Isaías não percebeu apenas a sua condição pecaminosa diante da santidade de Deus. O profeta também se deu conta de que habitava no meio dum povo de impuros lábios (Isaías 6.5b).
Quem estáà sua volta? Você aceitou Cristo, possui experiências com Ele, mas não sabe discernir as pessoas? Se você não conhece verdadeiramente os seus amigos e aqueles que compartilham o dia-a-dia com você, é porque lhe falta discernimento espiritual.
Só aqueles que têm intimidade com o Todo-Poderoso conseguem discernir bem pessoas, situações e lugares. O discernimento, a capacidade de perceber e avaliar as coisas clara e sensatamente, é um dom concedido pelo próprio Deus (2 Coríntios 12.8-10).
Não é possível ter um amigo há anos e não conhecer de fato a sua personalidade! O cristão precisa ter discernimento espiritual, ver o que ninguém mais percebe!
Por exemplo, imagine que você tenha um colega bagunceiro, que transpareça muita alegria, e todos achem que ele é muito feliz. Mas você, que tem experiência com Deus e discernimento espiritual, logo percebe que ele esconde algo com esse comportamento. Um dia, a sós com ele, você diz: "Amigo, sei que sua alegria encobre algo", e ele desaba. Isto porque, com discernimento espiritual, é possível ver além; ver o que os outros não conseguem enxergar, e ajudar outros.
Quando Isaías teve uma experiência com Deus, discerniu quem era, o seu estado miserável e o seu ambiente social. Isto porque uma pessoa que tem experiência com Deus nunca mais é a mesma. Ela adquire discernimento espiritual.
O apóstolo Paulo escreveu à Igreja em Corinto a respeito da diferença entre o homem natural e o espiritual. Está registrado em 1 Coríntios 2.14-16:
Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.
Em nosso meio, há muitas pessoas que afirmam ver anjos e ter inúmeras revelações de Deus. Contudo, isto não muda nada seu jeito de ser. Elas não têm discernimento espiritual. Continuam com a mesma língua afiada. São perversas, vingativas. Experiências espirituais que não geram mudanças de vida, não transformam, não libertam, não mudam comportamento, não podem ser experiências com o Senhor.
Experiências reais e concretas
Há muitos crentes vivendo no engano. Há pessoas que passam a vida inteira tendo visões, sonhos, que nunca acontecem. Estão vivendo de utopia, de fantasia. Deus não é utópico!
Se o sonho foi gerado pelo Todo-Poderoso, acontecerá. Se a revelação foi feita pelo Senhor, será confirmada. Se a profecia proveio de Deus, vai realizar-se. Experiências com Deus são reais; concretizam-se! Não são coisas abstratas.
Isaías viu o Senhor assentado num alto e sublime trono e Sua presença encher o templo. Ouviu os serafins clamando uns para os outros: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos. Sentiu os umbrais da porta se moverem ao som da voz celestial e os seus lábios serem tocados pela brasa viva levada pelo serafim. Isaías respondeu ao chamado de Deus. Ele teve uma experiência real, concreta, foi impactado por ela, e teve sua vida mudada. O Todo-Poderoso operou onde era necessário em Isaías.
Experiências com o Senhor não ficam no abstrato, refletem no mundo concreto. Se Isaías tivesse apenas contemplado a glória de Deus e reconhecido que era um pecador, talvez isto não gerasse uma grande mudança, mas depois que um dos serafins tocou os lábios impuros do profeta com uma brasa viva do altar, o pecado foi removido, e Isaías se viu em condições de anunciar a Palavra do Deus Santíssimo.