As ruas da cidade Real, capital do atual maior reino de Arcadia, ou melhor o único reino do mundo, formado depois da primeira grande guerra, também conhecida como a guerra da unificação. Estava localizada sob o a foz de dois grandes rios, Tan e Ennes, as principais rotas fluviais utilizadas por Arcadia, conferindo a cidade Real, além de centro político, também econômico e estratégico, sendo o maior porto e distribuidor de mercadorias do mundo. Em resumo, era uma cidade importante. Lar da família Real e dos principais acontecimentos históricos.
Um dos gostos de Victor, fora a caça, sempre foi a história. Afinal, Arcadia tinha um passado sangrento e sombrio envolvendo combates, torturas, traições, governos totalitários e canibalismo, de certa forma, o jovem caçador se identificava com aquele tipo de drama.
Em geral, a cidade era formada por casas com grandes janelas e vários andares, construídas muito próximas umas as outras e que de certa forma lembravam minicastelos comprimidos em um pequeno espaço, talvez os construtores tentassem, de alguma forma, copiar o estilo da monarquia. O moderno e antigo se misturavam o que resultava em algo meio confuso. Um claro exemplo disso são as Torres de pedra, com suas minúsculas janelas aonde, no passado, deveria ter arqueiros e protegiam a cidade dos possíveis e constantes invasores, agora eram aonde serviam de base para a implantação de outdoors com diversas propagadas, além das pichachões. No alto, aonde deveria estar um telhado pontiagudo, agora é uma cúpula de vidro a qual serve de local de vigia dos Guardas Reais, lá eles observam tudo e a todos. A cor padrão da capital era o vermelho e suas variações de tonalidade, simbolizavam a família real, mas aqui e ali se podia ver ainda vestígios do antigo governo, a cor azul turquesa em alguns tijolos ou ruinas, cor que representava o rei louco não–humano que governou Arcadia ao fim da segunda grande guerra, seu nome causava repulsa a todos os seres, sejam humanos ou não–humanos, Barba Azul. O irônico é que mesmo que atualmente a rainha Vermelha tentasse esconder ao máximo o passado "azul" da cidade, não podia ocultar a triste verdade, corria em suas veias o sangue de Barba Azul que era seu pai, mas graça a ele, a família real, antes humana, agora era mestiça e ganhou algumas habilidades especiais, como a longevidade.
Em frente de seu apartamento, Victor fechou o seu casaco escarlate, protegendo–se do vento frio matutino. Mesmo sendo cedo, a rotina urbana já a muito tempo tinha se iniciado. Os bondes movidos por magia soltavam faíscas púrpuras enquanto se locomoviam velozmente pelos os trilhos, em seu interior, uma verdadeira multidão parecia estar tentando se rebelar contra a famosa lei física que postulava que dois corpos não podem ocupar o mesmo local no espaço. Lembravam, e muito, sardinhas dentro de uma lata de conserva.
"Por isso, quero um carro!" Pensou o jovem caçador ajeitando a sua mochila nas costas.
–Já está pronto? – A voz de Klaus o fez sobressaltar, não que tenha se assustado, um caçador está sempre atento para possíveis ameaças, e aquele lobo podia ser classificado como uma grande ameaça.
–Você está atrasado. –Disse carrancudo, mas mesmo forçando seu rosto para parecer irritado, não pode conter a surpresa ao ver o lobo saindo de um carro 4x4 de coloração prateada –Você tem um carro?
Klaus, que agora usava óculos escuro, apenas sorriu.
–Excelente observação, meu caro caçador. Suas habilidades me surpreendem mais a cada dia. –Comentou abaixando levemente óculos deixando amostra seus olhos de íris douradas.
–Não me provoque, hoje estou armado! –Ameaçou, tentando não permanecer fitando por muito tempo o rosto do outro. Aqueles olhos... Sempre lhe davam estranhos calafrios.
–E quando não estás armado? –Aquele lobo não sabia que sua vida estava apenas por um fio? Talvez devesse dar uma amostrar de suas reais habilidades. Seus revólveres estavam na parte de trás de sua cintura, parcialmente ocultos pela sua jaqueta escarlate. Tardaria menos de 2 segundos para pegá-las e mirá-las na cabeça de Klaus e atirar. Contudo, logo descartou essa ideia, seria imatura da sua parte estourar os miolos de seu suposto parceiro unicamente por ser provocado. Haveria outras formas de se contra-atacar que não envolvesse a violência... Só bastava descobrir como seriam essas "outras formas" já que sempre usou os punhos e armas para expressar seu descontentamento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Capuz Escarlate - Legado do Lobo
Mistério / SuspenseA ordem Capuz Escarlate, desde da terceira grande guerra, mantém a paz entre os humanos e os não-humanos. São a balança, a espada e o escudo da nação de Arcadia. Todos os admiram e os temem. Sua marca: um capuz de coloração vermelha tal como o sang...