Durante um longo tempo, meus movimentos foram limitados e meu corpo paralisado por aquele olhar impactante, o principal motivo pelo rubor das minhas bochechas e o sorriso bobo que surgiu em meus lábios, sem notar que o fizera.
Meu subconsciente anunciava insistentemente que eu poderia continuar do mesmo jeito durante séculos, pois aquela visão angelical do rosto de Park Jimin me deixava completamente sem fala.
Seu sorriso era de tirar o fôlego e, a cada soprada suave que o vento dava, os cabelos tingidos de rosa pastel deslizavam numa dança delicada e calma em sua testa.
Soltei um suspiro e, ao ouvir aquela voz tão doce e meiga se pronunciar, meus músculos se contraíram e meu coração se acelerou um pouco mais, me deixando confuso sobre todos os meus sentimentos.
— Dormiu bem? — Senti sua risada fofa chegar até meus ouvidos, me fazendo rir inconscientemente também, ainda que com letargia.
— Onde estamos? — Juntei forças o suficiente para questionar, incapaz de responder um 'não' à pergunta do outro devido ao pesadelo agonizante.
— Na escola. — Franziu o cenho sem desfazer o sorriso e ergueu sua mão até meu rosto com toda a calma do mundo, tirando os fios de cabelo do meu olho.
— Ah... — Sacudi a cabeça para lhe passar a impressão de que me lembrava, embora a verdade fosse outra: eu ainda estava aéreo, sem noção alguma de onde ficava essa escola, ou qual era ela.
— Você parece incomodado — Jimin observou, agora com um semblante sério e preocupado. — Aconteceu algo?
— Só tive um sonho estranho — confessei, enfim.
— Hum... — Ele olhou em volta, retomando sua atenção ao meu rosto poucos segundos depois. — Não se preocupe, foi só um sonho.
— Eu sei.
Por um instante, consegui refletir que, apesar de não me recordar de muitas coisas — praticamente nada —, Jimin se preocupava comigo e o afeto era mútuo. Meus lábios se esticaram num sorriso ao me dar conta de que eu acordei com o que era teoricamente uma amnésia, contudo, pelo menos o fiz com a melhor pessoa possível ao meu lado. Talvez, independentemente da minha memória, eu estava realmente seguro com Jimin, e algo dentro de mim afirmava isso com frequência.
Além do mais, a sensação que eu tinha ao Jimin me tocar suavemente ou demonstrar qualquer carinho por mim parecia familiar. Familiar demais.
O som dos alto-falantes soaram por toda a escola e eu me sentei no banco, assistindo a todos os alunos se retirarem para as suas respectivas salas. Me virei para Jimin e percebi que ele nem ao menos se movia, apenas observava, como eu, a saída dos outros.
Embora quisesse saber o porquê de não nos juntarmos ao resto dos estudantes, me contive para que o outro não desconfiasse da minha perda de memória breve, pois eu tinha esperanças de que uma hora tudo viria à tona e que aquela amnésia não passasse de um simples mal entendido.
Logo que tudo ficou mais tranquilo e os corredores aparentavam estar mais vazios, Jimin ergueu seu corpo — e não pude deixar de notar o quão pequeno era o mesmo — e me puxou delicadamente pela mão, me conduzindo até a nossa sala de aula.
Aos poucos, consegui reconhecer uma coisa ou outra, e certamente teria que ir no médico mais tarde; Entretanto, isso não era minha atual preocupação. Meus pensamentos eram domados somente por meu amigo de cabelos tingidos, que, para a minha sorte, se encontrava sentado perto de mim e eu poderia chamá-lo a qualquer instante para falar sobre a aula ou admirá-lo em silêncio.
Tudo o que eu fiz, todavia, se resumiu na segunda opção.
Meus sentimentos ainda estavam um tanto embaralhados, e cada vez que as cenas daquele pesadelo intrigante e tão real recorriam à mente, era automático sentir arrepios percorrendo meu corpo, além de existir nas veias uma sensação péssima em relação àquela experiência.
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missing busan ◎ jikook
FanfictionNa dia 1° de Junho, Jeon Jungkook acordara de seu pesadelo angustiante. Seu singular e mais perturbador sonho, que era a única coisa da qual tinha a capacidade de se recordar. Embora sofresse com o transtorno de ter perdido a memória e despertar num...