7 ◎ ¦it's nice to have a friend¦

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Pelo que eu me lembre, sempre foi do meu feitio observar as estrelas. Observar sua luz no meio de toda aquela escuridão, para mim, era algo... incrível. Já parou para pensar se, em outra realidade, fôssemos formados de outra matéria ou vivêssemos em algum lugar muito distante da Terra, mas ainda assim estivéssemos interligados com quem amamos?

Espero que, caso isso tudo exista, eu esteja ligado a Jimin.

— Kookie? — Ouvi a voz familiar me chamar e virei a cabeça, dando de cara com o rosado. — O que faz aqui uma hora dessa?

— Só vendo o céu. — Dei de ombros. — Pensando em algumas coisas.

— Oh. — Assentiu e se sentou ao meu lado, timidamente buscando a minha mão com a sua. — Sabe... Sempre que eu olho para as estrelas, eu lembro dos seus pais.

— É, eu também — murmurei, antes de soltar um suspiro.

— Eles estão num lugar melhor. Você sabe, não é? — Jimin tornou seu rosto para mim, parcialmente iluminado pela claridade da lua.

— Sei. — Mantive contato visual por alguns segundos, até quebrá-lo para direcionar minha atenção ao mar calmo. — Mas saber que eles estão num lugar melhor não significa que vá amenizar minha dor.

— É, isso não tem muito o que fazer... — Ele lamentou, colocando seus braços ao redor do meu corpo e aproximando sua face de traços delicados da minha, o que, claro, me deixou assustado e envergonhado. — Mas não tem problema, não. Eu vou cuidar de você, Kook.

Os olhos firmes sob os meus, as bochechas tão vermelhas quanto as minhas e o fato de que ignorávamos os poucos centímetros que separavam nossos lábios.

Incapaz de pronunciar uma palavra sequer, eu sacudi a cabeça em concordância. Era verdade. Eu achava que cuidava do meu melhor amigo, quando na realidade quem cuidava de mim era ele.

— Kookie... Um dia tudo isso vai acabar. Eu não sei quando, mas espero que demore muito, porque eu realmente tenho muitos planos para a minha vida. Mas, sabe, um dia vamos reencontrar o tio e a tia, e você vai poder dar um abração neles! — Ele permaneceu alguns segundos em silêncio, depois concluiu: — Nós vamos encontrar a paz, Kook. E vamos todos ser felizes, juntos.

Suspirei. Não tinha ideia de quanto tempo me contive em ficar quieto, somente contemplando seu rosto.

Eu amava Jimin.

Eu amo Jimin. Com todas as minhas forças.

Eu não tinha mais dúvidas disso, por isso me inclinei para deixar um beijo casto em sua testa, bem demorado, e suspirei novamente contra a mesma, sentindo meu rosto ficar mais quente que antes.

— Eu tenho certeza disso, hyung. Mas — Afastei meu rosto outra vez para poder encará-lo com um sorriso bobo. — só se você fizer um juramento de dedinho.

— Ora, agora quer jurar tudo de dedinho... — resmungou sem conter a risadinha, já logo erguendo o mindinho e o selando com o meu.

— É um selo de garantia, entenda.

Desse modo, eu ficaria mais tranquilo por saber que sempre o teria ao meu lado.

• • •

O destino é, certamente, implacável. Embora façamos escolhas minimamente traçadas e estratégias que aparentam ser infalíveis, sempre caímos no truque do imprevisível. Eu possuía cartas na minha mão e pensava em cada possibilidade que me deixasse em melhor posição ou me daria mais vantagens, de modo egoísta, admito.

Então, puxei a carta e gritei:

— Bati!

E todas as cartas foram jogadas ao ar.

missing busan ◎ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora