Gêmeos 2

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Ah... Os signos de ar, podem te preencher, tirar o cansaço de seus pulmões e envolver as arestas do seu corpo com vitalidade.

São os signos que de cara te dão novos pontos de vista.

Os famosos "diferentões".

Contudo, o ar que lhe ofertam, também podem te tirar, deixando as sobras de um vago afago momentâneo.

Aquele garoto de Gêmeos era exatamente a mistura pendular do pulmão preenchido e a falta de ar.

Pior que o nosso fumo, sua voz me tirava o ar.

Era complicado de respirar com sua presença.

Suas conversas voavam sobre os minutos, me ensinando que nada na vida é retilíneo.

Íamos de protesto a sexualidade. Do preconceito a comida preferida.

Isso era o garoto de gêmeos, inconstante, fluído de um modo que só ele conseguia se entender.

Só ele conseguia se prender.

E quem consegue prender alguém de gêmeos?

Acima de mudarem suas opiniões, são amantes de seus pontos de vista, tentar ser contra ele era como travar uma luta entre um coelho e uma cobra.

Obviamente ele era a cobra, eu o coelho, porquê...

Bem, tenho um coelho, acho que por isso.

Mas não considere a ele uma cobra pelo veneno, nada disso. Aquele garoto era envolvente, suas mãos, sua língua, suas falas.

Tudo se envolvia em mim, tudo me agarrava de uma forma tão gostosa.

Ao mesmo tempo que me deixavam livres para sair a hora que quisesse, mas quem iria querer sair dali?

Quem iria recusar o garoto de Gêmeos?

Meus amigos nos deixaram a sós faz tempo. Aquele banco quase tornou-se um motel.

Mas ele acabou de dizer que gosta de conforto, está quase me chupando aqui na rua...

Não dá para entender os geminianos.

Eu não sabia mais se estava conversando com a mesma pessoa que havia me pedido fogo.

Quantas personalidades você possui?

Então ele parou.

— Você disse ser bissexual, não é?

Nossos beijos quentes e pegação profunda travaram em sua pergunta.

Mesmo meu corpo excitado, não parecia ser um momento para tentar fugir de sua pergunta.

— Sim... Algum problema?

— Para você não é mais fácil tentar gostar de alguém de outro sexo? Só para simplesmente não passar por isso?

Fiquei confuso pelo que tanto o garoto de Gêmeos me questiona. Então olhei ao nosso redor.

Os olhares de ódio e raiva que nos cercam, a vontade nítida da ira que recaia sobre nosso amor.

Éramos pecado.

O olhei, deitado no banco sobre meu peito, não triste, não feliz, revoltado.

Então o puxei para cima continuando nossos beijos.

Senti um sorriso se formar em seu rosto.

— Sabia que para a formação de elevações de rocha sobre os processos de ações sísmicas é chamada de cavalgar? Pois a rocha está se sobrepondo sobre uma mais velha.

Ele riu.

— Que bom que sua bunda é bonita.

Me respondeu.

Pode até ser um elogio, mas doeu.

Ele então esgueirou se até a ponta de me ouvido, me deixando sem defesas a sua voz destruidora.

— Lindo essa explicação, mas eu quero cavalgar em outra coisa.

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