Capítulo 8

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–...Eu já disse! Vocês só terão direito a um quarto! Eu pago meus impostos em dia, já contribuo bastante para o reino, de modo que já cumpro com a minha obrigação de cidadão de Arcadia! –Disse o dono da pousada "Palha e Ouro", tratava–se de um duende, uma das raças mais muquiranas de não–humanos, só perdiam para os anões ou mesmo os leprechauns. Victor já estava perdendo a sua paciência com aquele homenzinho de cabelos loiros quase esbranquiçados, nariz pontiagudo e olhos pequenos e vivazes. Sua cabeça e mãos eram desproporcionais em relação ao seu corpo, lhe dando um aspecto meio cómico. Contudo, o caçador não tinha a mínima vontade de rir e sim de socar algo, se possível (e de preferência) o dito duende.

–Não estamos pedindo que nos dê mais um quarto de graça! Tenho certeza que a Ordem deve ter comunicado com o senhor e o pagou devidamente...

–Devidamente? Aquela esmola? A sua querida Ordem acha que só porque faz parte do governo pode nos dar umas poucas moedas e que tenho obrigação de aceitá-los e dar meus melhores quartos! Tal como uma cortesia! Não! Eu não farei isso! O dinheiro que me mandaram só dá para um quarto. Se não quiserem podem procurar outro hotel para ficarem...

–Você sabe muito bem que só tem essa pousada em Alsfeld!

O duende deu os ombros e voltou a fazer algumas contas na velha calculadora e anotar alguns números em um pedaço de papel. Victor desceu sua mão para parte de trás de suas costas, rumo ao sul... Sentiu o cabo de seu revólver e... Uma mão forte segurou o seu punho e o impediu de sacar sua arma. O caçador, revoltado, fitou seu companheiro. Klaus exibia um sorriso simpático para o duende.

–Nós iremos ficar com o quarto.

–Como é? –Victor praticamente gritou. Não queria ter que dividir o quarto com aquele lobo, queria ter a sua privacidade! Já não bastava terem ficado aquelas incontáveis horas de viagem juntos?

O duende arqueou as suas sobrancelhas avantajadas.

–Perfeito. Mas não esperem que terão serviço de quarto ou café da manhã!

–Você está fazendo todo esse drama, mas devia estar agradecido, pelo o que parece somos os únicos hóspedes que tens! –O caçador realmente queria atirar naquele nanico mão–de–vaca, mas a sua mão estava totalmente imobilizada. Todavia, ainda detinha a outra mão livre e logo resolveu pegar a sua outra arma, não era possível que Klaus tentasse pará-lo sem alertar ao duende.

–Vicy... – O lobo era imprevisível, Victor soube disso quando sentiu a mão de Gallego, que antes segurava o seu punho, agora apalpava a sua bunda, fazendo o caçador morder o lábio inferior, contendo um grito nada masculino de escapar de sua boca. Seu plano de extermínio de duendes fora totalmente esquecido – O senhor Rumpelstiltskin está, evidentemente, muito ocupado. Ainda mais, não vejo problema algum em dividirmos o quarto.

Victor já iria expor sua opinião, mas foi interrompido pelo o duende.

–Oh! Você conseguiu dizer o meu nome sem gaguejar ou errar na pronúncia! – Rumpelstiltskin parecia mesmo impressionado – Antes eu fazia apostas com as pessoas para que elas tentassem adivinhar meu nome, como deve imaginar, eu sempre ganhava...Bem, quase sempre. Houve uma mulher que conseguiu adivinhar e bem...Perdi uma fortuna! Enfim, logo percebi que ter um nome complicado não era uma vantagem. Irrita quando as pessoas pedem para soletra–lo, ou fazem aquelas caras assustadas quando digo o meu nome a elas. Custa eles se esforçarem um pouco para tentar aprender a forma correta de falar? Estou tagarelando muito, não? Desculpem... Mas creio que devo recompensa-lo. Aqui! –Entregou a Klaus dois tabletes de chocolates envoltos em um papel dourado.

–Er...Obrigado. –Disse o lobo aceitando a recompensa com receio –Queria te perguntar a senha para a Wifi e...

–Bah! Achas que posso transformar palha em ouro? Minha pousada não tem Wifi! A não ser que queiras pagar a mais...–Pelo visto, a sua gratidão devido a pronúncia correta de seu nome durou apenas alguns segundos.

Capuz Escarlate - Legado do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora