondeu, ainda sorrindo, e, aproveitando que estava sentada com as pernas esticadas em cima das dele, apoiou as mãos no chão para que pudesse ir mais para frente para subir em seu colo.

          Ethan a deixou subir e curvar-se para beijá-lo enquanto ele, por sua vez, tinha as duas mãos por baixo da blusa dela.

          Bella Lena tinha acabado de tomar um banho fresco e saía saltitante do castelo para encontrar os amigos. Estava passando em frente às estufas quando esbarrou em alguma coisa, caiu de costas no chão e ouviu o barulho de algum líquido sendo derramado.

          - Desculpa... O sol ofuscou minha visão... - Ela disse, ainda sem saber para quem estava se desculpando, pois depois de olhar para o sol e cair só conseguia ver um vulto preto estendendo-lhe a mão.

          - Também não te vi. Você está bem? - Disse a pessoa. Bella esperou sua visão voltar por completo e viu que aquele era Félix, com quem ela falava ocasionalmente. A garota segurou a mão dele para se levantar e reparou que na outra mão do garoto havia um copo, o que explicava o líquido que ouvira cair no chão quando esbarrou no menino.

          - Tudo bem. Só deu uma tontura na hora... - Respondeu já de pé, limpando suas vestes com a mão. - O que é isso aí? - A lufana questionou apontando para o copo dele, que agora continha apenas metade da bebida.

          - Experimenta. - Félix entregou o copo à Bella, que bebeu o líquido sem saber identificar se havia gostado ou não, mas definitivamente tinha álcool ali.

          - Acho que eu até gostei, tem gosto de ser ilegal.

          - É. Comprei pra ver se me acalmava depois de brigar com um grifinório muito filho da puta. Pior que aquele amigo branquelo dele concordava comigo mas não se posicionou pra não discordar do próprio amigo. - Os dois agora caminhavam lado a lado.

          - Branquelo da Grifinória? Ta falando do Alban? Acho ele um amor mas ele só tem um amigo mesmo por motivos de ser estranho demais.

          - Ele tem que aprender a parar de ser um frango e começar a se impor. Não sei qual dos dois me irrita mais. - Félix fez um breve resumo da conversa que teve com ambos mais cedo naquele dia.

          - Acho que agora a dica é você fazer amizade com o Alban, não tem vingança melhor pra nenhum dos dois. - Bella falou e, logo  em seguida, avistou seu grupo de amigos da Lufa-Lufa. - Vou lá com o pessoal. Fica bem, a gente se fala. - Ela despediu-se de Félix dando-lhe um beijo na bochecha, deixando-o sozinho pensando que definitivamente deveria ser mais próximo daquela garota.

          Dalilah, Beatrice e Patrick ainda estavam na biblioteca, mas definitivamente não utilizaram o tempo para estudar. Invés disso haviam conversado sobre os mais variados assuntos, desde dragões até fofocas sobre o pessoal de Hogwarts - o que também incluía Dalilah narrando o que ouviu da conversa entre Félix e Rafael.

          - Já não fui com a cara desse Rafael aí.

          - Beatrice comentou. - Você e a Mel são amigas, uma da Grifinória e outra da Sonserina. Qual é o problema?

          - Pois é...

          Beatrice se retirou por alguns minutos para ir ao banheiro, deixando Dalilah e Patrick sozinhos na mesa. Não demorou muito para que seu celular apitasse com uma mensagem do garoto corvino, ela tinha acabado de usar o vaso sanitário quando leu "adorei sua amiga". Demorou mais do que o necessário para lavar as mãos e, quando retornou à mesa, os dois estavam conversando sobre visitas à Hogsmeade.

          - Na próxima vez que Hogsmeade estiver liberada, vamos juntos... - Patrick convidou.

          - Vamos sim. - Dalilah respondeu, tentando dar um mini olhar significativo para Beatrice, na esperança de que a amiga entendesse o que ela estava querendo dizer.

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